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E mesmo assim, não me cativou...

Olá, pessoal! Espero que estejam bem e que tenham passado bem a virada do ano. É começo de 2025 e um dos animes que irão estrear nesta Temporada de Inverno é a adaptação animada de “Douse, Koishite Shimaunda.“, cujo mangá é publicado no Brasil pela Panini sob o título “Vou me apaixonar por você mesmo assim” (e eu amo essa adaptação do título). Então, aproveitando essa ocasião, resolvi escrever sobre o mangá no blog 🙂 . Se tudo der certo, as primeiras impressões do anime e a resenha do mangá estarão saindo mais ou menos próximos, no mesmo dia, se possível, então fiquem de olho ^^

“Vou me apaixonar por você mesmo assim”, como disse, é publicado no Japão sob o título “Douse, Koishite Shimaunda.” (どうせ、恋してしまうんだ。). É um mangá escrito e ilustrado pela Haruka Mitsui. A obra está em publicação no Japão desde Novembro de 2020 na revista Nakayoshi, revista Shoujo da editora Kodansha. O mangá está em andamento com 10 volumes, sendo que o 10º foi lançado agora, em 10 de Janeiro. A série possui 1.25 milhão de cópias em circulação no Japão. No Brasil, o mangá foi anunciado pela Panini em Março de 2024 e começou a publicar a obra no final de Julho do mesmo ano. Atualmente, 6 volumes foram lançados pela editora.

Sinopse: “O aniversário de 17 anos de Mizuho, uma garota do segundo ano do colegial, está sendo o pior possível. Além de ter perdido a oportunidade de se aproximar do senpai a quem tanto admira, seu pai se esqueceu completamente da data… Apesar de achar que não existe nada de fascinante na juventude, seu amigo de infância, Kizuki, de repente se candidata a seu namorado…
Venha se jogar de cabeça nesse amor brilhante! Este é o tão aguardado primeiro volume desta história que dá um apertozinho no peito!!”


  • História e Desenvolvimento

Antes do anúncio do mangá no Brasil, eu já tinha visto algumas coisa sobre o mangá algumas vezes, porque embora ele não seja exatamente popular no Ocidente, ele vende muito bem no Japão e eu já conhecia a autora de vista, por um outro trabalho dela, anterior a “Vou me apaixonar”, chamado “Houkago, Koishita.” que foi publicado na Dessert entre Janeiro de 2017 e Abril de 2020 (8 volumes no total). E, no entanto, nunca fiquei particularmente atraído pelo trabalho da mangaka, ao ponto de pesquisar realmente sobre a obra e carreira dela – era uma época que estava começando a acompanhar mercado. Porém, é fato que com o anúncio do mangá no Brasil, fiquei contente porque era raro (e ainda é) ter Shoujos mais longos no mercado e com um timing bom, já que a adaptação está por estrear agora e já temos vários volumes lançados. Não tendo lido a sinopse e só sabendo a premissa básica da história (4 amigos de infância apaixonados pela protagonista), a obra me soava como algo parecido com “Furi Fura – Amores e Desenganos”, da Io Sakisaka e que eu absolutamente amo! O grande problema, entretanto, é que o mangá está muito distante disso e de um jeito ruim, já que no fim das contas, eu acabei por não gostar do mangá tanto assim.

O que me pega no mangá e de um jeito que eu não sei explicar muito bem é que ele segue uma estrutura muito clássica de mangá Shoujo e que eu nunca tive problemas. Já li várias histórias de amores de infância, seja no mangá Shoujo, como no Josei e no BL, sejam aqueles que vão para um lado mais fofo ou “inocente”, por assim dizer – como o próprio “Vou me apaixonar por você mesmo assim” – ou mesmo aqueles que vão para um lado mais “quente” – como “Honnou Switch“. Sendo assim, ele tinha muito potencial para ser um mangá que eu certamente iria gostar, afinal, não tinha muito porquê de isso não acontecer. Eu comecei lendo o volume 1 muito interessado e animado no que a história tinha para me contar e isso foi se desgastando, ao ponto de ir me deixando quase que indiferente ao que estava sendo contado. Na metade do volume, eu parei de ler (eu comecei meados de Dezembro do ano passado) e fui terminar só agora, no começo de Janeiro, para fazer a resenha aqui no blog.

