“Madougushi Dahliya wa Utsumukanai” ou “Dahlia in Bloom”, é um dos animes da Temporada de Verão de 2024 e que eu particularmente tinha muitas expectativas e elas não foram exatamente atendidas. Então vamos ao post.
Sinopse: “Depois de uma vida de workaholic no Japão, Dahlia renasce como uma especialista em magia em um novo mundo, mas sua segunda vida tem uma mudança inesperada. Noiva, traída e orfã—tudo isso antes da lua de mel? Que plot twist, hein! Assista Dahlia transformar um coração partido em um brilhantismo para confeccionar varinhas e declarar sua independência. Nesta história, a verdadeira magia é a auto-descoberta e Dahlia é uma feiticeira do seu próprio destino.”
A sinopse de “Dahlia” parte de um ponto muito familiar para quem já se aventurou um pouco pelo mundo dos animes: a protagonista, exausta de tanto trabalhar e frustrada pelos rumos que sua vida tomou, morre e reencarna em um mundo diferente, passando assim a ter uma nova oportunidade de viver com novas possibilidades para explorar. Nada de muito novo. E nesse mundo, o que vamos encontrar aqui são aparatos mágicos tecnológicos que pessoas utilizam em instrumentos e utensílios básicos. Então, por exemplo, uma mangueira se utiliza uma pedra mágica de água para que se produza o elemento e assim por diante. A Dahlia, nesse ponto, é filha de um importante desenvolvedor e criador desses utensílios, e passamos o episódio quase que inteiro vendo ela criar um secador de cabelo.
Minha “decepção” com o anime não é exatamente por culpa da obra, mas por minha culpa mesmo. Eu conhecia a obra de vista, no entanto nunca tinha parado para ler a sinopse (tem horas que isso faz falta). A primeira vista, a grande impressão que a obra me passava era de uma vibe meio “Apotecária”, mas não como em “Diários de uma Apotecária” (Kusuriya no Hitorigoto), mas sim de “Akagami no Shirayuki-hime“, uma obra que ficou bem popular dentro de uma bolha que gosta de romances por causa da adaptação em anime entre 2015 e 2016 sobre uma garota de cabelos ruivos (algo extremamente atípico na região) que conhecia um boy magia maravilhoso, e a partir desse encontro e por causa de outras questões, ela vai trabalhar no castelo desse príncipe como curandeira/apotecária. Um shoujo delicioso. Enfim, como “Dahlia” trazia muito esse elemento florífero nos visuais e até na novel original, achei que a vibe fosse parecida com a inclusão de magia. Porém é muito diferente disso. É aquilo que dizem: ‘a expectativa é a mãe das roubadas’.
Mas voltando a história, o que vemos aqui é essencialmente a construção de um relacionamento de pai e filha. E uma boa construção, algo que não vejo tem uns anos. É muito gostoso e bonitinho ver esse desenvolvimento do relacionamento entre os dois. A gente sabe que a Dahlia não tem uma figura materna na casa (ainda não tem o motivo) e quem vai servir como mediadora ou a pessoa que irá colocar ordem na casa é a governanta, a Sophia, que fica de olho na Dahlia quando o pai (Carlo) não está em casa para resolver algum assunto de trabalho, ou mesmo para dar puxões de orelha no Carlo por alguma decisão burra que venha a tomar como passar a noite toda acordado com a Dahlia.
Então o episódio segue mostrando o relacionamento deles, utilizando da ideia que a Dahlia teve de criar um secador de cabelo. As coisas não saem como a Dahlia quer, quase toca fogo na casa, mas ao fim os dois trabalham juntos para que a criação seja feita. E eles fazem tudo isso em uma noite. Após esse ponto aqui, nós temos um salto temporal e vamos ver a Dahlia agora jovem, tentando seguir os passos do seu pai e ser um inventor. O problema que já evidenciam logo de cara é que ela não é tão boa quanto o pai. Passaram-se os anos e ela não consegue fazer utilização de magia. Ela até tem boas ideias para a construção de utensílios, mas a parte da execução não consegue chegar lá e creio que esse vai ser o ponto principal da série, partindo o ponto que ela não é exatamente formidável para isso e talvez, tentando desenvolver suas habilidades.
Se o episódio não é perfeito é muito por causa da falta de conexão da Dahlia com sua vida anterior. Não deixam claro se a Dahlia morreu e reencarnou, se ela tem consciência da sua vida passada, se tem memórias da outra vida… Pode parecer algo muito pequeno, porém não saber disso acaba fazendo uma diferença enorme do episódio, porque há momentos que ela parece ter lembranças da vida passada. Por exemplo, quando ela propõe a criação de um secador de cabelo, desde o nome até o design, é muito parecido com o que conhecemos. Outros momentos há falas dela que deixam dúbio quanto a isso. E assim, era só uma linha de diálogo expositivo para deixar isso claro. Poxa, logo no começo do episódio já tem um do Carlo explicando o funcionamento das pedras mágicas e assim, diálogo expositivo por diálogo expositivo, que colocasse logo um monólogo da Dahlia. Aqui, o monólogo fez muita, mas muita falta, justamente porque não dá para se situar em quem é a Dahlia naquele ponto da história. Espero que deixem evidente no episódio 2, porque senão, é bem provável que continue me incomodando esse aspecto.
Quanto a direção e produção, achei bem competente. Quem está dirigindo o anime é o Yousuke Kubo, que está fazendo sua estreia na direção de um anime e para uma estreia, achei bem ok. O anime está sendo feito por dois estúdios: o Typhoon Graphics (estúdio de “Raeliana”) e o Imagica Infos (um dos produtores de “Kusuriya no Hitorigoto”). São estúdios bem novos e mais limitados, mas está bonito visualmente, com exceção do CG que está bem destoante em alguns momentos. Reparem em alguns cenários, especialmente nas plantas que dá para perceber.
Não sei o que esperar do anime, sinceramente. Acredito que vale pelo menos a regrinha dos 3 episódios para ver se convence melhor. ^^