E olha só, Mushoku consegue acertar de vez em quando. Agora se vai continuar assim, aí já é outra coisa.
Olá pessoal! Jamais pensei que diria que finalmente temos um episódio interessante de Mushoku desde seu começo, há 7 meses atrás. Porém, eu e o Alê ponderamos se é algo momentâneo ou duradouro esse desenvolvimento na história que o autor estabeleceu na segunda metade do episódio. Nem tudo são flores, porque ainda tem muita merda sendo mostrada e discutimos a seguir sobre esses acertos e erros na trama.
RUB: Alê, depois de uma semana sem nada o que comentar, retornamos para conversarmos sobre um episódio esquisito de Mushoku. E o pior que falo esquisito não no sentido ruim da palavra, e sim o quão fora da curva esse capítulo do anime foi perante a todos outros lançados anteriormente. Porém, antes de falarmos sobre o grande reencontro entre pai e filho, quero dedicar esse primeiro momento ao inicio do episódio, até para citarmos a progressão do roteiro para chegar no momento principal. A introdução se resume em vários quadros estáticos mostrando toda a jornada da viagem deles naquele continente até chegarem em uma cidade portuária. Me chamou atenção foi a mudança da abertura. Sempre acho muito sem graça todas as músicas que tocam durante o anime. Tanto que essa nova faixa não foi diferente. Notei somente a situação de ter mudado e que pode alterar o quanto quiser que vai continuar entediante todas as openings desse anime. E nesse trecho rola uma piada machista, com a Eris querendo aprender a cozinhar para agradar o Rudeus. Tipo, só ela que precisa cozinhar ali? O protagonista não pode também se interessar pela culinária? Ok, deixaremos para lá. Temos o malandro se despedindo dos protagonistas e seguindo seu rumo. Eu até agora não sei a importância desse personagem. Ele sai caminhando, com a certeza de que vai ficar sumido por vários episódios, para depois reaparecer mais adiante em algum outro arco. Como esse personagem não foi construído ou desenvolvido, ele se tornou mais um figurante qualquer. Quem também está passivo nessa história é o Ruijerd. Ele teve POUQUÍSSIMOS momentos IMPORTANTES nessa temporada, se resumindo ao secundário fortão do grupo. Depois que ele prometeu proteção aos outros dois personagens, ele deixa de ser relevante, sendo somente a força da ‘party’. Até o autor tenta dar ‘destaque’ para ele com o lance do Rudeus querer mudar a fama do Dead End para algo mais agradável e simpático. Somente coisas jogadas para não render nada mais adiante. Só que o Rudeus, depois dele chegarem no hotel, ELE LEMBRA QUE PRECISA AVISAR A FAMILIA QUE ESTÁ VIVO. O personagem passou por várias cidades, conversou com navegadores, conheceu viajantes, porém só lembrou AGORA de fazer uma carta para saber como seus parente estão. Vamos aprofundar mais esse detalhe nos próximos parágrafos, mas isso é o que falávamos há diversos posts passados. O Rudeus caga e anda para sua família. Nem a família da Eris ele pensa saber o que aconteceu ou quer informar que sua filha estar respirando e está tudo bem.
ALÊ: Sim, Mushoku sempre dando um jeito de ser desagradável. A Eris não pode querer aprender a cozinhar para sua própria sobrevivência. Tem que ser pensando em agradar o homem, afinal, tem que saber cozinhar, mas seguimos com a história. Eu acho interessante a ideia de não ter uma abertura propriamente, sendo sempre usando a música de fundo e mostrando a viagem ou algo relacionado ao cotidiano dos personagens. Só queria me importar o suficiente com isso ou que esse tempo fosse usado para desenvolver relações e dar uma utilidade mesmo, porque acho a ideia muito boa. Só acho desperdiçado essa oportunidade. Mas voltando, aquele cara que se despediu no começo, provavelmente deve voltar, até porque ele diz que vai se reencontrar com o Rudeus de novo futuramente. Imagino que em algum momento conveniente, ele deva retornar. Meu chute é que quando nem lembrarmos mais dele, o personagem volta para fazer alguma coisa. O Ruijerd chega a ser um pouco decepcionante, porque lá começo do encontro deles, deram tanto valor ao personagem, ao medo que ele causava e até tinham feito uma construção ok (embora naquela altura, eu já não me importasse tanto porque o foco e o tom da narrativa tinha mudado de forma abrupta). Mas agora o cara é um nada, como uma estátua que serve para ficar parada e abre a boca para falar um A vez ou outra. Até a sabedoria dele – que foi destacada na temporada passada- foi deixada de lado, e agora o Rudeus que é o grande cérebro. E falando na criatura, o Rudeus lembrar da família justo AGORA, me acendeu o radar de que algo viria a acontecer. Eu não gostei tanto, porque poderiam ter dado essa lembrança um pouco antes, com ele recordando e pensando em escrever a carta durante a viagem e resolvesse enviar quando chegasse na cidade. Mas ele chegar na cidade e quase que automaticamente dar um estalo na mente dele, que ainda tem uma família, entregou muito que algo relacionado a isso viria a acontecer logo menos.
