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Eu olhei para a protagonista e gritei: mother!

Seguimos comentando as estreias dos animes da Temporada de Outono e dessa vez, com um dos animes que eu particularmente aguardava com boas expectativas, que é “Raise wa Tanin ga ii”, adaptação de um mangá de mesmo nome escrito e ilustrado pela Asuka Konishi. Felizmente, a estreia foi maravilhosa, tremendamente divertida e deliciosa de assistir. Discutiremos o episódio no post ^^

Sinopse: “Somei Yoshino estava vivendo sua vida tranquilamente em Osaka até descobrir um arranjo feito entre seu avô e um conhecido dele. Depois disso, ela parte para Tóquio, indo conhecer seu noivo e futuro marido, Miyama Kirishima. Tudo isso regado a clãs Yakuza, tretas e situações inesperadas.”


A Asuka Konishi é uma mangaka que tem quase 10 anos de carreira e, no entanto, tem apenas 2 mangás publicados. Ela aparece com o Josei “Haru no Noroi“, publicado entre novembro de 2015 e novembro de 2016 na Comic ZERO-SUM, da editora Ichijinsha, e completo em 2 volumes. Um ano depois, dessa vez na revista Afternoon (Seinen), da Kodansha, ela estreia “Raise wa Tanin ga ii“, o qual segue em publicação até hoje, com 8 volumes lançados atualmente. Embora eu nunca tenha lido nada da autora propriamente, tenho amigas que adoram o trabalho da autora como um todo, e acham “Raise” excelente. Assim me fez criar boas expectativas para o que encontraria aqui e não é que foi uma ótima estreia!?!

“Raise” vai contar a história da Yoshino, que é neta do Renji, líder da família Somei, que por sua vez, é uma ponta importante dentro da Yakuza. O Renji arranja um encontro entre a neta e o neto do Gaku (outra figura importante da Yakuza), o Kirishima, para que eles se conheçam e possam se casar e assim, estreitar laços entre as duas famílias, ainda mais que os dois, Renji e Gaku, são amigos de longa data (e há de se desconfiar dessa “amizade” dos dois). A Yoshino acha um absurdo, especialmente por não conhecer nada do Kirishima, mas acaba saindo de Osaka para Tóquio para conhecer o tal pretendente. O encontro corre relativamente bem e quando ela dá por si, ela se vê morando em um anexo da casa da família do Kirishima e até tendo a transferência escolar realizada, passando a estudar em uma escola de Tóquio.

Essa relação inicial corre bem, mas com um ar de estranhamento pela parte da Yoshino, porque o Kirishima não é exatamente “normal”, embora ele esteja sempre sorrindo ao falar com ela e sendo gentil. Mas algumas posturas do rapaz acabam causando uma impressão estranha, como com a forma pela qual o Kirishima reage quando ela pergunta se ele não liga que saibam que ele é da Yakuza e com o olhar dos outros o encarando. A reação dele foi dizer “Sei lá, nunca nem tinha pensado nisso” acompanhado de um sorriso um tanto psicótico. Mais tarde, à noite, ela acaba o vendo voltando para casa, no meio da noite, com a roupa toda ensanguentada, a deixando assustada. Essa impressão de leve mal-estar vai se acumulando até que quando os dois saem juntos, a Yoshino é abordada por três caras que a levam para um beco. O Kirishima aparece, espanca todo mundo descontando o ódio que estava sentindo e ali. É o momento que ele revela o que acha da Yoshino: chata e desinteressante. Ali o tom muda. Ele passa a dizer que ela não serve para nada, que só lhe resta o rosto e o corpo e que ela deveria se prostituir para pelo menos render uma grana para ele.

Após essa situação humilhante e degradante, no dia seguinte, ainda por cima, ela é alvo de bullying das garotas que gostam do Kirishima e a veem como uma rival (e ó, a rivalidade feminina por macho, um clássico novelesco), com elas enchendo o armário da protagonista de lama. O Renji liga para a neta e eles conversam brevemente, “aconselhando” que a personagem fique em Tóquio por um ano, porque faria o Kirishima se apaixonar por ela e, posteriormente, daria um pé na bunda dele como vingança. Posso estar indo longe, mas o que me soou, na verdade, é que o avô precisa que ela fique em Tóquio por esse período. Havia movimentações meio suspeitas no quintal da casa enquanto os dois conversavam e bem, 1 ano é um período de tempo um tanto específico, ainda mais que ele diz para a neta aguentar tudo o que passar, não importa a humilhação ou o quanto ela seja oprimida. Me pareceu muito suspeito. A “amizade” que ele e o Gaku possuem pode não ser uma amizade tão plena como ele quis vender. Na verdade poderia significar que o Renji estaria usando a própria neta para conseguir tempo para algum objetivo maior… Enfim, descobriremos conforme a trama se desenrola.

