Minha paciência está baixa com animes haréns.

Minha paciência está baixa com animes haréns.

SINOPSE: Nariyuki, um aluno do terceiro ano do ensino médio, na tentativa de conseguir recomendação para entrar na faculdade de sua escolha, decide aceitar o projeto de ajudar nos estudos de três garotas consideradas gênios nas suas áreas, só que péssimas em matérias especificas. Uma comédia romântica acompanhando a jornada desse grupo a superar esses obstáculos escolares.

Protagonista qualquer coisa para um anime qualquer coisa

Não sei se por causa que eu já assisti diversos animes haréns na minha vida que estou cansado desse gênero nos animes, mas Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai foi um saco de assistir. Sou daquelas pessoas que gosta de novidade, algo que tenha nos animes/filmes/series e que seja um diferencial em comparação as demais lançados por aí, me fazendo pensar: “Que legal! Para onde será que vai à história com essa narrativa? ”.

E como já deu para ver, não sou fã de rever as coisas. Não gosto de assistir de novo qualquer anime que seja. A exceção é o meu anime favorito porque de resto, dá uma preguiça inacreditável de ver a mesma parada. Então, estou sempre à procura de consumir experiências únicas e novas. E não é difícil fazer um anime com elementos familiares que tenha sua própria identidade. Só que Bokutachi prefere apostar em aspectos conhecidos e amplamente utilizados em mangas/animes em geral, com um protagonista de personalidade rasa rodeado de interesses românticos, resultando naquele sentimento de “mais do mesmo”.

A história tem o Nariyuki, com aquele estereotipo padrão de personagem principal bonzinho, com impulsos pervertidos reprimidos nas situações cômicas que envolvem ele. Também temos no elenco: a esportista que não se destaca nos estudos (Uruka), a inteligente com peitos grandes que é ingênua (Rizu), a senpai que tem língua afiada e fala algumas obscenidades (Asumi), a professora tsundere (Mafuyu) e a aluna mais famosa da escola que é desprovida de “qualidades físicas” valorizadas pelos japoneses otakus (Fumino). Tudo isso, tendo como cenário principal um grupo de estudos com o objetivo de melhorar as notas das alunas

Lendo o parágrafo anterior, já dá para ter a noção de que a história vai ter como base, todos os clichês de um anime harém já vistos (inclusive a primeira temporada do anime passou junto com Gotobun, aumentando essa impressão ainda mais de familiaridade). Nem para o anime tentar alguma abordagem diferente ou estabelecer novas temáticas dentro da obviedade. É apostar no seguro para conseguir algum público, mas não tentar outras visões porque pode dar errado (insegurança total).

O anime de Nisekoi estabelece ligação com a história de Romeu e Julieta, e com a direção da Shaft, dava um ar de novidade para uma temática batida (mesmo eu odiando o enredo do mangá depois do capitulo 50 até perto do final). Nem isso Bokutachi consegue. Nada engata e aparenta estarmos presos no limbo de repetições, já que são poucos eventos que fazem a diferença no final. É muito lugar comum todo o enredo e quando tem algum “respiro” de algo fora dos padrões, é de curta duração e já sendo trocado rapidamente por algo cômico sem valor algum, como a situação de ter a professora vestindo uma roupa de Mahou Shoujo no festival escolar ou do Nariyuki trabalhando vestido de um gato gigante para massagear as gurias do elenco.

São cenas que não agregam a nada e familiar demais. “Eu já vi isso em um outro anime da semana passada. ” Esse tipo de pensamento que fica enquanto assisti Bokutachi. Em vez de focarem nos dramas das personagens (como aconteceu no arco do pai da Fumino) com seus problemas de estudos ou pessoais, temos um episódio focado na escolha de calcinhas e sutiãs das gurias ou da professora esquecendo sua roupa intima em um banheiro público…TOP DEMAIS (ironia ligada no máximo). No momento em que a história é muito focada nessas situações absurdas para rolar comédia de vergonha entre os personagens envolvidos, vai tornando o anime enfadonho e chato, já que foram lançadas tantas obras assim no passado que realizaram melhor esses aspectos citados. Nada aqui vai te surpreender.

Uma produção condizente com a qualidade do roteiro

A produção não chega a fazer feio com a animação (é sem graça, mas consistente). Porém, no comparativo com a arte do mangá, a adaptação está muito abaixo do original. Não necessita ser fiel ou qualquer coisa parecida. Só precisa passar a mesma vivacidade da arte que tem no gibi japonês em que foi baseado, coisa que não acontece aqui. Podia ser pior? Podia, visto os estúdios e a staff envolvidos. No entanto, o anime passou com um 6,0, no limite do medíocre para ruim.

Não tenho muito o que comentar da direção ou da trilha sonora. O diretor é bem tradicional e não se arrisca em fazer algo mais arrojado. E a OST passa despercebida que você nem nota que ela existe. Se eu puder dar algum destaque para as qualidades técnicas, ficam pelas as OPs e das escolhas das dubladoras japonesas para o casting principal, que foram decisões muito acertadas já que casaram perfeitamente as atuações com as personagens da animação.

Demais comentários

Como eu disse anteriormente, uma pena não terem dado o devido foco para os dramas das gurias que compõe o harém do Nariyuki. Por exemplo, o arco da Fumino foi o melhor momento do anime sem sombra de dúvidas. E olha que não tem nada de espetacular, pois é o mesmo drama clichê de um falecimento de alguém muito próximo que, por mal-entendidos, deixa o restante da família em ambientes isolados e de falta de comunicação/proximidade. É basicamente ela tentando convencer o pai a aceitar os desejos dela. Ainda sendo o básico do básico, acabei sentindo faltas desses momentos de aprofundamento das relações entre os personagens ou algum desenvolvimento das personalidades de cada um, já que se passou duas temporadas e quase não teve nenhuma mudança no status quo do anime.

E como a Fumino que teve algum destaque nesse aspecto, ela se tornou a minha personagem favorita. Depois dela vem a Asumi que com sua presença, amenizou a sensação de “costumeiro” e injetou algum nível de novidade em um roteiro previsível. Por justamente ter uma personalidade mais ativa e independente, fugindo dos padrões esperados, ela teve um destaque importante na tentativa de dar uma inovada na situação que estava chata e monótona. As demais gurias do elenco estão preenchendo tabela e seguindo a checklist do manual dos haréns da Jump.

A parada da irmã do Nariyuki é a coisa mais desnecessária que tem no anime. Ela ter sentimentos e ciúmes do protagonista, é só para agradar os siscons tarados. A personagem não serve para nada e não vai para lugar nenhum. Sua função é exclusiva para ter o fetiche especifico e de agradar maior parte do público masculino.

Só para não ser só reclamação essa review, gostei da coragem do diretor em fazer um final original e determinar a garota que ganhou a disputa do coração do Nariyuki. Não é uma resposta clara, no entanto a dica final deixou evidente sobre a garota escolhida. Não sei se o autor vai seguir o mesmo rumo, porém é interessante o anime ter um final, já que não teve nenhum anuncio de uma nova temporada.

Conclusão

Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai é um anime que eu podia resumir como qualquer coisa. Só recomendo para quem for fã do gênero ou curtir uma comédia romântica escolar e não se importa muito em ver animes repletos de clichês. Para os demais, não recomendo assistir o anime já que temos opções melhores para ver nas temporadas anteriores.

Deixe um comentário