Mais um post de impressões dos animes da Temporada de Inverno 2020. Agora o anime da vez é ID:Invaded, episódios do 1 até o 4. Mergulhando nos instintos dos assassinos. Fiquem com a conversa que eu e o Alê tivemos sobre o anime.
SINOPSE: “O anime acompanha um detetive investigando assassinatos em “realidades paralelas” na tentativa de pegar o culpado na vida real.“
RUB: Não sei você Alê, mas o anime do ID tem um feeling de vários filmes ocidentais que já vi. Inception, Matrix, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Vanilha Sky….até o próprio PET dessa temporada, fez com que o anime fosse familiar para mim. Adorei que eles tentam uma nova abordagem que seria navegar no inconsciente de Seriais Killers ou de seus instintos assassinos (ID). Como envolve o conceito do Ego, Alter Ego e ID misturado em termos científicos, me encanta como essas teorias filosóficas tem uma representação visual excelente e criativa. Se o mano tem uma mente bagunçada e fragmentada, temos seu subconsciente um quebra-cabeça gigante. Quando o cara é fissurado em explosões, temos uma favela em chamas. Ou quando o cara curte manipular seus alvos, temos uma prisão de cachoeiras para o sadismo da curiosidade humana em desastres. É tudo formidável.
ALÊ: Faz séculos que não vejo filmes e não sou familiarizado com eles hahaha. Mas concordo contigo. A “ambientação” da mente de cada um é muito bem feita. É uma representação mais interessante que a outra. Realmente lembra ao estilo de coisa que PET faz e adorei realmente. Esse aspecto que o anime traz é um dos pontos que mais gosto em ID.
RUB: Também gostei em como a investigação rola durante os episódios. Você comentou comigo que achou muito expositivo. Talvez por eu já conhecer o diretor de outros trabalhos, que não fiquei com essa impressão, pois eu achei que foi o anime dele menos “explicativo”. Se tu ver seus trabalhos anteriores, são umas monografias cientificas em formato de diálogos onde os personagens falam o obvio, da maneira mais prolixa possível. É bem triste isso nos animes que o Ei Aoki faz. Pode ser esse motivo que achei menos expositivo o ID nesse começo. Acho que estava preparado para o pior que, quando veio menos da expectativa, passei a valorizar mais do que devia. Vai saber.
ALÊ: Nossa! Se esse é o menos expositivo, eu não quero nem ver o que mais tem disso. Eu geralmente não tenho problemas em absorver informações. O problema é quando ela é em demasia,. Fiquei confuso quando vi o primeiro episódio. Tive que assistir ele duas vezes e voltar algumas cenas para compreender melhor o que estava acontecendo ali e o que queriam me contar. Um amigo comentou que diálogo expositivo é a cara do Ei Aoki e eu vejo como ele tem dificuldade para encaixar as coisas para que quem está assistindo saiba o que está acontecendo. Ao começar o primeiro episódio começar diretamente no caso. O anime precisa te explicar diversas coisas para que você entenda o que se passa ali. E como você disse, pode ser costume, eu definitivamente não gostei disso. Apesar da história “camuflar” essa exposição usando o fato de que um dos integrantes da equipe é novato, o que ajuda a você compreender o porque de estarem falando dessas informações naquele momento, não acho que foi bem distribuído. Muitas informações.
RUB: No meu caso, acho os episódios “inchados”. São muitas coisas acontecendo e pouco tempo para absorver (Vários casos poderiam render mais do que um episódio). Diversas vezes, eu me perdia na linha de raciocínio do “Melhor Detetive do Mundo” e ficava tentando entender como ele chegou em tal solução. Se eu fosse reclamar de algo, seria como é chato aquela repetição da frase: “Sou Sakaido. Melhor Detetive do mundo.” É cansativo para caralho escutar diversas vezes a mesma coisa. Entendo que o Akihito perde a memória quando “mergulha”, porém precisa mostrar toda vez essa citação? Aí sim acho que o diretor perdeu a mão, em principalmente dar simpatia aos personagens. Pouco importa o que acontecer com qualquer um deles. Não sei o nome de ninguém, além de não conseguir identificar eles nem pelos designs, que a proposito, são feios para um caralho.
