Temporada de Inverno de 2025 a todo vapor e outro anime adaptando um material de demografia feminina (outro Shoujo) é “Douse, Koishite Shimaunda.”, disponível na Crunchyroll com o título “Anyway, I’m Falling in Love with You” (saudades da curta época em que a CR traduzia os títulos dos animes…) e cujo mangá original é publicado no Brasil pela Panini sob o título (maravilhoso) “Vou me apaixonar por você mesmo assim”. Tenho alguns comentários não muito positivos para fazer para o anime, então vamos nessa.
Sinopse: “O aniversário de 17 anos de Mizuho, uma garota do segundo ano do colegial, está sendo o pior possível. Além de ter perdido a oportunidade de se aproximar do senpai a quem tanto admira, seu pai se esqueceu completamente da data… Apesar de achar que não existe nada de fascinante na juventude, seu amigo de infância, Kizuki, de repente se candidata a seu namorado…
Venha se jogar de cabeça nesse amor brilhante! Este é o tão aguardado primeiro volume desta história que dá um apertozinho no peito!!”
Sendo bem sincero, eu achei esse episódio uma coisa bem triste e por alguns fatores. Hoje, dia 11 de Janeiro, além desse texto de primeiras impressões, também saiu a resenha do volume 1 do mangá (que eu escrevi antes desse texto aqui) e lá eu já comento que o mangá não foi muito do meu agrado, achei ele uma coisa bem sem sal, com umas situações e personagens que não me convencem muito. Fato é que não faz muito tempo que terminei de ler o volume 1 do mangá para poder escrever a resenha e talvez por eu já não ter gostado da história lá e sendo um mangá que eu não curti, vendo esse episódio, ele passou terrivelmente, horrorosamente devagar. Foi uma eternidade para conseguir assistir a esses 20 minutos, que me soaram tão vazios e sem alma e talvez por ser um material que vi há pouco, talvez essa experiência tenha se tornando um pouco pior do que poderia ser se eu não conhecesse o material base.
A história, como bem dito na sinopse (que eu tive que pegar do mangá, porque a do site da Crunchyroll aparece em inglês), acompanha a Mizuho, que no ano de 2020, é uma estudante colegial e possui quatro amigos de infância (Kizuki, Shin, Airu e Shuugo). Todos eles moram no mesmo residencial e todo mundo se conhece “desde sempre”, ao ponto da Mizuho considerar todo mundo ali como se fossem irmãos, daqueles que não dá para esconder nada entre eles. Há duas questões na vida dela: ela tem o sonho de ser mangaka e trabalha desde já com isso, tentando fazer produções e apresentando para um editor – o que não tem dado muito certo para ela ultimamente – e a outra, é que ela gosta do veterano dela, o Saitou, que é membro do clube de natação da escola.
Se na vida de mangaka as coisas não vão muito bem, na vida amorosa, vão pior ainda, isso porque há uma doença se espalhando e conforme ela avança, diversos eventos escolares vêm sendo cancelados um após o outro, o que deixou o Saitou muito frustrado, não somente por memórias que poderiam ser feitas nesses eventos terem sido ‘roubadas’, mas também porque os campeonatos de natação estão indo paro o ralo um após o outro também. A Mizuho tenta dar uma palavra de conforto (que vale dizer, foi muito ruim, era melhor ter ficado quieta) e acaba se declarando para o Saitou, que por sua vez, não vê com muito bons olhos e rejeita ela meio no automático.
Naquela noite, mais tarde, voltando para casa ela se depara com uma festa surpresa feita pelos quatro amigos, o que a deixa bem emotiva, já que né, um fora daqueles dói na alma. Ela vai junto do Kizuki buscar o bolo e na volta, o Kizuki se declara para ela, apagando as velas do bolo dela e desejando ser o namorado da Mizuho (ele é meio descompensado), o que deixa a Mizuho totalmente surpresa e abalada. Nesse momento, não é um abalo do tipo “omg, eu gosto dele também” e sim algo mais para espanto mesmo, já que ela nunca tinha pensando nele (e nenhum dos outros amigos) dessa forma.
No dia seguinte, ela tenta evitar o Kizuki, mas não tem muito sucesso. No intervalo, umas garotas pedem para ela entregar uns doces que elas fizeram para o Kizuki, porque elas não tinham coragem para fazê-lo e vão embora. Mais tarde, a Mizuho vai fazer a entrega desses doces, o Kizuki acha que foi ela que fez para ele, ela explica a situação, ele não gosta, porque no fim das contas, é meio que ela ignorando o que ele disse para ela e o episódio termina com o Kizuki reforçando a declaração dele, dizendo que tem certeza de que ela irá se apaixonar por ele e a beija, em uma cena muito bonita esteticamente falando. E falando nisso, creio que foi a única sequência de cena realmente elogiável no episódio, porque de resto, foi muito complicado.