Eu não cheguei a comentar ainda, mas eu adoro a protagonista. Além de sacadas de comédia ótimas da autora, é interessante ver como ela é totalmente alheia a certas coisas e situações, mesmo “sendo da Yakuza” e justamente por ter familiares da organização. Ela é protegida (mesmo sem perceber), ao ponto de nunca ter passado por coisas “banais”, a certa altura, como a cantada que ela sofreu dos casos (que podemos chamar de assédio mesmo), ou o bullying. E a reação dela é ficar olhando, completamente passada e incrédula. Ou mesmo quando o Renji comenta que já ficou com 3 mulheres ao mesmo tempo, elas descobrirem e jogaram ele no rio, com a reação dela de pensar que “meu deus, só tem homem lixo ao meu redor”, ou coisas mais comuns, que qualquer um pensaria, como quando ela pensa sobre as pessoas não terem medo de tentar se relacionar (amorosamente) com alguém que é declaradamente da Yakuza. Ou quando ela vê o Gaku e pensa “Meu Deus, que tio gostoso” (aqui me senti particularmente representado). É uma personagem divertida e como ninguém do elenco principal é totalmente sã, as reações dela são ainda melhores.

Fato é que depois dessa conversa com o avô, uma chave vira na Yoshino e ela decide por atender às expectativas do Kirishima. Já que ele é doidinho e queria que ela rendesse grana, pois bem, foi o que ela fez. Sumiu por duas semanas porque vendeu o rim (e ainda fez piada sobre precisar pegar leve no sal dali em diante) e faturou 4 milhões com a venda. Ainda por cima, ameaçou as gurias que estavam fazendo bullying com ela, o que traz como resultado, o Kirishima ficar completamente doido por ela e declarar seu amor, o que mostra é que ele quer alguém que o entretenha de fato, surpreenda nas ações e reações, seja tão descompensado (ou maluco mesmo) quanto ele.

Algo que me fascina no anime é justamente o fato de que todo mundo é descompensado. Ninguém tem reações “normais” e é um pior que o outro, sendo que a Yoshino é a mais “normal” entre todo o elenco. A partir da última parte do episódio, ela assume uma postura de equilibrar e chegar no mesmo patamar de loucura de todo mundo.

Eu particularmente não tinha construído uma expectativa do que iria encontrar no episódio. Só sabia que a obra era um drama e tinha violência gráfica (coisa que já ficou bem clara na estreia), mas eu gostei da autora usar comédia nesse começo da história, porque é uma forma de estabelecer o universo e mostrar dinâmicas dos personagens. Creio que aos poucos a autora vá ir suprimindo mais esse tom cômico conforme a trama avança e os dramas forem sendo colocados na trama. Gostei muito do que vi aqui como um todo e está entre as minhas estreias favoritas da temporada. ^^

Quanto a produção, é um anime da DEEN e a animação é limitada, mas está bonito! O design é consistente, com traços e linhas grossas, o que traz todo um charme. A DEEN é um estúdio que não consegue esbanjar em animação, mas em todos os animes que eles ofertaram esse ano (“Tadaima, Okaeri“, “Tasogare Outfocus“, “Gimai Seikatsu” e agora “Raise”), todos tinham uma coisa em comum: bons diretores que entendiam o material que estavam adaptando e sabiam usar os poucos recursos que possuíam para entregar um trabalho final que fosse interessante de acompanhar. Quem dirige “Raise wa Tanin” é o Toshifumi Kawase, que trabalhou na franquia dos animes de “Higurashi” (os mais antigos), incluindo como compositor de série. Então ele entende de violência gráfica e se mostrou muitíssimo afiado com o timing cômico. Se o anime continuar como nessa estreia, tem potencial para ser um dos melhores da temporada e fechará o ano da DEEN com uma série de ótimos projetos, como eu não via há um bom tempo.

Mother!

Ah, queria dizer que achei a ED do anime LINDÍSSIMA! Muito bem animada, com uma dança bem coreografada entre os três personagens principais. Adorei. A OP também está muito boa, com música tema do THE ORAL CIGARETTES.

Eu tenho os 2 primeiros volumes da edição francesa do mangá, então eventualmente posso fazer uma resenha aqui para o blog. Mas no momento, deixo a recomendação do anime ^^

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