RUB: Até nem pensei que iria ocorrer algo com eles nesse episódio, porque o roteiro em diversos momentos joga informações na tua cara e esquece depois desse dado nos minutos seguintes. Então ele ter lembrado da família, só me pareceu estranho, pois a viagem tem como suposto objetivo do Rudeus em levar a Eris para casa. Tanto que quando surge os “sequestradores” e o protagonista avista pela janela, cogitei que MAIS UMA VEZ teríamos uma side quest e que passaria MAIS ALGUNS dias ali resolvendo problemas paralelos que não tem nada a ver com a narrativa principal. Só que até o PRÉ momento importante, tem mais uma piada escrota. Eu sei que falei na review da primeira temporada, mas para mim não faz SENTIDO algum termos o conceito CALCINHA em um mundo medieval arcaico, principalmente fio dental. Não era nem para ter calcinhas de qualquer tamanho. Ceroula seria o mais correto. Mas vamos ignorar por esse momento, pois a cena VAI PIORAR. Apesar de ser MUITO CONVENIENTE o Rudeus achar uma calcinha no meio de um depósito e atrás de várias caixas, o personagem decide fazer um cosplay de ‘Hentai Kamen’, colocando a peça na sua cara, sendo nada discreto ou escondendo sua identidade, porque a cor do cabelo, olhos e formato do rosto ainda aparecem. Gente, essa cena começa não tendo coerência, e fechando com chave de ouro, o Rudeus lambe a droga da calcinha como fosse um predador sexual agressivo de hentais. Até como curiosidade, o protagonista lamber a calcinha é original do anime. Até mesmo a equipe de produção pensa da mesma forma ESCROTA DO AUTOR. EXCELENTE. Vejo que não é só o autor o problema. E olha que nem entrei no assunto de não fazer sentido UMA GUERREIRA vestir um BIQUÍNI para um combate, tendo toda a cena focada no balançar de seus peitos. Se fuder essa cena. Aí aparece o líder dessa gangue. O anime tenta passar que o Rudeus não reconhece o velho e está escuro, mas no primeiro segundo, já vi que era o pai dele. Sério que o próprio filho não reconheceu nem pela voz o seu pai? Só temos essa cena de luta para termos animação fluída e enrolação, porque era visível a identidade do guerreiro bêbado. Entretanto Alê, depois que tem essa luta, finalmente um BOM momento em Mushoku tendo os dois personagens mais ‘merdeiros’ dessa bosta tendo suas ações colocadas como erradas. FINALMENTE.
