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Uma estreia surpreendentemente divertida!

Após alguns meses sem escrever sobre anime (e sem ter assistido nenhum também), estou de volta para comentar uma das estreias mais aguardadas por uma parcela do público que acompanha o blog que é a de “Me Apaixonei Pela Vilã!”. O anime foi anunciado no final do ano passado e está sendo lançado nessa temporada. Estou um pouco atrasado nesse post de primeiras impressões, já que segunda-feira sai o episódio 2. Mas enfim, borá lá falar desse anime que, embora tenha uma produção bem aquém, conseguiu entreter muito!

Sinopse: “Um dia Rei Oohashi acorda no corpo da protagonista do seu jogo de romance favorito: Revolution. E para sua felicidade, a primeira pessoa que ela vê é sua personagem favorita: Claire François, a principal antagonista do jogo. Agora, Rei está determinada a ter um romance com Claire em vez dos vários rapazes que o jogo oferece. Mas como a vilã irá reagir a esse acontecimento imprevisível?”


“Me Apaixonei Pela Vilã!” ficou bem conhecido dentro de uma bolha brasileira, principalmente por causa da autora, Inori., que começou a fazer tweets em português (usando tradutor) para se comunicar com o público que pedia pela novel aqui no Brasil, isso em meados de 2020. Nós do blog compramos a ideia, ajudamos a divulgar e a incentivar que pedissem a novel para a NewPOP e em janeiro de 2021, a editora a anunciou oficialmente! Na época, a Inori. chegou a mandar mensagem para o blog agradecendo a divulgação que fizemos e tempos depois, acabou fazendo o meme “Obrigado, Lacradores.”.

O lado bom de se ter um mangá em publicação na Comic Yuri-Hime é que a Ichijinsha é até bem “generosa” com as obras lançadas na revista. “MAPV!” está tendo adaptação agora, “Sasayaku ni Koi wo Utau” terá anime em janeiro de 2024, em abril desse ano “Watashi no Yuri wa Oshigoto Desu!” teve anime também. E todas essas obras tinham menos de 1 milhão de cópias em circulação quando seus animes foram anunciados. Claro que esses anúncios e o investimento da Ichijinsha no gênero deve estar muito relacionado com o fato do volume de animes Yuri ter aumentado muito nos últimos 2 anos.

O meu receio com a adaptação animada de “Me Apaixonei Pela Vilã!” era principalmente com a direção. Quem está dirigindo o anime é o Hideaki Ooba, um diretor que está há muitas décadas na indústria, mas o último anime que ele dirigiu foi “Koroshi Ai” (primeiras impressões aqui) e ele acertou em NADA da comédia no anime. Isso me deixou muito preocupado porque pelo design de personagens e pelo que haviam mostrado no PV, a produção passou a impressão de que seguiriam mais o mangá do que a light novel (o que se confirmou com a estreia). O mangá tem bem mais a pegada cômica do que o original. Logo, se a direção errasse no timing cômico, praticamente iria arruinar esse começo da obra. No entanto, para a minha grande surpresa e felicidade, ele não só acertou como fez a comédia na estreia MUITO BEM!

Apesar de ter divulgado muito a novel, eu não cheguei a ler nada dela praticamente (só algumas poucas páginas do volume #1), porque enrolo muito para ler os livros. Por isso estava esperando pela adaptação em mangá, mas o tempo passou e até o momento, a NewPOP sequer deu previsão de lançamento. E cá estamos… Enfim, para alguém que não sabia nada muito além da proposta, fiquei bastante surpreso com o que encontrei. O gênero de obras em que a protagonista reencarna em um Otome Game está muito em alta e adaptações em anime desse tipo de obra se tornaram bem frequentes (especialmente depois do sucesso que foi “Otome Game no Hametsu Flag“), mas acho que é a primeira obra Yuri que consumo com essa abordagem. Com tudo isso posto, podemos falar do episódio em si.

Então na história temos a Rei que é uma assalariada triste, que está lá jogando Revolution, seu jogo preferido. Ela apaga e acorda no mundo do jogo. Uma coisa que eu gosto é que em geral, não perdem muito tempo com a vida passada da personagem. É sempre um “Ai, estou ferrada, f*dida da vida, num trabalho merda, uma vida bosta…” e já vamos para o que importa. Eu gosto que ela logo se dá conta que está no jogo, fica encantada e completamente embreada com tudo aquilo, especialmente porque a primeira pessoa que ela vê é a Claire, a vilã do jogo e seu grande amor.

A partir daí temos uma longa sequência divertidíssima de pequenas esquetes em que a Claire tenta a todo custo humilhar, depreciar e até “colocar a Rei no lugar dela” (já que é uma plebeia), enquanto que a Rei segue adorando os maus-tratos que a Claire faz e que estar diante da vilã que ela ama é tudo que mais sonhou. E ela de fato ama a Claire. Tudo que a sua amada faz de ruim com ela, a Rei consegue subverter e sair como algo bom (uma coisa meio masoquista), enquanto que a Claire fica sem saber o que fazer para lidar com a garota que tanto despreza, porque de fato é um caso muito atípico. Não é todo dia que você faz maldade e esse alguém gosta dessas práticas.