ALÊ: Verdade. Acho que o “”melhor”” caso nesse aspecto foi o do perfurador. Tem dois episódios e, apesar dos pesares, ele ainda consegue distribuir melhor o que está acontecendo no caso em si, dos que os outros 2 casos que vi. O que “mata” esse mistério é a exposição. O caso acaba sendo atrapalhado pela própria incompetência do roteiro que não sabe como melhor alocar suas informações. As outras investigações acabam sendo uma correria. Por mais que sejam casos bem mais interessantes do que o próprio primeiro foi. Essa frase “Sou um detetive brilhante”, que não é dita somente por ele(a equipe vive repetindo isso) me cansou na terceira vez que ouvi. Acaba me lembrando um pouco ao “Bonde das Maravilhas” que usava essa coisa dos personagens serem prodígios para justificar os absurdos que os protagonistas faziam. Eles ficarem repetindo constantemente “Sou um detetive brilhante” ou “ele é um detetive brilhante”, me soa muito igual ao Bonde. Acho que dizer isso no primeiro caso já bastava. Só que acabam perdendo tempo repetindo essa frase que poderia ser usado em qualquer outra coisa mais útil. Parte de não me importar nem um pouco com os personagens de ID é o próprio Character Design “morto” da obra. Os personagens não são expressivos e até as reações de surpresa acabam não expressando da melhor maneira a situação. Parece um bando de zumbis, além de que todo mundo é muito parecido, principalmente as garotas
RUB: Pois é. Eu gostaria de tentar entender o que se passa na cabeça dos personagens. Só que o foco está exclusivo na história e no passado obscuro do protagonista. Vou elogiar o desenvolvimento desse background do ‘Detetive Brilhante’, só que será o único elogio nessa questão, já que não tem nenhum outro personagens que apresente algo que foi trabalhado. Todos são simplistas e funcionais. Nem mesmo a guria novata parece ter outras vertentes a serem exploradas. Minto. Chuto que ela vai se tornar uma psicopata no futuro graças ao furo de sua cabeça, com a lesão na parte do cérebro onde fica suas emoções. Eu vou apostar nisso porque claramente está encaminhando esse destino para ela. Ela tem muito a cara de uma “death flag” ambulante.
ALÊ: Gosto desse pano de fundo por trás do passado do protagonista. Em cada episódio, eles de tão uma carta para você ir juntando aqui e ali. Gosto de não entregarem tudo ou muito da história dele de uma só vez. Os personagens da equipe estão ali justamente para ser a exposição do roteiro, porque serventia de fato eles não tiveram até agora. Com exceção da própria garota que teve a cabeça furada. E eu achei que ela tinha morrido no primeiro caso, porque quando ela aparece no poço de ID, ela está despedaçada. Achei que as pessoas despedaçadas já estivessem mortas hahaha. E agora que você diz, acredito que isso possa acontecer. Acho que isso pode estar sendo desenvolvido, porque no episódio 4, ela acaba encontrando uma das vítimas do perfurador (e sendo beijada por algum motivo).
RUB: Estou comentando mais pelos elementos que o anime me mostrou. Talvez não aconteça e o anime me surpreenda. Só que o desenvolvimento dos personagens é quase nulo, então vou chutar uma possível obviedade que o roteiro aparenta ter. Ainda tem uma coisa que não sei o que é ainda, foi o John Walker. Dizem que é o psicopata que ninguém consegue pegar e que altera outros IDs de outros psicopatas e sei lá mais o quê. Só que fica nisso e nada mais é comentado. O que ele representa de fato no enredo? Não está claro, por enquanto. Sei que ele é o vilão final. Tenho algumas teorias, só que é sem base alguma. Torço para que não seja um “ID” fantasma do mal que assombra a sociedade e lobotomiza os assassinos em potenciais por aí. Não quero paradas sobrenaturais no anime. O lance todo científico dos IDs é o que chama a minha atenção. Não quero que o roteirista cague na parada.
ALÊ: Talvez ele SURPREENDA TODO MUNDO (XP), nunca se sabe. Pior que nem lembrava mais do tal John Walker. Ele nem sequer apareceu nos outros casos, salvo engano. Só foi mensurado durante os dois primeiros episódios, isso se minha memória não estiver falhando. Mas se for isso mesmo, me passa uma imagem de abandono do que eles apresentaram. E falando nele, parece o tio que serve em alguns comerciais (?) dos EUA. O tio da cartola azul que aponta com o dedo hahaha. Se ID do nada virar algo sobrenatural, vai ser uma quebra MUITO grande. Ele não deu qualquer indício disso e apresentou até tecnologias muito interessantes como o próprio poço de ID, ou aquela máquina que capta o intenção de matar (me lembrou a Psyco-Pass).
