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Sinopse: “A história se passa nos anos 90, era de ouro dos fliperamas japoneses, e acompanha um jovem garoto chamado Haruo, que está nos sexto ano na escola. Como detesta estudar, passa diversas horas jogando nos fliperamas vários jogos de luta. Um dia, ele decide enfrentar um novo competidor em SFII que apareceu na região. Após perder dezenas de partidas, ele descobre que perdeu para Akira Oono, a melhor estudante da escola. Em busca de sua revanche, ele passa a estreitar seu relacionamento com a Oono para tentar entende-la em o porquê dela ser tão boa em qualquer jogo de luta.”

Nostalgia é forte aqui

Apesar de não ter pego a época de ouro dos fliperamas no Brasil, pude ainda experimentar o finalzinho da transição doas máquinas de flipes em bares, para as locadoras de jogos eletrônicos. Já dá para perceber que quando o tema principal do anime foi sobre games, acabou chamando minha atenção com muita facilidade. Não sou um jogador HARDCORE (já fui quando mais novo), porém me interesso pela história dos jogos e acho maravilhoso ver a evolução da tecnologia durante as gerações de consoles que foram passando.

Ainda que o assunto entretenimento eletrônico seja do meu interesse, High Score Girl é muito mais do que aparenta ser. Na primeira temporada, acompanhamos mais a infância do protagonista Haruo com sua fissuração e empolgação com os games nos ambientes “fervorosos” onde ficavam fliperamas japoneses. Tudo segue uma caracterização bem condizente com a época, visto que os games nunca foi visto com bons olhos lá na década de 90 (mesmo para os japoneses que são considerados pai dos fliperamas). Amantes dessa nova tendência, sempre tinham um tratamento marginalizado e quem gostava de passar várias horas se divertindo nesses estabelecimentos, eram considerados vagabundos e sem futuro. E quando conhece a Oono, sua mentalidade passa por mudanças, não só quando o assunto é sobre games, mas da sua visão como pessoa inserida naquele contexto. Não são pensamentos ou situações muito filosóficas sobre o ser humano, mas sim mudanças que todos nós passamos durante as nossas transições de faixa etária. Quando abandonamos nossos pensamentos infantis e passamos a nos enxergar como pessoa inserida na sociedade, ou quando as nossas responsabilidades passam a ditar nosso comportamento diário durante as relações interpessoais. São temas abordados em HSG2. Um dos arcos mais visíveis sobre o que eu comentei foi o próprio Haruo começar a trabalhar. Ele vê que o seu amado hobby e seus outros desejos, não podem ser alcançados se ele ficar parado dependendo de outras pessoas. E graças essa nova mentalidade, ele passa a valorizar todos os seus ganhos. A inconsequência de não dar valor ao que tem é levantado pela adaptação e é representado nas atitudes do Haruo. Depois que começou a trabalhar, começou a valorizar e pensar no que ele quer naquele momento e o que vai valer mais a pena adquirir a longo prazo.

Nesse ponto, os games passam a ser um plano de fundo e desculpa para os eventos do anime acontecerem. Os debates levantados como responsabilidade, esforço, pressão da sociedade, romance, trabalho, estudos, não são novidades. No entanto, a forma que eles são abordados é muito boa já que é durante a adolescência que surge esses questionamentos de tentar entender sua própria personalidade e do seu papel como ser humano.

Não julgue o anime pela aparência

Posso dizer que já estou acostumado com a computação gráfica que está se tornando mais frequente nos animes. Mas não confunda com animes totalmente em CG dos que tem uma coisa ou outra em efeitos 3D (nesse último caso, dependendo da qualidade, aí sim pode atrapalhar). Os animes que são FULL CG estão evoluindo em qualidade que hoje em dia, se o anime for desenhado ou em CG, já não é um fator de comparação ou de demérito no valor de produção da obra.

O que pode chamar atenção são os movimentos dos personagens, principalmente quando nas sequencias que são longas com o enquadramento distante. Esses movimentos robóticos, sem muita naturalidade ocasionam o Uncanny Valey (quando o espectador tem uma repulsa ou estranheza por bonecos em CG que tentam simular ações humanas e seus movimentos). É possível se acostumar, porém pode sim ser um empecilho para quem valoriza a animação.

Personagens Carismáticos

Um outro ponto alto do anime são os personagens. O protagonista apesar de ser um gamer freak, ele tem todo um carisma envolto de sua paixão, que fazem você simpatizar com sua jornada de evolução como pessoa. A Oono é um outro destaque. Ela não fala nada durante o anime, mas por ser bem expressiva e envolvente, tudo que é associado a ela ganha destaque e desperta o interesse dos espectadores. Sua relação com o Haruo é tão gostosa de se assistir. E você acompanhar do desenvolvimento dos laços entre os dois, torna a experiência prazerosa e com um alento no coração.

Até mesmo os personagens secundários têm seus destaques. O cara que faz bully e é um mal perdedor, a mãe do protagonista, a irmã da Oono, dos amigos do Haruo e até mesmo da Koharu, que é a personagem que serve para gerar conflitos amorosos, tem sua importância durante suas aparições.

Outros aspectos que valem a pena falar

Se eu tiver que reclamar de alguma coisa, eu diria que seria mais na parte do ritmo do anime. Não que seja vagaroso ou rápido demais. Só que o anime decide dar mais tempo de tela e um foco maior envolvendo situações que tem games inseridos no roteiro. Toda vez que o anime tem como cenário o fliperama, pode ter certeza que terá um monologo do Haruo falando do contexto daquele jogo, como foi sua produção, qual o enredo da campanha do game, o quão ele está empolgado para jogar o jogo em questão… é tudo bem devagar e paciente para enaltecer esse período do entretenimento da forma mais completa possível. São situações de contemplar o momento e curtir a vibe que é gerado naquele cenário vintage. Assim, se você não gosta ou não é um (a) gamer, o anime pode ser um saco nesses episódios.

Eu gostei de como foi o andamento do romance da dupla principal. Apesar de ter simpatizado com a Koharu e de sua atitude mais agressiva em tentar mostrar que ela é uma rival sim para Oono (principalmente dela se declarando para o Haruo, revelando até pensamentos íntimos que ela tem pensando nele, numa tentativa de conquista-lo) e que foi a primeira do grupo a aceitar seus sentimentos, não achei contraditório que o casal da dupla principal tenham se juntado no final.
A direção do anime é padrão. Não chega atrapalhar, mas também não faz um esforço para dar um toque especial durante a adaptação. Os momentos que são dignos de elogios são as sequencias metafóricas envolvendo os games em geral. Os sonhos do Haruo, as ilusões e até as inserções em contextos motivacionais, deram um toque de especial para esses momentos. A comédia funciona muito bem. Os trechos mais cômicos são os que envolve o Haruo ou a Oono (ou os dois juntos). A trilha sonora é perceptível, porém não é marcante. Se eu fosse resumir a produção e a parte técnica, eu diria que o enredo não é atrapalhado e ainda consegue prevalecer perante aos demais elementos da adaptação.

High Score Girl 2 não é aquele anime com cara de sucesso, mas para os apaixonados por games e querem uma história leve sobre a passagem da vida de criança para adulto, o anime é uma excelente recomendação.

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