Tentando provar (literalmente) o amor de um pelo outro.
Olá pessoas! Aqui daremos início as reviews dos animes da Temporada de Janeiro/Inverno de 2020. A temporada passou bem rápido e cá estamos para começar a falar dos animes que assistimos. Mais de informações sobre quantos animes iremos falar e mais outras coisinhas vocês vêem no tweet abaixo:
“Rikei ga Koi ni Ochita no de Shoumei Shitemita” foi uma obra que me chamou atenção quando teve sua adaptação em anime anunciada. A sua proposta era interessante e “diferente” (dentro dos estilos de comédia romântica que já vi por aí) e, como um bom fã de romance, me interessei por ele. Por curiosidade, eu fui atrás do material original (que na época estava com 5 volumes) para ver o que me esperava e construir uma expectativa adequada. Quando fui atrás, a scan estava beeem atrasada com a obra (não sei como está agora). Salvo engano, apenas 5 capítulos haviam sido traduzidos. E pelo que me lembro, foi uma experiência divertidinha, mas nada surpreendente ou que me fizesse ficar mega animado para a adaptação (confesso até que esqueci que ele tinha anime anunciado). O anime acabou, assisti ele do começo ao fim e venho aqui para dizer o que achei e já adianto que foi bem melhor do que eu esperava.
Sinopse: “A história se concentra em Ayame Himuro e Shinya Yukimura, dois cientistas que estão apaixonados um pelo outro. Eles querem provar que seu amor pode ser cientificamente comprovado, quantificado e expresso factualmente.”
Como eu disse no parágrafo acima, eu lembro de ter achado o mangá divertido e minhas expectativas para o anime estava nessa linha, algo bem controlado. Acabou que o anime não só conseguiu ser melhor do que eu esperava, como me surpreendeu enquanto eu o acompanhava.
Meu maior medo quanto a “Rikei ga Koi” era ele se tornar enjoativo muito rápido. Apesar de sua proposta ser interessante, ela era arriscada. O autor precisaria ter um bom leque de piadas, situações e de personagens para conseguir prender a atenção de quem está assistindo (ou lendo, caso fosse o mangá) e claro, sem abandonar sua proposta. Para a minha surpresa, o autor conseguiu fazer tudo, sendo bem diverso nas situações que ele criou, trazendo um ar de novidade nos experimentos e, mantendo todos eles envolto da ciência, respeitando sempre o que se propôs inicialmente.
Ao meu ver, “Rikei ga Koi” cresce exponencialmente durante todo o anime. Inicialmente, eu acreditava que ele seria daqueles animes pouco progressivo no desenvolvimento dos personagens, que teria muito mais foco na comédia, “sufocando” o desenrolar das relações. Ou ainda, daqueles animes que o final não tem uma conclusão, não tem um arco ou algo que passe uma sensação conclusiva. Um exemplo disso é o anime “Wotaku ni Koi wa Mizukashi”. Wotakoi só termina, de forma abrupta. Seu material original também é assim (quase não há arcos ou grandes desenvolvimentos), o que “justificaria” a adaptação do anime ser assim também (isso não é necessariamente uma crítica a obra ou que a torne ruim, não é isso! É só um ponto que me incomoda um pouco em uma obra que gosto muito ^^). Todavia, isso não acontece em “Rikei”. Por volta do oitavo/nono episódio, começa a ser construído um arco, que é gerado por uma série de acontecimentos (que falar aqui seria bem spoiler, mas digo apenas que envolve uma certa personagem que aparece nesse momento) e que cria o último conflito do anime. Esse arco final é muito bem montado, com direito a drama (excelente), cenários maravilindos e um final muito satisfatório.
Eu gosto de como o anime usa e trabalha com a ciência. “Rikei ga Koi ni Ochita no de Shoumei Shitemita” pode ser traduzido como: “Cientistas se Apaixonaram, então Tentaram Provar”. A adaptação trabalha a situação de cientistas que se apaixonaram, mas que tentam provar seu amor através de números. Para nós, se apaixonar pode ser algo como qualquer outra coisa, mas para a Himuro e o Yukimura, não é algo simples. Se ela diz que está apaixonada por ele, ela tem que provar e ele igualmente tem que fazer o mesmo. O que faz uma pessoa se apaixonar? Quais são as evidências que caracterizam o amor? Quais as “condições” para acontecer? É o que eles tentaram analisar, constatar e provar.
