Um anime que teve sua história interrompida precocemente.

Um anime que teve sua história interrompida precocemente.

SINOPSE: “O anime se foca em um clube de Soft Tenis acompanhando o drama de um grupo de jovens estudantes do Ensino Médio com seus problemas familiares e pessoais buscando ajuda no companheirismo e amizade

Debatendo assuntos importantes

Hoshiai no Sora é um anime com uma proposta até que simples envolvendo a temática esporte, porém que explora assuntos e debates da nossa sociedade moderna de uma forma muito satisfatória. O anime estabelece o esporte como ferramenta para conectar os personagens com seus dramas pessoais e dentro do clube de soft tennis, buscam ajuda no companheirismo dos amigos para superar esses obstáculos diários. Os temas abordados são dos mais variados possíveis. Desde de agressão paterna até dúvidas da sexualidade durante a adolescência com o medo de ser excluído por amigos/familiares.

Para evidenciar essas situações, o diretor aposta em mostrar esses casos da forma mais crua possível, não enfeitando ou escondendo os problemas na tentativa de minimizar os assuntos. Todos os acontecimentos não são exagerados ou glorificados e sim, criticados pelos absurdos ocorridos nas cenas. E temos um personagem que é uma peça central para a maioria dos problemas que aparecem no clube que é o Maki. Ele tem uma sagacidade e experiência para conseguir ajudar o pessoal com soluções não muito práticas, mas eficazes para contornar os problemas dos demais integrantes do grupo. Em diversos momentos, ele assume um papel de sábio do grupo, aconselhando ou sugerindo de como cada um pode se portar para que a situação pessoal e pública de cada um se resolva da melhor forma possível.

Ainda que ele tenha calma em construir planos para as situações adversas, o próprio não consegue solucionar seu conturbado relacionamento com um pai abusivo. É interessante ver que ele assume uma persona mais calculista no ambiente escolar, no entanto vira uma pessoa indefesa quando envolve qualquer assunto paterno. Ele fica incapaz de qualquer reação, tomando todas as dores e aflições para si. O Maki prefere não perturbar a mãe e os amigos, e guardar todos os ressentimentos em vez de se abrir com alguém próximo ou amigos. Consigo me identificar com esse tipo de personagem muito por eu também ter sofrido com essa dificuldade de se abrir com as outras pessoas próximas para falar das minhas aflições e angustias quanto mais jovem (no meu caso era problemas bem mais simples que o Maki enfrenta já que envolvia sentimentos amorosos e encantos que eu tinha na minha adolescência e não algo sério de fato). E ele, ao criar uma máscara de pessoa confiante, encaixa perfeitamente com o estilo de personagem que prefere não incomodar a deixar os outros preocupados.

Não é só ele que apresenta situações preocupantes. O Tsubasa com a pressão do pai em seguir uma carreira profissional estabelecida familiarmente (Jogador de Futebol), o Toma com a rejeição da mãe que acabou desenvolvendo depressão e agravando o péssimo relacionamento amoroso com o pai dele, o Nao que é protegido excessivamente pela mãe que o fez desenvolver a doença de mentir patologicamente, o próprio Yuta que não sabe sua própria identidade de gênero e que ainda não consegue decidir o que ele é de fato, entre outras adversidades e problemas que aparecem para o clube de soft tênis que interfere diretamente seus relacionamentos pessoais. São diversos dilemas/dificuldades que eles passam juntos e utilizam a amizade como forma de apoio para cada um. Só que, ao terminar o anime, fica a sensação que nada foi desenvolvido por completo. Parece que as complicações só foram citadas e não aprofundas realmente. Muito dessa falta de desdobramentos do roteiro é graças a problemas que a equipe de produção passou na preparação para o anime e no decorrer de seus três meses de exibição.

