Uma estreia muito diferente do que imaginei.

Uma estreia muito diferente do que imaginei.

A Temporada de Primavera de 2022 está começando! O primeiro anime que iremos comentar aqui no blog são os dois primeiros episódios de “ESTAB LIFE: Great Escape”, obra original que eu esperava algo completamente diferente do que vi, mas que apesar disso, apresentou uma estreia interessante e promissora ^^

Sinopse: ‘Quando a população mundial encolhe, o Projeto Sobrenatural de Renovação decide separar Tóquio em distritos. Divididos por muralhas imensas, ciborgues, homens-fera e criaturas mágicas são segregadas em guetos e monitoradas por inteligências artificiais. Alguns se ajustam à nova vida, mas muitos sofrem em silêncio, sem saber de que uma equipe secreta está pronta para ajudá-los. Você perdeu todas as esperanças e está louco para escapar? A Equipe de Escapadores vai te ajudar a fugir!’ Fonte: Crunchyroll.


Eu não costumo ler as sinopses dos animes, mangás e séries que vou consumir. Normalmente, minhas escolhas são baseadas apenas no visual e em alguma coisa ou outra que vejo em teasers. Originalmente, “ESTAB LIFE” não estava nos planos e não era um anime que eu pretendia assistir. O que me fez mudar de ideia foi durante uma live do blog em que eu, o Rub e o Gabriel (amigo e dono do @AvisoDeOferta) estávamos fazendo na Twitch e escolhendo quais animes dessa temporada nós pretendíamos assistir. O Gabriel comentou que havia pego ESTAB e quando leram a sinopse do anime (em inglês), parecia algo puxado para biologia, divisão/segregação das pessoas e que envolvia questões de mutação genética, todos assuntos que me interessam por ser, em partes, da área que pretendo me formar (biologia). Acontece que depois disso, o visual do anime apresentava garotinhas fofinhas, o que não me pareceu muito animador e me fez diminuir ainda mais as expectativas. Porém(!), vendo a estreia, posso dizer que fui surpreendido positivamente. É um tanto diferente daquilo que tinha na sinopse, mas foi surpreendente com esse começo! ^^

O episódio começa com um velório, um clima triste e com as personagens principais (que compõem um grupo tido como criminoso que ajuda as pessoas a fugirem) fazendo o transporte do caixão dessa pessoa. Não demora muito para começar uma confusão: a guria morta na verdade fingia, se inicia uma perseguição, robôs atirando para todo lado, gritaria, uma completa confusão. Pós a abertura, passamos a ter uma linha um pouco mais linear do que estava acontecendo anteriormente e a partir de uma nova história que passa a ser contada, vamos entendendo e sendo melhores situados do que está acontecendo naquele mundo, o porquê da garota fingir estar morta, porque e do quê estavam fugindo, entre outros detalhes.

Pelo que nos é mostrado nesse começo, dá a entender que naquela região onde as personagens vivem, as pessoas são designadas a uma função específica (não sei se por escolha ou se ao nascer, se isso já lhes é determinado). Nesse sentido, as pessoas PRECISAM seguir aquela função do começo ao fim de suas vidas. Passam pelo processo de formação daquela atividade e após isso, precisam segui-la até a velhice. Por essa pressão em seguir essa função, sem ter opções de mudar de profissão, existe pelo menos um grupo rebelde que, quando solicitado pelo cliente, ajuda as pessoas a fugirem daquela cidade para outra, passando por desconhecidos e tendo a oportunidade de recomeçar do zero e buscar algo que elas veem como felicidade. No 1º episódio, acompanhamos a vida de um dos professores das meninas e que acaba pedindo ajuda para elas. O episódio 2 reforça essa minha suposição quando durante uma briga entre gangues, é noticiado na TV e a repórter informa o local do acontecimento e aparenta chamar mais pessoas daquele meio para o endereço, como se aquela fosse a designação delas.

