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Hoje gostaria de comentar sobre uma obra de esporte, mais especificamente de futebol, que tem uma leitura simples, rápida e que me conquistou completamente. Sayonara Football

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Olá, leitores! Hoje gostaria de comentar sobre uma obra de esporte, mais especificamente de futebol, que tem uma leitura simples, rápida e que me conquistou completamente. Além de adorar esportes e mangás, ou animes que tratem disso, Sayonara Football me deixou intrigado por sua visão um tanto diferente de obras que tratam de esportes também, e isto se dá por conta da protagonista ser uma garota que ama futebol e deseja participar de jogos oficiais, mesmo não existindo meios para que ela consiga. Enfim, espero que gostem da temática que eu abordei e torço para que gostem da leitura e se interessem por esse mangá que eu tanto amo.

Resumo da premissa da obra

Antes mesmo do famoso Shigatsu wa Kimi no Uso (ou como é chamada no ocidente, Your Lie in April) ser lançado, o autor Naoshi Arakawa escrevia Sayonara Football, obra não tão conhecida, mas que tem uma qualidade imensa e traz uma discussão interessantíssima e de extrema importância. Sayonara Football, como o próprio nome sugere, é um mangá de futebol, só que dessa vez temos uma protagonista garota. Nozomi Onda é uma garota de 14 anos que no fim do ensino fundamental, deseja jogar uma partida real de futebol em um campeonato de verdade, porém, em sua escola não há times de futebol feminino, e as demais garotas não possuem interesse em participar. Com isso, Nozomi Onda sempre procura fazer parte do time masculino, insistindo diversas vezes para que o treinador a deixe participar das aulas ou de uma partida oficial e por conta de regras do torneio, ele não a deixa participar. A obra segue majoritariamente a visão de Nozomi Onda, que é a única garota de sua escola que gosta do esporte e tem uma ambição enorme em jogar bem. A obra é bem curtinha e conta apenas um pequeno arco, em que a protagonista tenta a todo custo participar de um jogo no torneio de futebol masculino interescolar. O mangá em questão segue apenas os seguintes eventos: apresentar os personagens principais, dar uma boa visão de como a protagonista gosta de treinar e jogar futebol, apresentar o “rival” e por fim, a partida de fato.

O mangá

Com 2 volumes e 8 capítulos, o mangá começou a ser publicado em junho de 2009 e os direitos atualmente são da Kodansha, que possui uma filial nos Estados Unidos, a Kodansha Comics. Haverá uma versão física do mangá no país que estará a venda no dia 15 de setembro, com o segundo volume sendo lançado no final de novembro. Por ora, só existem as versões oficiais em japonês, em inglês e em francês (publicado em 2016 pela editora Ki-oon), não possuindo versões nos demais países da América e da Europa que tem um mercado de mangás nos quais temos informações de maneira mais fácil. Tudo isso pode ser conferido no site oficial da Kodansha Comic. Além disso, o mangá precede os eventos de Sayonara Watashi no Cramer, que também será publicado fisicamente após o término de Sayonara Football. Ambos terão uma adaptação em anime, sendo Sayonara Football um filme intitulado: Sayonara Watashi no Cramer: First Touch.


O enredo e seu desenvolvimento

Sayonara Football é simplesmente incrível, com uma boa seleção de personagens, bom desenvolvimento, traços lindos, boas discussões e abordagem de assuntos interessantes de maneira divertida, mas sem deixar de lado a importância de tais temáticas. A protagonista é uma excelente personagem, com a obra tratando sua visão e o seu desejo de jogar futebol de forma competitiva. E com isso, vemos seus treinos diários, seu esforço para ser uma boa jogadora e desenvolver suas técnicas. Cheia de entusiasmo, meio agressiva, porém cativante e alegre, Nozomi Onda demonstra seu senso de liderança e uma personalidade excepcional, sempre colocando seus amigos pra cima e os incentivando a jogar melhor (dando uma excelente capitã). Como o mangá é curto, vou comentar sobre os capítulos finais aqui, então caso queira evitar, SPOILER ALERT. No fim, Nozomi Onda, que possui um irmão mais novo (algo em torno de um ano a mais), acaba “sequestrando” ele, tirando suas roupas e imitando seu cabelo para poder entrar no jogo oficial no qual o time de sua escola está perdendo por 1×0. Temos a melhor parte da obra, em que vemos como o autor tem uma excelente visão de jogo, boas noções de como desenhar e arquitetar um jogo de futebol que deixe o leitor ansioso, gerando expectativas do que a protagonista vai realizar e como o time vai enfrentar o adversário (que possuí como jogador rival de Nozomi Onda). Apesar da garota ser visivelmente mais fraca no quesito físico, ela consegue superar, realizando dribles que deixam não só os espectadores malucos pela menina, como seu próprio arqui-inimigo. Ela comanda todo o jogo, fazendo o time ficar muito mais na ofensiva e quase conseguindo um gol. Todas as bolas que caem no pé dela, acabam tendo uma boa resposta, já que ela possuí um bom espírito de equipe e boas técnicas que a colocam numa posição favorável durante toda a segunda metade do jogo. Apesar de não terem conseguido vencer, a personagem mostrou para seus adversários que uma garota pode ser ainda melhor do que os garotos e subestimar alguém pode trazer péssimos resultados. 