O anime está sendo feito pela Typhoon Graphics, o mesmo estúdio de “Dahlia in Bloom“, lançado ano passado. E é um estúdio muito limitado e que tem uma leve tendência a piorar a animação no decorrer dos projetos, então imagino que o mesmo vá acontecer aqui. Mesmo eu não gostando tanto assim do mangá, é sempre muito triste ver a quantidade de obras de demografia feminina que mesmo vendendo muito bem (a média do mangá é de 125 mil cópias por volume), continuam a receber adaptações com produções medíocres, com direções que meu deus (como é esse o caso) e que realmente desperdiçam o potencial dessas obras de alcançar um público legal. Mas assim, dentre todos os problemas que o anime tem, o que pesa mesmo é a direção, sem dúvidas. A direção do Junichi Yamamoto está muuuito plana aqui, quase sem brilho (com exceção de um corte aqui e ali). Digo, tem alguns cortes que eu realmente acho muito bonitos, tem alguns enquadramentos de câmera muito bons, mas acaba sendo só isso, partes… porque quando você junta na totalidade, é algo tão… sem sal. É triste.
Tudo bem que a animação não ajuda, mas definitivamente é um trabalho pouquíssimo inspirado e para completar, na temporada passada ele estava dirigindo “Haigakura” (um Josei) no mesmo estúdio e que enfrenta problemas de produção, tanto que nem terminou ainda e só teve 8 episódios (de 13) exibidos, ou seja, são dois animes ao mesmo tempo, o que no fim das contas, pode impactar (negativamente) o andamento de “Douse”. Se as coisas já não estão exatamente bem em animação agora (em depressão que deixaram os garotos todos feios), não quero nem ver o que será desse daqui, daqui algumas semanas. É ver se vão conseguir terminar a exibição no tempo certo…
Algo que não comentei na resenha que fiz do mangá é que a Mizuho do futuro (de 2030) parece ter se tornado uma pessoa meio frustrada, com o editor dela cobrando se ela conseguiria finalizar o mangá até o fim do ano, mas especialmente porque ela olha para trás (e aqui, literalmente) e pensa nesse passado como memórias brilhantes. Acharia meio interessante se no fim das contas, ela fizesse umas escolhas erradas e não ficasse com nenhum desses amigos. Seria meio deprimente? Sim. Mas quem disse que a vida é feita só de acertos, não é?!
Eu reafirmo aqui que gosto da dinâmica dos personagens enquanto amigos, porque como todo mundo segue um arquétipo de personagem bem diferente do outro (o Shin é o tsundere, o Kizuki é o meio bobão, o Airu é o garoto popular e o Shuugo é o CDF), é um potencial muito bom para criar esse constraste divertido de ver e acompanhar, porém, quando envolve o “casal” Kizuki x Mizuho, eu realmente não consigo gostar. Falta tempero. E quanto ao beijo que ele dá de surpresa na Mizuho… olha, tem tanta coisa que eu desgosto nessa adaptação (e no mangá) que esse beijo acabou sendo algo bem ‘de menos’ para mim. O que acho quanto a isso? É no mínimo estranho, porque faz tempo que não vejo um Shoujo que recorre a esse tipo de coisa do roteiro (ao menos do que me lembro). É um recurso velho? É, mas como eu disse, tem tanta coisa pior para mim, que isso acaba sendo só “isso”.
E por fim, agora trazendo algo da resenha e que gostei bastante na obra, é pano de fundo da doença que está se espalhando. 2020 foi o ano que marcou o alastramento da COVID-19 ao redor do mundo, o que acarretou em diversos impactos na vida das pessoas (seja na vida social, mas também no trabalho, na forma como tínhamos contato com outros, e sem esquecer das milhares de mortes). A obra não diz que essa tal doença é COVID propriamente e nem precisa na real, porque o que acho bacana é que ela não trata da doença em si, mas sim, dos impactos que ela traz na vida colegial dos personagens. Logo, o clima da obra – nesse ponto, até onde vi – não fica pesado. Quero ver de quais formas mais essa pandemia pode impactar na vida dos personagens e quais dramas isso pode vir a trazer para a narrativa da série. Assim como no mangá, estarei torcendo para que esse aspecto tão interessante seja deixado de lado e siga permeando a vida deles.
Bom gente, é isso. Vendo o anime, eu não gostei, achei bem pior que no mangá (que pelo menos lá, é bonito), com uma falta de ritmo tremenda, mas eu preciso fazer a consideração de que talvez alguém que não conheça nada do original ache mais tragável. Eu particularmente diria que se fosse para consumir algo da obra, valeria mais ir atrás do mangá direto – por sinal, o episódio 1 adaptou 2 capítulos do volume 1 do mangá. Caso ainda queira dar uma olhada no anime, se o episódio 1 soar ok para você, vale pelo menos ver até o 3º para ver.