Quando o básico funciona e muito bem.

Quando o básico funciona e muito bem.

SINOPSE: Takezou sendo o único membro do Clube de Instrumento Musical Koto, tenta manter ativo o clube em busca de novos membros para que o mesmo não seja desfeito por falta de pessoas inscritas. Com essa procura, Takezou irá descobrir novos amigos e enfrentará dezenas de problemas para manter esse clube de pé.

Se a animação não ajuda, o roteiro e a produção salvam a obra.

Não curto animes musicais. Nunca gostei, por mais que eu sei que é um problema exclusivo meu com o gênero. Nunca fui fã das cenas de apresentações, ou de grupos de idols dançando, ou seções de personagens cantando por um longo período. Sempre achei longos demais e uma puta encheção de linguiça. Sou fã quando as apresentações são ocasionais e necessárias para o desenvolvimento do plot, onde a seção dos treinos e dos campeonatos são escadas para elaborarem uma narrativa intrínseca com os personagens e história. Por isso que não gosto de animes de idols ou de bandas, cuja tem uma apresentação todo santo episódio. Fico com a sensação que a trama está sendo arrastada e que não tiveram criatividade para completarem os 20 minutos do episódio com algo relacionado ao enredo. (O que mostra que não sou normal já que assisto Love Live e Bang Dream…sou uma contradição em pessoa. xP).

Estou mais argumentando isso porque, e para minha surpresa também, eu adorei Kono Oto Tomare!. E o anime tem todos os quesitos para odiá-lo. Uma trama bem básica, com um roteiro parecidíssimo com uma novela tendo personagens estereotipados, em que com facilidade, encontrará essa mesma base em centenas de outros animes e filmes. Tinha tudo para ser mais uma review falando que é mais um anime parecido com vários outros mais famosos e vistos pela galera aí. Só que me encantei com a obra, me silenciando dos meus preconceitos. Logo nos primeiros episódios, foi fácil me apegar e simpatizar com o casting do anime. Todos os personagens têm alguma característica marcante, para gerarmos empatia com eles. Mesmo tendo aqueles clichês batidos de: personagem ranzinza que na verdade é um amor de pessoa; protagonista esforçado, mas pouco habilidoso que tenta fazer seu clube vencer a nacional, uma garota tsundere que fala que não se importa, porém defende seus amigos com unhas e dentes; uma guria que é esnobe, entretanto reconhece os verdadeiros amigos; grupo de rapazes idiotas, no entanto esforçados; professor com didáticas nada convencionais…está tudo dentro do conjunto de normas básicas de como começar a escrever sua primeira história, só que com um charme próprio, resultando em alguns aspectos com diferenciais para o destacar dos demais lançados naquela temporada.

Apesar do que eu disse agora, e ainda tendo essa sensação familiar, o meu interesse pela obra só cresceu. O básico foi executado de forma sublime. Até nos momentos previsíveis, em que já sabia o que aconteceria por já ter visto outras obras similares, eu ficava hipnotizado com o desenrolar. O anime me sugou para dentro de sua narrativa de uma forma muito forte. Nunca tinha ouvido falar do mangá antes do anime estrear sua primeira temporada. Agora, depois de ter acabado a segunda temporada, acompanhar o original virou obrigação. Todos os dramas dos personagens (incluindo os secundários), são mega interessantes. As motivações deles são bem estabelecidas e o que gera uma torcida por parte dos espectadores, para que eles consigam atingir suas metas. Até por ships no anime, eu estava tendo minhas preferências, sendo que nem me importo, na maioria das vezes, enquanto assisto algo.

Até nos momentos de apresentações e disputas, é tudo bem controlado, sem exageros, ou que esses segmentos tenham mais destaque que o drama dos protagonistas. Todas as vezes, as partes mais musicais tinham justificativas para estarem ocorrendo, e eram necessárias para o desenrolar dos arcos que estavam acontecendo. Nada era gratuito e só engrandecia as façanhas deles. Até os momentos mais ‘lúdicos’, eram condizentes com o que estava acontecendo e se tornava aceitável ter aquela consequência.

Nem tudo é possível acertar

Posso dizer que a direção foi que segurou essa adaptação, porque pela qualidade técnica, o anime deixou muito a desejar. A animação estava deplorável em diversos momentos. Tinham diversas ocasiões que os personagens trocavam de designs de um frame para o outro. Consistência só deixou saudades por aqui. Não que seja algo que afetou demais minha experiência, porém, para as pessoas que apreciam a parte artística da animação, pode ser um desconforto intenso.