Discussão abordada na obra, com uma conclusão que vale a pena ser debatida e colocada em pauta

Eu acho muito interessante a ideia de trazer uma garota que quer jogar futebol, algo que vemos discussões pelo mundo todo. Mas comentando sobre a cultura da qual estamos mais familiarizados, isto é a brasileira, vemos como o ambiente do futebol pode ser machista e preconceituoso, muitas vezes atribuindo o esporte como um “jogo de homem”. Os meninos são incentivados a jogar futebol e as meninas a brincarem de casinha e boneca. Claro que podemos ter jogadoras excelentes como é o caso de Marta, seis vezes eleita melhor jogadora do mundo, sendo 5 dessas consecutivas. Porém, ainda temos uma cultura muito conservadora e estagnada na cabeça de muitos quanto ao futebol feminino. E a obra traz a tona essa exata discussão e, mesmo que se passe no Japão, podemos levar a temática pra literalmente qualquer lugar do mundo.

Em primeiro lugar temos uma garota que simplesmente ama futebol, treina diariamente, mas tanto a escola quanto os alunos pouco demonstram interesse pelo esporte e várias vezes vemos personagens dizendo para a protagonista que o esporte não é pra ela, pois “necessita de força“, algo que Nozomi Onda não tem. Obvio que temos esportes que precisam haver uma “divisão” dos sexos, pois, de uma maneira generalizada, os homens possuem mais força física do que as mulheres e uma garota participar junto com os garotos, pode acontecer dela se machucar pior do que um garoto (que é a preocupação principal do treinador do time masculino e por ser contra as regras). Então, temos dois pontos a se refletir por aqui. Uma menina competindo na categoria dos garotos e o incentivo à participação de garotas no esporte.

Claro que por uma questão de cuidados com a protagonista, o treinador não a deixa participar do torneio, mas a constante fala de que “futebol exige força” ou que é um “esporte para meninos” é o que leva a discussão de Sayonara Football muito mais além. O esporte exige força? Podemos dizer que sim. Mas o futebol envolve outras coisas e não é nada justo colocar uma garota numa situação de extrema. Por exemplo, termos jogadas que exijam mais de agilidade, velocidade, roubar a bola ou fazer dribles. Ser mais fraco fisicamente pode gerar outros aspectos que vençam a força de maneiras diferentes, já que o futebol é um dos esportes com mais diversificação.

Todos esses pontos que coloquei aqui foram pra exemplificar que não necessariamente por Nozomi Onda ser mais fraca que os garotos em geral, signifique que ela não consiga jogar bem. Talvez em divididas ela tenha desvantagem, mas o que eu quero reforçar aqui é que: mesmo havendo diferenças entre o masculino e o feminino, o argumento de que uma garota não pode jogar por conta do condicionamento físico é falso, já que existem jogadores que possuem diferenças de um pro outro, ainda mais no futebol (jogador com um porte mais esguio, tende a ser mais ágil).

Existiram apenas 8 edições da copa do mundo feminina (sendo os Estados Unidos os maiores campeões com 4 títulos. Diferente da categoria masculina, a seleção japonesa feminina já conquistou uma copa do mundo) e vem ganhando mais visibilidade apenas nos dias atuais. Ainda há muito caminho a percorrer e é por esse longo processo que podemos frisar mais um ponto aqui: o apoio ao futebol feminino.

Na obra, vemos que há pouco interesse das garotas em jogar futebol e os garotos, que já colocam a protagonista pra baixo diversas vezes, só ajudam a reforçar algo que vemos muito em nossa sociedade. Por ser visto como algo só de homem, muitas garotas possuem seus talentos ofuscados e não desenvolvidos. Poucas são as meninas que se sentem seguras e de fato incentivadas a seguirem alguma carreira, algo que vemos com a protagonista no decorrer da história. Ela vive treinando e buscando incentivar outras pessoas a participarem também, mas não consegue ter sucesso. O último ponto que eu gostaria de comentar aqui, está na verdade mais para um “apelo” ou “pedido”. Apoiem esportes femininos! Não precisa ser necessariamente o futebol, mas aquele que você gosta. Se der uma atenção, vai ver que as profissionais podem sim ser incríveis e possuir uma técnica de alta qualidade. Vemos que o futebol feminino é mais valorizado nos Estados Unidos, em que possuem as melhores jogadoras também por consequência. O que falta é o incentivo, não só o financeiro. Portanto, com Sayonara Football não só temos uma discussão, como apresenta através de um bom enredo e desenvolvimento, meios de incentivar a prática do futebol feminino.

Enfim, espero que tenham gostado da análise desse mangá curto que eu tanto amo e que mais gente possa se interessar e ir atrás dessa obra magnífica/excepcional que é Sayonara Football. Também espero que surja mais interesse em obras de esporte. Obrigado por lerem até o final.

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