É Sherlock... Eu te odeio :)

É Sherlock… Eu te odeio 🙂

Voltei mais cedo do esperava e pensava para falar de “Moriarty: O Patriota”! Eu já tinha em mente continuar resenhando os volumes do mangá, afinal falar de “Moriarty” nunca é demais, rs. Contudo, achei que iria demorar um pouco mais até resolver resenhar o volume 2 e também tinha que verificar se iria render ficar falando da obra volume à volume, dado que poderia acontecer de não ser todos os volumes que teriam um bom material para comentar. Mas assim que li o 2º tomo, senti a extrema necessidade de falar dele o quanto antes! Vou aproveitar e fazer algumas comparações pontuais com o anime. Então bora lá 🙂

Sinopse do volume: “Enquanto a tendência para eliminar a máfia de drogas cresce dentro do Exército, Albert fica sabendo da criação de uma agência secreta especial. William foi sequestrado assim que chega a Londres! Finalmente Moriarty dá início ao seu brilhante “teatro do crime” para exterminar o mal que planeja se instalar no reino!!”


  • Desenvolvimento:

O 1º capítulo desse volume concluí o pseudo arco sobre o tráfico de um novo tipo de ópio. E tenho que dizer que dos 4 capítulos desse volume, esse foi o pior. O capítulo dá um desfecho para o que foi apresentado anteriormente com aquele professor da Universidade usando podres dos alunos como meio de chantagem, além de drogar eles e tudo mais. Mas ao mesmo tempo, o capítulo também apresenta muita coisa envolvendo o Albert. No capítulo você tem sequestro do William, descobrimos uma agência secreta delegada à Rainha, Albert articulando um plano para conseguir sair do exército, ao mesmo tempo que usa o falso sequestro de seu irmão como uma “moeda de troca” para conseguir entrar na tal agência secreta… É MUITA COISA! E assim, Moriarty é uma obra com tom de suspense e nesse capítulo, as coisas acontecem tão rápido que mal dá para respirar. As passagens são todas apressadas para começar, amarrar tudo e fechar ali. Eu não diria que seria necessário mais um capítulo de 40 páginas para dar uma distribuição melhor dos eventos, porém acredito que se tivesse mais umas 10 ou 15 páginas, já seria suficiente para deixar o ritmo mais tranquilo de uma forma que não parecesse tão corrido. Nesse ponto, a limitação das páginas acabou custando alguns problemas. Todavia, tenho que dizer que fiquei deveras surpreso com o quão… Explícito e o quão ‘agressiva’ a equipe do Moriarty pode ser. O anime dá uma boa maquiada no que eles podem fazer. Eu acreditava que era um serviço mais limpo, feito de forma que não sujasse as mãos deles diretamente, o que não deixa de ser verdade, visto que os inimigos da vez não eram nobres propriamente. Então o serviço permitia, de certa forma, um trabalho mais sangrento. Até me permitiu ver o Moriarty com um olhar meio psicótico hahaha

Pós isso, temos o arco do Navio Noahtc que particularmente é o que o mais gostei quando vi o anime. Estava muito animado para ver como era o arco originalmente e não me decepcionei. Algumas coisas seguem uma linha um pouco diferente da animação e apenas de eu ter tido a sensação do arco seguir muito rápido, há alguns tópicos que ficam muito mais demarcados do que no anime. Enquanto na adaptaçõa fica meio, como posso dizer, relativo a quem é a fonte que corrompe a sociedade, o mangá deixa bem claro que o problema são os nobres e o sistema que é colocado na sociedade: “Nem preciso dizer… A raiz de tudo é um punhado de nobres que permanecem no Reino Unido e acham que governam o mundo. Assim como esse sistema social” (Moriarty, William James). Eu gosto muito (no sentido de achar interessante) do plano que o William tem em mente para tentar mudar as regras do jogo: manipular o sentimento das pessoas. De acordo com determinadas situações, sentimentos são muito manipuláveis. Incitar a revolta da grande massa da população com atos criminosos de nobres que serão expostos, é uma forma interessante de se acender um grande sinal de mudança. E tudo torna-se mais interessante quando ele tem plana consciência de que sistemas não são mudados da noite para o dia, porque são séculos e séculos naquelas mesmas regras. Ele pode começar a movimentar o povo para querer mudanças.