Se os animadores estavam em ritmo de trabalho escravo, a trilha sonora foi a parte. QUE FODA. Não é algo extravagante ou marcante. Entretanto, tudo era bem encaixadinho e compunha a cena de forma magnifica. Até as apresentações estavam certeiras e passavam as emoções necessárias de cada momento. Nesse quesito, me falta elogios para enaltecer sua qualidade monstra nesse aspecto sonoro.

A direção pode ser considerada que foi a salvadora da pátria. Nada excepcional, mas dado as circunstâncias, o anime só foi como foi, graças a produção ter segurado as pontas e não ter escambado para o desastre. Só ele não ter tido atrasos, já foi uma grande vitória, visto ter sido frequente todos os tipos de adiamentos possíveis nos últimos animes lançados em 2019.

Outros comentários

A minha personagem favorita é a Satowa. Sem sombras de dúvida, é a que tem mais destaque. Logo depois, vem o Chika. Todos do elenco caiu nas minhas graças, entretanto, a minha preferência acabou ficando com os dois. Só para fechar um top 3, gosto da personagem Hiro. Ainda ela sendo uma escrota no começo, sua redenção me encantou, se tornando uma das minhas favoritas também.

O arco da mãe da Satowa é o foco da segunda temporada. Toda a superação e reconciliação foi muito recompensante. Apesar de batido esse tema, todo o drama funcionou muito bem graças a preparação e a conclusão dessa situação. Um baita acerto.

O anime predomina o contexto de um clube escolar japonês. Mesmo tendo alguns eventos familiares, toda a trama se passa na escola em que eles estão. Então, o romance é algo esperado em uma historia assim. No meu caso, geralmente pouco me importa se os ships dos casais que vão se formar no final. O que me interessa se o relacionamento deles será bem construído e foram convincentes ao passar esse sentimento apaixonante. Só assim para eu “torcer” para algum casal se concretizar na conclusão da trama. E no final, me peguei torcendo para dois casais logo começarem a namorar. Eles são quase confirmados pelo autor, porém queria que o anime terminasse com algum dos dois citados, com um relacionamento iniciado. (o mangá enrola para um caralho também, então é mais um desejo pessoal do que uma reclamação ou defeito do anime).

Conclusão

Eu recomendo a todos a assistirem Kono Oto Tomare!. Não por ter uma historia densa ou complexa, mas por conseguir entregar o necessário para realização de uma narrativa gostosa de se acompanhar. São 24 episódios para assistir (contanto com a primeira temporada) se divertir/emocionar com a obra. Também fica a minha recomendação do mangá. Até porque, creio que o anime não terá uma terceira temporada, visto que o anime teve um fechamento/conclusão, não deixando coisas em aberto. Parece que a equipe tinham noção das chances baixas de novas temporadas e decidiram algo mais conclusivo para ter algum tipo de encerramento para essa mídia. Ainda sim, fica minha recomendação para irem assistir e ler Kono Oto Tomare!

2 thoughts on “Review de Kono Oto Tomare!

  1. Um dos melhores animes que assisti ano passado! A forma como os personagens são construídos, embora não seja algo excepcional, é algo tão bem feito que não tem como não se encantar por eles (aliás, é disso que se trata um clichê, né?).

    Sobre a animação, com certeza o orçamento não foi lá essas coisas, exemplicado em sequências que pareciam “engessadas” (e creio que os otakus caçadores de frames devam levar isso em conta quando forem tacar pedra nos animadores), mas como não é um anime de ação, não me incomodei tanto.

    A forma um tanto didática como o koto foi apresentado tbm foi outro ponto alto do anime. A(o) autor(a) (e á direção) souberam dosar os momentos de explicação, fazendo com que as “aulas” não fossem maçantes (fora que as explicações quase sempre eram colocadas em momentos de treinamento, permitindo que a história e os personagens se desenvolvesse bem sem ter nenhum gargalo no conjunto da obra).

    Enfim, um ótimo anime que agrega conhecimento e ainda diverte e emociona na medida certa.

    Ah, e a review tbm foi ótima!!!

    1. Concordo contigo. Realmente as aulas de Koto que tem no anime, são muito didáticas e claras até para leigos (como eu no caso). A produção fez de uma forma até para o espectador possa entender pelo menos o básico do instrumento em si, e sua forma de tocar. Uma qualidade do anime para enaltecer.

      E fico feliz que você gostou da review. 😊

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