Um problema que eu consigo enxergar logo de cara quando penso nessa série é que eu sinto que ela não tem carisma. Vejamos, as coisas acontecem e eu não consigo me conectar com o que se passa, seja nas situações que a protagonista se envolve, como nos próprios personagens. É tudo muito sem sal aos meus olhos. E acho que a força motriz disso tudo está na protagonista, a Mizuho, porque eu acho ela sonsa (desculpa). Vamos por partes: a Mizuho está no colégio, ela gosta de um garoto, o Saitou, que é um veterano e está no clube de natação, nesse meio tempo, temos os quatro amigos de infância dela: Kizuki, Shin, Airu e o Shuugo. Todos têm a mesma idade, todo mundo cresceu junto, já que eles moram no mesmo residencial e eles têm uma relação bem próxima, que a protagonista define como “quase irmãos”. A história se passa em 2020 e há uma doença se espalhando, o que está fazendo com que eventos que reúnam muitas pessoas (viagens, campeonatos e afins) sejam cancelados, um após o outro. Esses cancelamentos deixam o Saitou deprimido, já que o fim do seu período escolar e as ocasiões que memórias poderiam ser feitas, estão sendo perdidas. A Mizuho tenta dar uma palavra de conforto, o que não dá nem um pouco certo e ele dá um fora nela. No mesmo dia, mais tarde, a Mizuho é surpreendida com uma festa de aniversário surpresa feita pelos garotos e, para completar o dia, o Kizuki e ele se declara para ela e a beija.

Me irrita um pouco na Mizuho – o que faz ela parecer sonsa para mim – é a maneira como ela tem atitudes que parecem como se ela não se importasse (ou não quisesse ver) o óbvio. Em dado momento no volume, após o Kizuki já ter se confessado para a Mizuho, umas garotas pedem para a Mizuho dar uns biscoitos que elas tinham feito para o Kizuki (ele é um garoto popular), porque elas tinham vergonha, mas queriam que ele notasse elas. Aí lá vai ela levar os docinhos, o que vai total desagrado do Kizuki, porque soa como se ela não se importasse (e ela até diz que não se importa). Ela tem obrigação em corresponder o guri? Obviamente que não – e acharia até interessante se não correspondesse – mas a forma como isso está sendo levado me irrita um bocadinho. Todo momento que leio, a Mizuho me parece muito o que a Rita Lee diz naquele vídeo: “Ai ela é toda boazinha, ela é toda do bem, ela tão galera…” e no fim, o que eu acho? Chata pacas.

Quase mesma coisa posso dizer desse casal Kizuki x Mizuho, que eu acho bem apático. Uma coisa que uma seguidora disse e eu preciso concordar, é que o Kizuki tem muita atitude e é muito incisivo no desejo que ele tem de ter um relacionamento com a Mizuho, porém, mesmo assim, ainda não consigo curtir o casal. Acho o arquétipo de personagem que o Kizuki faz não muito interessante – embora tenha momentos que eu ache ele fofo, como quando ele estava chorando – e dentre os 4 amigos de infância, o Shin e o Airu são personagens que me soam mais interessantes, especialmente o Shin que me pareceu mais tsundere.

Olha ele tentando fingir que não se importa, quando está claramente apaixonado 🥹

Mas calma, nem tudo são críticas ou defeitos, se no que envolve o casal e a protagonista as coisas não vão bem, por outro lado, gosto muito da interação dos 5 personagens enquanto amigos de infância e em coisas mais cotidianas que envolvam todo o elenco principal. Separados não vai muito bem, mas juntos, as dinâmicas entre eles funcionam melhor, isso porque cada um tem um tipo de personalidade, o que por sua vez vai acarretar em um contraste mais interessante de ver, sem contar que a amizade deles é algo bem feito.

Outra coisa que gostei bastante foi a questão da doença se espalhando. 2020 para nós foi o ano fatídico da COVID-19 se espalhando, o que por sua vez, levou a muitos impactos na vida das pessoas como um todo (sem falar nas mortes). Aqui, a autora não fala ser COVID, mas o que acho bacana e é algo que ela comenta numa pequena entrevista que tem no final do volume, é que ela não trata da doença em si, então o clima do mangá não fica pesado, muito menos corre o risco dela trazer alguma abordagem equivocada (não é, Manuela Dias?), já que o mangá começou a ser feito no final de 2020 e muita coisa mudava conforme se fazia descobertas quanto à doença. Ao mesmo tempo que a doença está ali de pano de fundo e influencia diretamente na vida dos personagens, como os casos de cancelamentos de viagens e de campeonatos. Quero muito ver de quais formas mais essa pandemia pode impactar na vida dos personagens. Estarei torcendo para a autora não deixar esse aspecto tão interessante muito de lado e seguir permeando e impactando a vida deles.

Como último aspecto que quero destacar aqui, quero levantar uma questão quanto ao romance. Assim, essa é uma história que parte da premissa de ser como um harém, já que todos os personagens, mais cedo ou mais tarde, irão se declarar para a protagonista (os 4 primeiros volumes tem uma capa para cada amigo de infância, então imagino que cada volume vá dar destaque para um personagem), só que esse volume já me pareceu muito “fechado” no Kizuki, ao ponto de a própria Mizuho já estar bem mexida e estar se perguntando se gosta dele. Eu não sei se a autora vai conseguir sustentar essa proposta no ponto de pelo menos soar convincente de que todo mundo ali tem mais ou menos as mesmas chances… de toda forma, espero que pelo menos cada um dos garotos tenha ‘uma história própria’, com seus próprios dramas e questões, já que pelo menos dois deles eu gostei bastante.