ALÊ: Sim, sim. O que eu cogitei que poderia acontecer quando entra na parte de sequestro das crianças é que ele não fosse encontrar o pai ou algum parente ali, mas no final do episódio quando já tivesse resolvido esse corre. No fim, o que aconteceu mesmo foi ele encontrar o pai como sendo o líder de uma gangue. Já nem penso mais nessa questão da peça íntima e vestuário, porque de forma geral, as roupas femininas ou são dentro de um estereótipo que é relativamente comum nesse tipo de obra, ou é totalmente descolado para atender os desejos dos jovens otakus, afinal, calcinhas são mais excitantes e dá para relacionar com a realidade. Meu problema maior nesse ponto foi com a guria que estava lutando só de calcinha e sutiã. Assim, qual a necessidade? Para quê? E você vê que não é como se, sei lá, ela estivesse se trocando naquela hora. Aquela é a roupa dela mesmo. O sutiã é meio que reforçado como parte de uma armadura (só que sem ter armadura). Pouco depois daquilo o Paul usa a história da calcinha pra jogar na cara do Rudeus, mas olha, impossível não achar desnecessário e detestável a guria estar praticamente nua. A lambida na calcinha diz muito sobre alguns dos envolvidos nessa produção. Também tem o ponto da animação dos peitos da mulher terem sido super bem elaborado com cada frame feito cuidadosamente. Vou me adiantar um pouco, porque assim, eu sou completamente desacreditado de tudo que vem dessa obra no sentido de autocrítica do personagem. Porque da mesma forma que apontam o dedo para dizer que X é problemático, eles tão mostrando o X como sendo algo legal, bom ou até normal. Então todo o discurso que veio posteriormente e que eu acho muito BOM, não consigo botar fé de que vá de fato para frente. Finalmente colocaram isso na mesa e não somente isso. Pegaram toda a falta de noção de perigo, desapego do personagem e ele estar voltando para casa ao maior modo de ‘excursão pelo mundo’, trouxeram para jogar na cara dele, mostrando que o Rudeus estava sendo um puta cuzão, diminuiu (UM POUCO) o amargo da boca com relação aos últimos episódios.
RUB: Concordo. Analisando até mais profundamente, o roteiro evidencia tanto os erros do Rudeus como o do pai, Paul, porque ambos agiram de forma errada. No caso do Rudeus, por justamente estar de ‘férias’ nesse retorno para casa, estando seguro EM DIVERSOS MOMENTOS e sequer querer saber se sua família estar bem. Também as preocupações do personagem só estando focado em fetiches com crianças e com a Eris em vez da família que o cuidou desde pequeno, evidenciando o egoísmo do personagem, já que NUNCA passou na cabeça dele sobre o que estava acontecendo no outro continente ou com sua família. Se estavam preocupados, se estavam bem ou se precisavam de algo… O Rudeus jamais cogitou outra situação se não satisfazer o seu próprio desejo. Todo mundo pode argumentar o que quiser, mas o Rudeus não demonstra preocupação com a Eris. Em vários momentos, ele ver a personagem como uma garota que cobiça, e que o ‘proteger’ é sempre com segundas intenções. Ela passando mal na embarcação e o protagonista exigindo que ela desse algo em troca, não é sinal de altruísmo e sim de pervertido doente. Agora do outro lado, o Paul que ‘expulsou’ o próprio filho de casa para ele se VIRAR, que jamais se preocupou com a mulher ou amante ou filhas, que nunca foi um símbolo a ser seguido nem como guerreiro e sequer como pai, também foi egoísta de não querer saber como está o filho enquanto ensinava a Eris, ou até mesmo depois do teletransporte, a prioridade não era o Rudeus. Por isso que quando o Paul percebe que o Rudeus se virou MUITO MELHOR que esperava quando teletransporte aconteceu, gerou aquele sentimento de insatisfação e ódio por ter sido um inútil como um pai e de que seu filho conseguiu o superar na sobrevivência e no retorno para casa. Vale também para o Rudeus, porque ele em nenhum momento pensou na possibilidade do teletransporte ter afetado mais pessoas. Ele literalmente pensava com a cabeça de baixo, provando que continua sendo o mesmo escroto da vida passada. Ok, é meio exagerado que o Paul esteja exigindo de uma criança diversas responsabilidades, mas nós espectadores sabemos que o protagonista não é criança NEM FUDENDO e que tem culpa no cartório, porque era um adulto que ficava de pau duro vendo a Eris pelada, mas que sequer pensou se suas irmãs estavam tranquilas e seguras. Ambos estão errados e o roteiro fez bem evidenciar esses lados durante a luta. O finalzinho meio que caga essa parte, quando a Eris e o Ruijerd decidem passar a mão na cabeça do protagonista, amenizando os seus erros. Mas ainda saí dessa cena com saldo positivo, porque ao menos nessa parte, tivemos um confronto de ideias, destacando que os personagens estão sendo escrotos em suas ações. Gostaria que o roteiro abordasse o tema dele sentir desejo sexuais por crianças como uma problemática, mas isso o autor não vai fazer, com certeza.