E olha, eu dou os parabéns para o autor. Não sei se é a área dele, se ele já estudou/estuda, ou se é pesquisa pura, mas independente do que for, o trabalho que ele teve de juntar material para as informações passadas foi fantástico. Fica evidente o estudo que teve aqui. E como as piadas são geradas a partir dos experimentos e/ou análises que os personagens fazem, o autor precisaria usar de diversos recursos da ciência para criar situações cômicas diferentes. E uma coisa que gosto é de como esses experimentos são levados “a sério”. Geram cenas cômicas para nós que estamos assistindo, mas para eles ainda é uma pesquisa. Então uma tem impacto na outra. O anime traz um determinado experimento, mas ele não esquece ou é ignorado depois, não! Ele é usado em outros testes, porque precisa de base para se criar novas deduções. Então a coleta de dados de um experimento, é levada para embasar um outro e assim por diante. E o bom disso é que além de tornar o papel deles de cientistas verossímil, isso cria mais possibilidades de novas piadas, dando um dinamismo. O roteiro sempre incrementa um experimento com o outro e é sensacional.
Por falar de matemática, física e outros, o anime acaba usando muitos termos técnicos, fórmulas e de teorias. Mas o autor trouxe uma ideia muito interessante e que é muito bem usada no anime. Para explicar esses termos, o anime usa um urso para trazer uma explicação básica do assunto e deixar quem está assistindo (ou lendo) com uma noção mínima do que está sendo trabalhado na cena. A ideia em si é bem interessante, e a execução dela é muito boa. O anime “isola” esse urso na hora que vai ser utilizado, criando uma sobreposição na tela para ele explicar o assunto. É algo diferente e muito bem usado. Não é tão recorrente, porque eles sabem intercalar entre o uso do urso e uma explicação vinda de algum dos personagens, logo, ele não fica saturado.
A utilização dele é dinâmica e rápida, te dá o básico para você não se sentir totalmente perdido no que está sendo trabalhado. O autor consegue enxugar muito bem o assunto, deixando apenas o essencial. Não é nada detalhado como em “Hataraku Saibou, até porquê, esse não é o foco da trama. “Hataraku” mostra o trabalho das células e suas funções, então ele precisa ser mais mais completo. Em “Rikei” ele apenas utiliza a ciência como um de seus recursos, mas o foco da trama ainda é a comédia e o romance. Enfim, para finalizar essa utilização “ursal”, além do uso dinâmico, uma coisa que gosto nele é que quando o assunto tratado pode ser mais aprofundado, ou surge algum derivado, o urso manda você ir estudar, caso queira saber mais hahaha.
Apesar de eu ficar “??????” em alguns momentos do anime (mais por não ser uma área que tenho interesse/não me dou bem e por não ler com atenção *_*]), dá para aprender algumas coisas com essa animação, despertar interesse em alguns assuntos que o anime aborda e/ou aprender algumas curiosidades. Isso vem muito da versatilidade do anime em criar suas situações.
Lembram-se quando eu disse que “Rikei” cria novos experimentos e incrementa com outros já realizados? Então, nos episódios iniciais, o foco é a coleta de amostras para a partir dali, eles começarem uma pesquisa mais profunda. Com os dados que eles obtém, tentam ver resultados diferentes fazendo o mesmo teste só que alternando entre os personagens do grupo, criando ainda mais cenas cômicas. O que ajuda muito nesse roteiro são seus bons personagens de apoio. Cada um é bem diferente do outro, então na hora que eles começam a interagir, o contraste de personalidades/jeitos de ser, ocasiona ótimos momentos.