RUB: Mais uma parada que lembra o tema de ID. Pior que você citar Psycho-Pass, me traz péssimas lembranças xP. O John Walker lembra o tio SAM sim pelo estilo de roupa, Acho que não foi intencional. Pode ter certeza que a aparência de “Tio Sam”, está mais ligado ao ID desse psicopata mor que estão caçando. Talvez uma representação interna de que ele se ver no dia-a-dia ou como a sociedade o classifica. Isso que me fascina em ID. Posso estar reclamando de várias paradas, mas o tema de entrar na complexidade da mente humana, me encanta um monte. E adoro como o planejado não acontece, porque normalmente você espera que o investigador salve a vitima ou pegue o culpado o mais rápido possível. Só que no anime, dificilmente não se tem consequências. A guria presa no barril, as vitimas do perfurador, os policiais que foram mortos no primeiro e quinto episódio… Geralmente temos algum dano durante essas investigações, tirando o lado “final feliz” que temos nos seriados policiais norte-americanos como costumeiro. Até certo ponto, dá um ar de ‘crível’ aos casos investigados.
ALÊ: Concordo. No caso da garota presa no barril, eu gostei bastante do cara ter gravado um vídeo dela morrendo de fato, para só aí fazer a “live”. O anime traz a causa e a consequência. Nem todos saem vivos, nem tudo dá sempre certo e isso é bem real. Gosto muito do clima de suspense do anime. É o que me prende e me deixa realmente interessado nele. Não é um dos meus favoritos, mas ele me interessa até certo nível. “PET” consegue me deixar bem mais intrigado no que ele quer me contar, por não expor tantas informações como ID faz.
RUB: Pet deixa mais o espectador interpretar a situação em vez de ter um monólogo interno para exemplificar o que está acontecendo para o espectador. O momento mais próximo que o ID conseguiu fazer nesse nível foi o passado do PROTA. Toda aquela sequência de auto culpa dele e a edição transicionando entre um momento feliz do detetive com momentos de sonhos, mostra em como a mente do Akihito está toda destruída, sendo incapaz de distinguir uma memória real de um sonho/ilusão.
ALÊ: SIM. O passado do PROTA, mesmo sendo irritante para um caralho por causa daquela maldita frase, me deixa muito intrigado para saber o que aconteceu em seu passado para levar ele a ser o que é hoje. Ele manipulou a mente do cara no episódio 3 para se matar e não é a primeira vez que faz isso. Falando no cara do terceiro episódio, eu gostei bastante da forma que pensa. A construção da mente dele e a reprodução disso no ID foram maravilhosas. A parte do fim do episódio que ele explica o porquê de ele fazer isso, eu achei muito bom.
RUB: E como o Akihito é um puta manipulador. Tendo a ajuda de acessar os instintos do psicopata, ele escolhe as palavras certas para destruir o psicológico do mano. Até seja por isso que ele está preso. Por ser um conhecedor dessa tecnologia, decidiu fazer justiça com as próprias mãos, fazendo com que o assassino da esposa e filha se matasse. E como são 13 episódios, ainda temos tempo para ver para onde o anime quer ir. O desenvolvimento de personagens não está legal, então que o anime foque mais nas investigações e que tenha mais tempo de tela os mergulhos do nosso PROTA.
ALÊ: E ele usa justamente que o cara diz contra ele. Foi muito bom isso, a manipulação e todo o peso da cena foi ótimo. Vendo o cara se enforcar e incentivando a continuar foi 10/10. Ele fala que matou não sei quantas pessoas porque “deu vontade”. Não sabe o porquê de fato, mas ele diz que do nada veio um desejo forte de dentro dele. Quero muito que tragam mais casos interessantes como foram os dois últimos (foram os melhores na minha opinião) e que explorem mais (aos poucos) esse passado do protagonista, porque são esses os fatores que mais me prendem na obra.
RUB: Idem. Ainda que aos trancos e barrancos, ID:iNVADERS tem seus pontos positivos que nos faz querer continuar a assistir.
ALÊ: Concordo. Veremos o que ele tem para nos contar e que os próximos casos sejam tão interessantes quanto os anteriores e até melhores.