ALÊ: Sim! Depois de TANTO tempo, finalmente confrontam essas decisões e ações do personagem. A última vez que tinham feito isso, foi o quê? Ainda no começo do anime, por volta do episódio 2 ou 3. Paul fica bem incomodado, até porque ele está muito acabado. Não conseguiu fazer muita coisa e nem encontrou a esposa e filha (a com a empregada). Gosto muito que toda vez que o Rudeus tenta se defender de algo, o Paul vai e joga algo que sequer passou pela cabeça dele, como quando ele pergunta se ele lembrou de sua mãe, ou se ele pensou que o teletransporte poderia ter afetado mais pessoas. Acontece também que o anime amargou um pouco nessa parte, porque eles vêm esticando os acontecimentos da novel, porque precisam parar num ponto específico do original e para isso, precisam ir mais devagar. O episódio passado mesmo, que no livro são poucas páginas de conteúdo, acabou rendendo um episódio inteiro. E nem fodendo que o Rudeus se importa com a Eris. Quero dizer, o autor tenta dizer para o leitor que ele se importa, mas na real, ele só pensa nela como fim de satisfazer seus desejos sexuais. Isso antes mesmo deles começarem essa viagem. Tentava atacar ela, insinuar e tirar proveito da Eris. Essa parte da viagem acentuou muito isso, chegando ao ponto de, como você mesmo disse, querer tirar vantagem dela doente, se excitando com a guria ‘morrendo’ no barco e dizendo que pode ajudar se ela deixar ele fazer o que quiser com seu corpo. Ah, vá tomar no cu. Sobre o Paul cobrar muito dele, eu consigo aceitar mais essa parte, porque a trama é num mundo mais medieval (com muitos ‘porém’ nisso). Acho mais natural que a cobrança por ações sejam mais duras, principalmente com homens, mesmo sendo mais novos. E assim, volto dizer que apesar de ter achado essa parte em específico muito boa, não consigo acreditar que o autor vai marcar ponto e que vai trabalhar na real mudança do personagem, porque voltando lá para trás, isso já aconteceu e que não teve o desenvolvimento esperado. No começo do anime, acho até que foi no episódio 2, focaram na vida passada do Rudeus trabalhando o bullying que sofreu na escola e o que levou a exclusão social, passando a ter medo de interagir com pessoas. Igualmente tinha sido muito bom essa parte, mas logo em seguida, lá estava o personagem assediando a empregada da casa. E eu sei de alguns spoilers do futuro da obra e assim, vendo aquelas cenas, o personagem não parece muito diferente do que foi apresentado até aqui. Só cresceu fisicamente. Mudou algumas posturas, mas a essência do problema continua lá. Porém não tiro o mérito que esse segmento ISOLADO merece, porque de fato, foi bem feito. A ideia da Eris e do Ruijerd estarem lá para passar a mão na cabeça do Rudeus só reforça minha desconfiança. O Rudeus é um dos principais problemas da obra de longe, mas não é o único. Ainda não apaga que todos personagens masculinos são uns merdas, poços de machismos e que toda personagem feminina, mesmo as guerreiras (badass) são cascas vazias que estão sempre sendo relacionadas a sexo, ou a satisfazer as vontades dos homens, construídas em estereótipos horrorosos. Então meus amores, tem muito o que ser questionado aqui na trama.
RUB: Veremos semana que vem, porque o anime vai ter que dar uma conclusão para esse arco estabelecido. Só espero que não role contradições, porque se eles levantarem essa parada do egoísmo do personagem, para que no resto da história, o Rudeus continuar igual, vai ser a maior merda feita pelo autor. E olha que nem estou levando em consideração o fato dele gostar de criança, porque nesse ponto acredito que não vai mudar.
ALÊ: Os próximos 2 episódios vão deixar mais claros as intenções do autor. Se vai para frente ou se voltaremos para a estaca zero (mais provável). E parando para pensar nesse ponto de gostar de crianças, quanto mais ele cresce, pior fica esse pensamento dele. Mas enfim, aguardemos para onde a trama vai nos levar.