Por volta da metade do anime, entra um experimento que eu gosto bastante, que avalia as condições ideais para proporcionar o melhor ambiente possível para se ter um beijo. O experimento por si só é interessante, mas eu gostei dos fatores que eles levantam para “garantir” esse ambiente perfeito e toda a discussão feita enquanto pensavam nesses fatores. Assim sendo, você tem dentre os pontos levantados, coisas como volume do som, quantidade de pessoas no local, a beleza do ambiente, dentre outros. Esse último fator citado é o que mais gosto, porque acaba envolvendo a produção do anime, ou melhor dizendo, o esforço que a produção teve. Se você reparar, durante a maior parte da animação, a ambientação dele é bem “ok”. Entretanto, quando entra em cena esse experimento e em especial, a beleza do local, a produção capricha. Tem uns 2 ou 3 cenários que são maravilhosos de lindos, em especial o do último episódio, que soube trabalhar MUITO bem com a paleta de cores.
Sobre o casal principal, eu gosto bastante da dinâmica entre eles e de como eles não quebram durante o anime, o jeito deles de ser (sempre buscando dados e a ciência em TUDO) se conserva e isso é excelente. As vezes você tem boas quebras de expectativas, porque quando você acha que eles terão uma reação mais voltada para o emocional, eles logo se mostram lógicos, como são. E mesmo quando a Himuro está com os sentimentos bagunçados lá para a reta final, ela tenta ser lógica (por mais que tenha resultados errados, visto sua instabilidade no momento), e chega a fazer um TCC em forma de pedido de desculpas hahaha. Isso é bom, pois eles foram construídos assim desde a infância, então é “natural” para eles serem assim. Claro que, as vezes, isso mais atrapalha do que ajuda rs.
Apesar de gostar muito dos protagonistas, eles não são os melhores personagens para mim. Ao menos, quem sempre rouba a cena é a Ibarada. Apesar da personagem não ter grande destaque, quando ela aparece, é praticamente sinônimo de boas risadas, principalmente quando ela “brinca” com o Torasuke. Ela sabe onde cutucar para deixar ele constrangido (amigos de infância que estudam no mesmo lugar… O que poderia dar errado? Hahaha). Além disso, ela é uma fujoshi (é das minhas hehe), então se aproveita de alguns momentos para ver o Torasuke e o Yukimura em cenas de “fanservice”. Maravilhosa ela.
Em aspectos técnicos, o anime se sai muito bem. Não é nada “meu deus de céu! Que produção!!!”, mas não faz feio e se mantém consistente durante todos os seus episódios. Muito disso é devido ao anime já estar totalmente pronto antes mesmo de começar sua exibição na temporada. A direção igualmente não faz feio e tem um bom timing cômico. Dou destaque para uma cena no meio do último episódio. Essa foi a que mais gostei. A animação do momento estava ótima também ^^.
Concluindo, “Rikei ga Koi ni Ochita no de Shoumei Shitemita” me proporcionou uma experiência muito agradável, divertida e deveras satisfatória, em especial pelo final, que fechou algo e deu uma progressão nessa tentativa de namoro dos protagonistas. Não foi a melhor coisa que vi nessa temporada (“Runway de Waratte” mandou beijos), mas pelo menos, no meu top 10 temporada ele entra :). E se nossos queridos protagonistas apaixonados irão achar sua resposta/conclusão, nós não sabemos (ainda). Só espero que uma hora eles possam deixar um pouco dessa questão de lado e forem mais “humanos”; Se chegarem a uma conclusão, eu quero saber, pois isso por si só, já é algo muito interessante.
Pode ser uma boa, para aqueles que ainda não assistiram, fazer uma maratona do anime. Como ele flui muito bem no decorrer dos episódios, este pode ser uma boa pedida para se assistir em um fim de semana. Talvez não seja o ideal ver os 12 episódios em uma tacada só. Dividir em dois, vendo seis episódios em cada dia, já deve ser o suficiente. Apenas uma recomendação. Irá variar de pessoa para pessoa, então faça como achar melhor ^^. E antes que eu me esqueça, a OP e a ED (principalmente a ED) são bem bacanas, gostosinhas de ouvir. No demais, é isso. Espero que tenham gostado e que eu tenha convencido alguém a assisti-lo, pois vale muito. Se gostaram ou não do anime, comentem aí. Estou sempre aberto para discussões e visões diferentes das minhas :).
SPOILER PARA QUEM AINDA NÃO VIU O ANIME!!!
2 thoughts on “Review: Rikei ga Koi ni Ochita no de Shoumei Shitemita | A fórmula do amor”