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Um jovem achando seu lugar no mundo junto de um robô gigante

Sou o novo redator do blog. Pode me chamar de Konshu e tenho 19 anos. Esperem ver conteúdo de mecha vindo de minha pessoa, pois assisto esse tipo de anime e leio alguns mangás (bem devagar, mas leio). Tenho alguns preferidos, mas nenhum em primeiro lugar. No caso do mangá, o meu favorito é I Sold My Life. Espero que goste do meu primeiro texto.


Suisei no Gargantia é um anime original do gênero ação, ficção científica, aventura, drama e mecha, com toques de slice of life de 2013 feito pela Production I.G. Sua história é sobre Ledo, um soldado da União Galáctica versão futurista da sociedade humana que alcançou as estrelas. Por um acidente em um buraco de minhoca, o protagonista e Chamber, seu robô de combate, caem na Terra, planeta que acreditava não ter mais capacidade de suportar vida, mas que na verdade se encontra coberta por água e humanos que habitam lá. Como não tem mais terra firme para se habitar, a população do planeta se organiza em enormes metrópoles formada por barcos de vários tamanhos. Ledo vai parar em Gargantia, uma dessas cidades flutuantes. Sem poder voltar para seu lar, ele terá que se acostumar com a sua nova casa.

Como eu gosto de animes de mecha e Gargantia é desse gênero, resolvi assisti-lo. Quando comecei a ver só sabia que teria robôs gigantes e não tinha muita informação além dessa. Nem cheguei a ler a sinopse. Então tenho uma surpresa e me deparo com uma proposta bem diferente (que tem se tornado bem comuns em produções atuais) para esse gênero que tanto amo. Não estou saturado, mas o mercado sim está dessas mesmas histórias. É sempre bom ver algo diferente para refrescar os ares e Gargantia tem essa proposta. Uma prova tá no próprio robô gigante da série. Não temos muitos durante toda a história, com o mais importante sendo o Chamber, que foi feito com tecnologia avançada, com uma IA que permite se comunicar e interagir com outras pessoas, tornado praticamente um personagem que até de certa forma, tem um desenvolvimento em sua personalidade. E outros programas podem se achar IAs em mechas também, só que não é comum chegar a esse nível. Não chega a ser revolucionário, mas pelo menos nos dá um personagem bem legal e rico em camadas.

O Chamber lembra um EVA SD

Durante a série não temos muitos outros personagens de destaque, sendo eles Ledo, o já citado Chamber, Amy, seu irmão Bevel e Pinion (que tem o mesmo dublador do Kamina de Gurren Lagann). Ledo é o protagonista e faz jus a esse título. Toda a história se foca nele, com os outros personagens não sendo muito explorados no geral, só servindo para o desenvolver o protagonista. Isso não foi um grande incômodo para mim, pois Ledo é um personagem bem interessante. É legal vê-lo evoluindo e os outros mesmo sendo meio rasos, ainda apresentam carisma o suficiente para não estragar a experiência (principalmente o Chamber. Adoro o Chamber S2).

Seu primeiro episódio é um bom reflexo de como será o decorrer da série, sendo metade de um jeito e a segunda parte de outro. Começamos em um ambiente de guerra espacial, no meio de uma enorme batalha digna até de uma season finale. Em seguida temos uma brusca mudança para um cenário de suspense. Esse contraste entre um e outro representa bem Gargantia, pois no meio da série temos uma situação parecida, em que temos uma mudança de tom bem grande e que difere muito entre uma e outra. É possível que alguém que esteja assistindo não goste dessa decisão e prefira a primeira parte. Mas mesmo que tenha algumas decisões clichê e previsíveis, ainda prefiro a segunda metade.

No decorrer da primeira metade a história tem um tom mais leve e alegre, que sua abertura representa bem, se assemelhando bastante com um slice of life (com direito a episódio de praia). Aqui que é mostrado para o Ledo que é possível ter uma vida diferente da que lhe foi ensinada, por exemplo Bevel, irmão da Amy, que é uma pessoa com a saúde fraca, se ele fosse da União Galáctica, seria descartado por não ser apto ao combate. O protagonista se questiona por que o Bevel ainda continua vivo, até entender que a sociedade da Gargantia valoriza a vida e mesmo que a pessoa nasça com alguma problema de saúde que a torna menos ‘útil’, não tira o fato que ainda merece viver. 

Como a sociedade humana da Terra se readaptou de uma forma totalmente diferente da União Galáctica, ambos têm culturas totalmente diferentes. Ledo sendo um soldado desde seu nascimento com o código militar sendo sua vida, é muito interessante o ver se deparar com uma sociedade que praticamente nega tudo o que ele havia aprendido. Esse é um dos grandes charme da série e é o que torna legal por volta da metade da história (falarei mais adiante).

Os outros personagens citados, servem como guias para o Ledo, mostrando um tipo diferente de vida que nesse lugar onde estão, não precisa mais seguir o código militar que representou toda sua vida. É bem executado, mas nem sempre a direção consegue acertar. Mais para a frente na história, tem um acontecimento que gera um problema no roteiro (estou evitando spoiler). Eu fiquei bem incomodado nessa hora, porque muitas coisas poderiam ter sido resolvidas se os personagens simplesmente sentassem e conversassem. E que aconteceu depois de alguns episódios, mas foi tarde o suficiente para eu ficar incomodado.

Na parte final, a história se aproxima mais do lado mecha do gênero, tendo cenas de ação mais frequentes, ainda sem muitas batalhas entre robôs. Mas aí que é bem legal, porque temos grandes revelações, plots twists e até um vilão, coisas que não havia aparecido antes, junto com decisões clichês e previsíveis que podem estragar bastante a experiência de outras pessoas. No meu caso, não atrapalharam minha experiência tanto que as novidades no enredo que me fizeram gostar mais do anime.

Outra coisa que eu gosto é o fato do idioma do Ledo ser diferente da população de Gargantia. O espectador sempre vai escutar em japonês, mas fica bem claro que são línguas diferente. Não chega a ser um detalhe muito grande, tendo mais destaque no início onde Chamber tem que aprendê-la. A comunicação ocorre através de uma dinâmica em que o robô traduz para o protagonista o que alguém fala ou vice e versa, se tornado menos frequente conforme Ledo vai aprendendo a falar o idioma local. Muitas produções nem se importam com esse detalhe, nem explicando como pessoas de dois lugares totalmente diferentes falam a mesma língua. Dá um charme a mais e me agrada muito que exista.

Chamber traduzindo para o protagonista

Os quesitos técnicos no geral são bons. Os cenários são bonitos, principalmente no interior de Gargantia. O visual mais futurista do Chamber contrasta bem com o da cidade, que dá uma impressão forte de que aquilo não devia tá ali. A trilha sonora não é memorável, e no máximo a abertura e o enceramento merece destaque. Mesmo assim dificilmente entraria na minha playlist de musicas de animes de mecha (Eu realmente tenho uma). As cenas de ação não são fantásticas, mas dão pro gasto. 

Eu gostei de Gargantia. Não é algo excelente, mas cumpre bem que ao meu ver se propõe a fazer. Tem seus altos e baixos que podem desagradar muita gente, mas se você relevar alguns deslizes, vocês terão uma experiência muito interessante. Eu recomendo a série, principalmente para quem quer algo diferente para o gênero. É um bom anime de mecha para apresentar para alguém que não gosta de robôs e depois afundá-lo com drogas mais pesada hehehe.

Para quem quiser assistir, o anime está disponível na Crunchyroll com o nome Gargantia on the Verdurous Planet.

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