Trazendo isso para a realidade, o que torna essa tática tão mais “legal” para mim é porque sempre me lembro de uma aula de Filosofia que tive no Ensino Médio (EM), em que meu professor comentou que a morte de alguém pode causar mudanças. Não estou dizendo que a morte de pessoas é algo bom, mas em determinadas situações, o óbito pode ser um cenário de estopim para uma grande mudança na sociedade. Por exemplo, pegando a Revolução Francesa (século XVII [18]) que é mais de conhecimento geral e que se formos ver o momento que a história de Moriarty se passa, é relativamente mais próximo, a morte do Rei Luís XVI, foi um grande passo para que mudanças acontecessem na sociedade francesa. Já vinham gerações e mais gerações de Reis que faziam suas próprias regras, deixando os pobres na mais pura miséria, ao mesmo tempo que a burguesia se sentia insatisfeita com aquela forma de governar (porque o povo não tinha dinheiro para gastar nos comércios). Então o que tivemos foi a burguesia se aliando com a insatisfação da parte extremamente pobre da população para derrubar o governo atual. A Revolução termina basicamente com a morte do Rei e não só foi importante para que uma nova forma de governo assumisse a França, mas também para enfraquecer o Absolutismo na Europa. A vida dos mais pobres naquele cenário não sofreu GRANDES mudanças, porém onde que quero chegar é que nem sempre a morte de alguém vai estar somente associada ao fim da vida, e sim como um sinal de mudança a depender do contexto.


Agora, ainda dentro desse arco, outro aspecto que faz eu gostar muito dele é que ilustra o quão baixo, cruel, doente e filho da puta um nobre pode ser apenas para alimentar suas satisfações pessoais aqui. No caso em questão, o Blitz sequestra crianças e moradores de rua para caça-los em uma de suas propriedades, tudo porque ele os vê como animais sem importância, que estão lá para servir e se curvar para pessoas como ele. Pensam que são superiores por possuírem grandes fortunas e status na sociedade. E não só isso, porém mostra a hipocrisia dessa parcela da sociedade que, ao estar entre eles, falam mal, desdenham e julgam pessoas pobres. Diante daquela situação – em que o assassinato foi assistido por uma grande quantidade de pessoas – os demais nobres se colocam como horrorizados, passam a acusar o Blitz como se eles não fizessem coisas parecidas em diferentes situações. O Blitz até fala brevemente para um de seus colegas que ele não tinha direito de falar assim dele, já que momentos antes o cara também estava lá tratando os mais pobres como lixo. Por fim, o ato do Navio Noahtic também expõe uma visão completamente deturpada de como se vê a Arca de Noé e como se apropriam da Bíblia para pregar seus preconceitos. Eles precisam apoiar seus ideais em alguma base que é, de certa forma, superior à eles. Usam o nome de Deus para justificar seus atos. Noahtic, para Blitz, é a manifestação do selecionismo de Noé com os animais que embarcam na arca. Acho tudo fabuloso, porque são viés da nossa realidade, por mais que seja uma ficção. Se você diminuir o grau desses casos e pegar apenas pequenas partes, dá para espelhar perfeitamente a nossa sociedade, e sequer é preciso ir muito longe para entender isso. Mencionei o caso da Revolução Francesa mais acima, mas por exemplo, o que poderia ter acontecido com o Brasil se AQUELA facada tivesse sido bem dada? Que tipo de mudanças a morte daquela pessoa poderia ter trazido? Será que não estaríamos TÃO na merda como estamos atualmente (e que a tendência é só piorar)? São questionamentos interessantes de se ter aqui e ali enriquece bastante a sua leitura quando tu para e pensa nela. As formas que ela pode representar algo que você já viu, sentiu e até viveu/está vivendo em algum momento.

O aproveitamento de espaço dessa página é maravilhoso!