Ao fim, o que fez com que eu ficasse com uma impressão um pouco mais positiva do mangá, foi a pequena entrevista que tem no volume e o posfácio da autora, que tem possuem informações bem legais. Não fosse isso, o gosto como um todo seria bem mais amargo. Vale dizer, porém, que embora eu não tenha gostado, eu sei que tem gente que gostou e gostou muito! O Kyon, da Biblioteca Brasileira de Mangás, adora a série e está sempre recomendando, então assim, é ver o que pode funcionar. Vou deixar a resenha que ele fez do volume 1 linkada aqui, para quem quiser ter uma outra perspectiva.


  • A Autora

A Haruka Mitsui começou sua carreira em 2014 com o one-shot “Banken Hero“, publicado em Julho de 2014 na revista Dessert (Kodansha) e que foi o vencedor do Prêmio de Excelência no 35º Dessert Newcomer Manga Awards. Meses mais tarde, em Outubro, ela lança outro one-shot na revista intitulado “Massugu Kimi e“. Ela encerra o seu 1º ano de mangaka com outro one-shot: “Daisuki no Yukue“, também na Dessert e lançado em Dezembro. Em 2016, sai o seu primeiro trabalho encadernado: “Atashi Kisushita“, um mangá em 2 volumes que reúne histórias curtas da autora. 2017 marca o ano como sendo o da estreia da primeira série longa da autora com “Houkago, Koishita.“, que foi publicado até Abril de 2020 e sendo completo em 8 volumes. Ainda em 2020, ela publica um novo one-shot intitulado “Purple Moon ga Kagayaku Yoru ni.“, este foi lançado na Dessert Blue, a revista suplementar da Dessert. E por fim, 2020 é o ano em que “Vou me apaixonar por você mesmo assim” estreia. A obra, além de ser o maior sucesso da carreira da autora até aqui, também marcou como a primeira colaboração dela com a revista Nakayoshi (Kodansha).

Volumes #1 e #2 de “Atashi Kisushita” e volumes #1 e #8 de “Houkago, Koishita.

Algo gosto muito nos trabalhos dela, são as capas. Ela faz capas muito lindas, com um ótimo uso de cores e com algo que eu amo: pintura manual. Métodos mais tradicionais de pintura estão ficando cada vez mais raros e no Shoujo, isso me deixa particularmente triste, então é sempre bom ver autoras que ainda mantém a pintura no modo tradicional ^^


  • A edição nacional

“Vou me apaixonar por você mesmo assim” é publicado no Brasil pela Panini no formato 13,7 x 20 cm, com papel off-white 66g e capa cartonada fosca. O mangá começou a ser publicado ao preço de R$ 39,90 e atualmente (a partir do volume 7) custa R$ 43,90. No volume, vieram dois brindes: um mini-caderno e um marca página. Abaixo, há um vídeo mostrando a edição nacional em detalhes:

A edição está bem maleável, com boa encadernação. O texto está bom e também não encontrei erros de digitação. O mangá, no entanto, apresenta transparência, o que já é (praticamente) o padrão da Panini nessas edições.


  • Conclusão

Eu sou uma pessoa que sempre tenta ao máximo ver o melhor que há em obras de demografia feminina, então mesmo as obras que as pessoas acham mais simplórias (e vendo isso como algo ruim), lá estou eu exaltando as qualidades, mas aqui realmente não me convenceu. É um mangá em andamento com 10 volumes e eu tenho até o segundo aqui e realmente não tenho ânimo algum de continuar (e olha que eu pensei em comprar até o 4 de uma vez, mas felizmente não fiz isso). Mas é aquilo que disse: tem gente que gosta e acho que vale a pena ver o porquê delas gostarem e ponderar se você pode curtir ou não.

O anime já estreou e irei ver, com certeza. Já me ocorreu de eu gostar mais do anime do que de um mangá (o mais normal de acontecer é o inverso), então vai que acontece de novo e eu ache os personagens mais tragáveis na animação. De toda forma, aguardem que logo menos venho comentar no blog também ^^

É a melhor página do volume, rs

  • Ficha Técnica
  • Título original: Douse, Koishite Shimaunda. (どうせ、恋してしまうんだ。)
  • Título nacional: Vou me apaixonar por você mesmo assim
  • Autora: Haruka Mitsui
  • Serialização no Japão: Nakayoshi
  • Editora japonesa: Kodansha
  • Editora nacional: Panini
  • Quantidade de volumes: Em andamento com 10 volumes
  • Formato: 13,7 x 20 cm; capa cartonada fosca
  • Preço de capa: R$ 40,90 (do 1 ao 6)/ R$ 43,90 (a partir do volume 7)
  • Compre em: Loja Panini/Amazon

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