Pelo que nos é mostrado, a base a história é trazer situações de pessoas que estão infelizes com suas funções. Isso dialoga muito com o que a sociedade espera de nós e o que é prestígio. No caso do Japão, por vezes vemos casos em que o ‘prestígio’ é trabalhar em escritório e mesmo “no mundo mundo” das produções de mangás e novels, ouvimos histórias do tipo, como casos de autores que deixaram de trabalhar em empresas para lançar a carreira de mangaká, como foi o caso do autor de “Ousama Ranking”. O escapismo vem como um sinal de esperança e a porta para a felicidade verdadeira, sem se importar com o que se espera de nós.

Eu posso dizer com certeza que muito de ter adorado o anime vem de eu ter esses sentimentos de querer fugir. O Brasil em si está na merda por todo esse desgoverno que agravou ainda mais a questão da pandemia. Além disso, tenho um pai homofóbico (eu sou gay) e vivo diariamente com ele. Tenho que ouvir muita coisa que me faz muito mal e não tenho como sair daqui. Não tenho qualquer expectativa de me mudar, pelo menos não em um curto a médio prazo. Portanto a temática que o anime trouxe, veio em um momento muito específico da minha e que mexe bastante com minhas vontades e desejos. Assim, diferente de “Platinum End” que apresenta um discurso completamente vazio sobre o que é ser feliz, ESTAB consegue construir uma ideia mais palpável e respeitosa sobre fugir, realizar aquilo que é do seu desejo, sem se importar com o que a sociedade espera ou te pressiona a ser ou fazer. O episódio 2 ilustra muito bem com o Yakuza que é apresentado como alguém rígido, sério e até perigoso, mas que queria abandonar tudo para ser uma garota mágica, puramente porque ele tinha esse desejo. Ele via aquilo como um sonho e a verdadeira felicidade para si, e foi atrás daquilo.


Não conhecemos bem a organização das cidades. O único referencial que temos por enquanto é o visual em que todas(?) elas são conectadas por uma estrada. Mas não sabemos se essas aparentes regras de designação de funções só valem na cidade onde a história se passa, já que não teria muito sentido existir isso em outras e as pessoas fugirem para outros cantos de padrões iguais, afinal elas sequer conseguiriam se introduzir nesses ambientes e até poderiam serem presas. Também ainda não é dado um contexto para as personagens em si, vide que elas não são completamente humanas. Uma é parcialmente um slime, a outra tem magias(?) que envolvem armamentos e o personagem lobo que é o mais destoante do elenco. Enfim, tem uma série de questões menores que vem sendo deixadas no ar e que tornam o roteiro mais atrativo para se acompanhar. Estou gostando da maneira que estão trazendo essas informações, muito bem dosado e de uma maneira que não é expositiva demais e que também não te deixa perdido na trama.

O roteiro não parece querer ser muito profundo naquilo que vai abordar realmente. Entretanto, isso não é necessariamente um problema. Pela forma que começaram, se manterem nesse mesmo ritmo até o fim, acredito que teremos uma história redondinha. Esses 2 primeiros episódios foram um pouco mais enredos isolados. Não sei até que ponto será mantido, se será do começo ao fim, ou se as narrativas contadas estão sendo usadas para introdução do mundo, e posteriormente vão passar a trabalhar com algo mais longo e com arcos mais conectados. Não sei onde essa viagem irá nos levar, porém tendo em mente esses dois primeiros episódios, estou bem animado para o que pode sair daqui ^^.

Eu vi um pessoal reclamando do CG, o que eu particularmente discordo. Ele não é do nível que o Studio Orange (BEASTARS; Houseki no Kuni) produz, muito longe disso, mas é competente. É como ver cutscene de um jogo de médio orçamento. Tem alguns momentos que o CG é estranho, mas nada doído aos olhos. A direção é bem competente, principalmente na comédia e na maneira de levar o roteiro. No demais, recomendo o anime e que parece bem promissor :).

O anime está disponível na Crunchyroll

1 thought on “ESTAB LIFE: Great Escape #1 e #2 – Primeiras Impressões

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