É nesse arco também que tivemos a apresentação do Sherlock, que será o contraponto ao Moriarty. Durante a cena de introdução dele, temos um pequeno gosto da sua habilidade de dedução, sendo que posteriormente ele irá se intrometer na cena do crime para então descobrir que tudo havia sido armado para o Blitz, formando um grande quebra cabeça que irá se mostrar um entretenimento de qualidade para o personagem. Nós ainda vamos ver muito do Sherlock daqui para frente, mas desde já deixo cravado que não gosto muito do personagem, ainda mais depois que li esse volume (entenderam isso logo mais abaixo). Eu acho ele muito cheio de si. Todo momento quando ele está fazendo alguma dedução, ele diz algo como “É óbvio”, “Não é claro para você?”, sempre com um ar de superioridade para cima dos outros e eu odeio muito isso. Esse é mais um dos recursos do Ryosuke Takeuchi para nos afastar de quem é o “mocinho” da história. Tenho que dizer que está funcionando muito bem tudo que o autor vêm fazendo até aqui. Eu realmente acho o Sherlock um chato e são poucos os momentos que é interessante. Enquanto isso, sigo me agarrando mais ao William e seus amigos *_*

Não é de hoje que digo que um dos motivos para gostar tanto de Moriarty é que ele não vai te colocar em situações que são “simples”, que você pode apenas definir com poucas palavras como “certo e errado”; “bons e maus”. Moriarty: O Patriota vai bem além disso e é refletido diretamente nos personagens principais da trama, como por exemplo, o Fred que fica relutante com o plano do Moriarty por se tratar de uma ideia de matar e manipular as pessoas, enquanto que o Moran é um completo devoto do protagonista. Como dito por ele mesmo, se o plano exigir o sacrifício de sua vida, ele vai executar o plano mesmo assim, porque vê como um sacrifício a ser feito em prol de um “bem maior”. Igualmente como ele vai utilizar um homem que irá morrer mais cedo ou mais tarde para testar as habilidades do Sherlock e avaliar se ele pode ou não vir a ser uma pedra no seu sapato. Nesse ponto, eu acho o discurso do Moriarty perigoso. Não concordo, porque cega as pessoas, por mais que seja uma escolha delas ao fazer isso. Mas sigo gostando de algumas defesas do personagem e da forma que tudo é abordado, embora os meios escolhidos pelo professor não sejam os melhores.

E da mesma forma que o “vilão” tem seus prós e contras na maneira que age, o “herói” da história também é assim. O Sherlock não é um personagem que gosto, por causa de algumas atitudes que eu vi no anime e que vão ser abordadas no próximo volume. Quando eu cheguei no volume 2, tem uma cena que me deixou extremamente puto com o personagem. No último capítulo do volume, temos a situação em que o Sherlock está procurando seu novo colega de quarto. Ele conhece o John e arma todo um plano para que a Sra. Hudson veja que o John será uma boa pessoa para dividir o quarto com ele. Nesse plano, ele marca um encontro num bar, passa um bilhete em tom romântico para um cara bêbado como se fosse a Hudson que o tivesse escrito. Esse cara vai e começa a assediar a Sra. Hudson e o John reage para defendê-la do cara. Posteriormente o Sherlock revela para o John que criou toda a situação para que ele conseguisse conquistar a confiança da senhoria. Ou seja, além de ter sido um filho da puta desgraçado, ele não tem um pingo de consideração pela moça. Colocou ela em uma situação de assédio que poderia ter dado algum problema para ela, em prol de um benefício próprio, visto que ele não tem renda suficiente para pagar a moradia mensalmente -__-

Sherlock irá agir de acordo com seus interesses, pouco se importando com quem de fato está envolvido. Ele quer se entreter, manter sua vida movimentada, tal qual fosse um jogo e irá mostrar outros lados do personagem no futuro. O volume encerra com uma acusação sendo feita em cima do Sherlock e Moriarty começa a mover suas peças para testar sua pedra no sapato e o que ela é capaz de fazer.


Por fim, quero dar um destaque especial para o extra no final do volume, pois quem diria que um extra cômico poderia reforçar um pouco da visão que tenho de um personagem. Desde que vi o episódio 3 do anime e depois que li o volume 1 do mangá, tenho a impressão de que o Louis é deixado de escanteio na arquitetura dos planos de seu irmão. Lá no incêndio da mansão, o Louis pega o pedaço de madeira e queima o próprio rosto para tornar a história do incêndio mais verídica. Contudo, eu tive a impressão de que na verdade, ele queria meio que provar seu valor, como se mostrasse que ele também está disposto a fazer qualquer coisa para tornar a ideia de seu irmão em realidade, mas preferi ficar quieto sobre isso, pois achei que era só impressão. Depois eu fui vendo isso ganhando forma, porque o Louis virou quase que um mordomo e nesse extra, ele mesmo diz que percebe que está sendo deixado de lado. O extra mostra que o William só não quer envolver seu irmão mais novo nisso tudo por ser perigoso. Quer proteger seu irmão (fofo), enquanto que o Louis se sente meio rejeitado/inútil. Acredito que essa situação deva ser melhor explorada nos próximos volumes. Fico curioso para saber como será esse “drama familiar” 🙂