Tudo jogou contra eles

Não sou supersticioso, porém o diretor do anime precisa URGENTEMENTE se benzer porque tá foda. Primeiro, o escopo do projeto. Já digo que a animação é excelente. Tem muitos cortes fluídos e cenas das partidas de soft tênis muito bem dirigidas e animadas, que faria qualquer anime de esporte ter inveja. O problema é conseguir manter essa constância numa série tão ambiciosa assim nos quesitos técnicos. Óbvio que teríamos problemas, como frames repetidos, a reutilização de cenas de outras partidas nas posteriores, muito enquadramento aberto com takes longos focando no background…mesmo eu não sendo atento para esses aspectos, acabou chamando minha atenção. Então, se você for mega criterioso e não gosta de deslizes na animação, certamente isso vai ser um incomodo para ti esses momentos do anime.

Segundo, é o problema de direitos autorais. Que mancada da equipe, do animador que desenhou e do diretor ao utilizar as coreografias de terceiros para fazer aquela Ending. Entendo que produzir animes está cada vez mais industrial em que, a demanda só aumenta, mas a força braçal está estagnada. Porém, podia mandar aquele reply ou e-mail para os autores das dancinhas que querem fazer rotoscopia e pedindo a permissão de direito de utilização da sua criação. Não custava nada.

A MÚSICA DA OPENING É LINDA.

E o terceiro, que foi o culpado de ter prejudicado o roteiro, foi a redução do número de episódios planejados pelos produtores. Em vez de duas temporadas a serem feitas, foi para uma temporada. Normalmente não iria influenciar mudanças nas etapas inicias na produção de uma animação. Nem saberíamos na verdade, a não ser que estivéssemos acesso ao making of do anime. O detalhe é que essa mudança veio quase com o anime estreando. Partes da produção e concepção já estavam pronto. Roteiro já estava encaminhado e muitas cenas já tinham sidos animadas. Não dava para voltar mais. Ou terminava o anime de qualquer jeito, ou terminava bruscamente, sem concluir nada que foi estabelecido. No final de tudo, foi uma mistura das duas opções. Os últimos episódios seguiam um ritmo cadenciado, para os 10 minutos restantes do episódio 12 ser uma locomotiva desenfreada de acontecimentos que apareciam sem consequência alguma. Tudo era jogado na tela e foda-se. O que gera um outro problema…

Poderia ter pelo menos melhorado aquele final

Até agora eu não entendo o porquê do diretor ter escolhido terminar daquele jeito o anime. Na verdade, eu sei qual foi a intenção. Foi ter um gancho BIZARRO, para deixar os espectadores apreensivos, pedirem uma continuação e assim conseguir verba para finalizar o que começou. Não é um mau plano. Porém, e se não tiver? Vai ser AQUELE O VERDADEIRO FINAL DE HOSHIAI NO SORA. Diga-se de passagem, que bosta foi esse final EDGY. O anime estava tendo um enredo tão sóbrio, para desandar na reta final e apelar para os exageros dramáticos com um toque de DARK E BRUTALIDADE que otaquinho juvenil gosta. Como eu odiei todo aquele segmento do Maki pegando a faca, com uma expressão de vilão de SAO, parado na frente da porta da casa do pai. Lembram do começo do texto que ele era o mais centrado e que pensava com calma antes de agir? Essa cena já deturpa tudo o que o anime criou.

Foi uma forma apelativa para chamar atenção dos fãs? Sim. Vai funcionar? Ao que parece não até o determinado momento que escrevo esse post. Torço para que tenha uma segunda temporada para consertarem essa cagada, pois se não tiver, o anime vai ter um final com aquele gosto amargo.

Ceninha Dark qualquer de anime genérico.

Conclusão

Hoshiai no Sora começa bem, tem um enredo interessante e relevante com assuntos importantes, mas peca em diversos momentos, gerando consequências ao longo da temporada, tendo um final abrupto e incompleto. Então fica o aviso. Para quem quiser ver o anime, saiba que é uma história incompleta que pode decepcionar suas expectativas.

1 thought on “Review de Hoshiai no Sora (Stars Align)

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