Não julgo ela. O conceito de vilã em MAPV, enquanto personagem maravilhosa e carismática, é incrível. É aquele tipo de personagem que faz o que faz, mas você não consegue odiar. É um dos melhores tipos de vilão que tem, inclusive. É quase uma Vanessinha da novela “Todas as Flores“. Sabe, a pessoa é totalmente equivocada, mas é um equivocado que te entretém, te diverte, e que convenhamos, por muitas vezes, a vilã é mais interessante que a protagonista mocinha 😶

Letícia Colin como Vanessa, na segunda fase de ‘Todas as Flores’ — Foto: MM: Globo / Manoella Mello

Um acerto muito grande da direção na montagem dessas primeiras cenas é que quando a Claire faz alguma maldade, a música que toca no fundo é mais tensa, do tipo “Ô meu deus, como ela é má”, para logo em seguida ter uma quebra com a Rei achado aquilo incrível. É excelente e maravilhoso!!!! Tem uma cena nesse episódio em que a Claire joga um copo de água na cabeça da Rei, aí a Claire começa a rir com aquela risada caricata de vilã (Ohohohohoho!!!) e a reação da Rei é simplesmente abraçar a Claire e falar “Oh, Claire-sama, me aqueça~~”. Perfeito!

O episódio flui muito bem e passa bem rápido. A introdução das personagens é muito boa e estabelecem qual será a dinâmica das duas nesse começo. No decorrer do episódio temos uma aposta entre as duas e vemos mais no final um aspecto interessante quanto à Rei (não vou dizer caso ainda não tenham visto, mas quando verem, vão saber do que me refiro) e vamos ver como isso vai movimentar os personagens principais do jogo.


Quanto a produção, é um anime da Platinium vision, então assim, não tem como esperar muito da animação. Na verdade, é um anime bem estático e quando os personagens se mexem, é algo bem limitado. O diretor consegue contornar essas limitações para fazer a comédia acontecer, então mesmo com esses detalhes, por enquanto estão dando conta do recado. Fico mais preocupado com o mais para frente do anime, porque vamos ter algumas partes mais dramáticas e fico um ansioso, porque em geral, essas cenas exigem mais da produção e estou curioso em como o diretor vai lidar com esses momentos. Na comédia ele acertou muito, porém vamos ver como ele lida com o drama irá aparecer.

O que me incomodou mais no quesito de produção foram duas coisas: a 1ª são os cenários que tão muito falsos (ou destoantes). Tem cenas que estão esquisitas nesse aspecto. O prédio da escola está muito mal polido, o que dá uma impressão ruim. E a 2ª coisa são os olhos, especialmente os dos personagens. Isso incomodou mais o Rub do que eu, mas é inegável que é um tanto triste você olhar o design dos olhos das personagens na novel e no mangá e comparar com os do anime. No anime eles tiveram que simplificar ao máximo e ficou uma coisa muito opaca e sem charme, infelizmente.

Mas, apesar dos pesares, a produção parece bem adiantada, isso porque o anime teve pré-estreia em meados de Julho, se bem me lembro, e lá foram exibidos 2 ou 3 episódios. E não só isso, como também temos como evidência o fato de que estamos tendo simuldub do anime na Crunchyroll. O anime estreou na última segunda-feira (2) já com a dublagem disponível. Eu não assisti a versão dublada, mas vi alguns amigos falando que está boa. Então fica a indicação para quem prefira ver animes dublados ^^.


Um destaque realmente positivo vai para as dubladoras japonesas do anime que são EXCELENTES! A Yuu Serizawa (Rei) e a Karin Nanami (Claire) ficaram ótimas nos seus papéis. A voz da Rei eu estranhei de primeira, mas logo me acostumei e no final do episódio estava amando o trabalho dela na personagem. Eu não tinha percebido, mas quem faz a Rei é a mesma dubladora da Yumemi de “Kakegurui” e quem faz a Claire é a mesma dubladora da Yuriko, também de “Kakegurui”. Elas conseguiram mudar o tom de voz para se adequar aos seus respectivos personagens tanto em “Kakegurui”, como aqui em “Me Apaixonei Pela Vilã!”. Elas estão perfeitas em seus papéis!

A OP eu tinha estranhado a música no começo, não tinha gostado muito, mas acabei simpatizando bastante depois de ouvir outras vezes ^^.


“Me Apaixonei Pela Vilã!” foi uma estreia muito divertida, bem melhor do que pensei que seria e de fato me surpreendeu positivamente. Recomendo ficarem de olho e ao menos darem uma chance, mesmo que a animação não esteja lá aquelas coisas. Confia que vai valer a pena!

O anime está disponível na Crunchyroll e todos os volumes da novel original (5 volumes no total) foi lançada no Brasil pela NewPOP. Os volumes ainda estão disponíveis para quem quiser ler a história na versão original.

É isso! E pelo menos dessa vez, devemos ter outros posts de primeiras impressões. Fiquem atentos que nos próximos dias deve sair mais alguns 🙂

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