  • A edição nacional:

Vou falar da edição nacional de novo? Vou falar da edição nacional de novo sim! Porque eu preciso deixar registrado aqui que o miolo do meu volume está descolando. A capa mesmo está quase solta, daqui a pouco vai dar para soltar tranquilamente o pôster encartado do volume. A encadernação está bem maleável, mas custou o resto do miolo do volume. Eu pensei em colar (e viu fazer isso), mas as paginas iniciais e finais do volume estão soltando também, o que torna mais difícil segurar essas páginas. Estou pensando em trocar/comprar novas edições quando sair as reimpressões, porque não vai ter jeito. Cedo ou tarde vai soltar e possivelmente não vou ter como trocar. Portanto acho que vou acabar trocando por edições da nova tiragem. Vídeo da edição logo abaixo ^^

  • Conclusão:

Ler “Moriarty: O Patriota” está sendo uma experiência excelente, porque como eu comecei a obra pelo anime, eu só conhecia ela por ali e a animação deixa as coisas tão bem amarradas, que eu não sinto falta de nada ali. Esse arco me deixou um pouquinho confuso e que esse capítulo resolve essas coisas, mas são bem poucas, então vida que segue. Quando eu venho para o mangá e vejo que o anime pulou capítulo X, arco Y, eu tenho uma bela surpresa. E sendo sincero, é ótimo, porque ambos se complementam. O anime acaba tendo que pular arcos, algumas partes e compactar outras para conseguir adaptar tudo, mas consegue amarrar tudo para que ele se sustente por si. E como eu disse, é tudo tão bem arquitetado que você não dá falta por nada. Essa história do Albert e da agência secreta da Rainha sequer é mencionada no anime e deve ser abordada na 2ª temporada (no momento que escrevo a postagem, ainda não estreou a segunda parte), mas tenho quase certeza de que vão conseguir encaixar tudo. O mangá é mais detalhado, mais ágil e às vezes pode ser um problema, como foi no 1º capítulo desse volume. Eu ainda vou fazer uma postagem comparando anime X mangá, porque ambos seguem caminhos um pouco diferentes. Pegam a estrutura principal para moldar algo próprio e eu acho muito interessante essas abordagens. Dessa forma, é sempre algo novo para comentar da obra ^^

Enfim, leiam Moriarty e assistam Moriarty. Consumam a obra, não importa em que mídia, porque vale muito a pena. Quem estiver procurando o mangá, não pague mais caro, porque em breve a Panini fará reimpressão dos 4 volumes iniciais! Então aguardem um pouco que até Maio, os primeiros volumes estarão disponíveis novamente <3

Gostei da referência ^^
  • Ficha Técnica:
  • Título original: Yuukoku no Moriarty (憂国のモリアーティ)
  • Título nacional: Moriarty: O Patriota
  • Autores: Ryosuke Takeuchi (roteiro) e Hikaru Miyoshi (arte)
  • Serialização no Japão: Jump SQ
  • Editora japonesa: Shueisha
  • Editora nacional: Panini
  • Quantidade de volumes: Em andamento com 14 volumes
  • Formato: 13,7 x 20 cm
  • Preço de capa: R$ 22,90
Pôster encartado da edição.
Apreciação do Albert com roupa do exército.

3 thoughts on “Resenha: Moriarty: O Patriota (volume 2)

  1. ótima resenha, tão incrível quanto a primeira. Moriarty é uma das minhas obras favoritas ultimamente, já estou no volume 10 e estou muito ansiosa pelo próximo, a tensão está cada vez maior, vale muito a pena acompanhar o desfecho dessa história

    1. Muito obrigado!

      Eu estou muito animado com a obra (acho que já deu para ver pelo tanto que falo da obra aqui). Vou ir para o volume 3 assim que possível. Quero muito ver o desenrolar da trama da série.

      Também é um dos meus mangás e animes favoritos do momento ^^

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