
Retomando os textos mensais de leituras, agora com os mangás que li em 2025! Para quem não viu, começamos esta série de textos em janeiro com os mangás que li em dezembro de 2024. Caso não tenha visto, leia aqui.
Foram 6 mangás lidos em janeiro e falarei deles agora:

L’amour est au menu #1 e #2
Que grata leitura. Que mangá maravilhoso! Uma experiência bacana, tanto pela leitura em si, que é ótima e muito gostosa, como também é prazerosa pelas comidas que a Sakaomi Yuzaki (a autora do mangá) desenha MUITO bem! Na história acompanhamos os encontros culinários entre a Nomoto, uma assalariada que ama cozinhar e, no entanto, não consegue comer muito, e a Kasuga, uma assalariada que mora (quase) ao lado da Nomoto e que ao contrário dela, come bastante! As duas não se conheciam previamente, mas por um acaso, acabam dividindo o jantar e essa relação vai se tornando mais próxima ao ponto de uma pensar na outra na hora de preparar o jantar e convidar para que comam juntas.

Esses 2 primeiros volumes trabalham principalmente no desenvolvimento da amizade entre as duas personagens. Isso porque a Kasuga tem uma personalidade mais fechada e pouco expressiva, enquanto que a Nomoto é o oposto, embora expresse mais inseguranças do que a Kasuga. Então a autora mostra esse estreitamento da relação das duas, para posteriormente começar a elaborar o lado romântico, coisa que deve acontecer a partir do volume #3.
E mesmo que esses dois tomos não tenham como foco principal o romance, é claro, principalmente do lado da Nomoto, que há um clima de pelo menos uma paixonite. Tendo alguns momentos adorável envolvendo esses encontros culinários, como a ocasião em que elas passam o ano novo juntas (um capítulo bonito, aliás). Enfim, é um mangá divertido, muito gostoso de acompanhar, com boas personagens e que consegue abrir bem o apetite, rs. Deixarei linkado o texto de apresentação que postei dias atrás 🙂

Eu não sou um grande leitor de Yuri e, na verdade, li pouquíssimos, mas fato é que a Akata está me fazendo ter mais interesse no gênero, especialmente entre aqueles publicados em revistas de demografia feminina, e, meio que por osmose, me fazendo ir atrás de ficar de olho em outras obras que potencialmente acho que sairão por eles. Foi assim, inclusive, que fiquei interessado em “L’amour est au menu” antes dele sair na França. Para mais detalhes do que achei do mangá, recomendo a leitura do texto de apresentação que publiquei dias atrás. ^^
Un Comptable à la Cour #2
Chegando em um mangá que eu (ainda) não fiz nenhum texto para o blog, temos “Un Comptable à la Cour”, publicado no Japão como “Isekai no Sata wa Shachiku Shidai” e também conhecido simplesmente como “o isekai BL”. Como eu não comentei o volume #1 no blog (será feito um post de apresentação quando o anime estiver próximo do lançamento) e ele não é uma obra anunciada/publicada no Brasil (pelo menos por enquanto), vou dar um panorama geral da série e não vou entrar em detalhes desse 2º volume, tudo para não ter um potencial spoiler aqui.
Pois bem, a história trata do Seichirô, um assalariado completamente explorado pelo sistema capitalista e que por tal, acabou virou um total workaholic. Uma noite, voltando para casa, ele ouve gritos de uma moça e vê ela sendo arrastada por um símbolo no chão. Ele tenta ajudar e os dois acabam sendo transportados para outro mundo. Nesse mundo, a intenção do reino (chamado Romani) era invocar uma moça, que no caso, acabou sendo a Yua, que será a Santa do reino que irá destruir o miasma que se espalha em uma região e é mortal às formas de vida mais ‘comuns’, incluindo os humanos. O Seichirô não era alguém previsto nessa invocação, mas como forma de compensação, o reino oferta uma vida confortável para ele. Porém, ele não se contenta com isso e quer um trabalho! E nisso, ele passa a trabalhar como o contador do reino.

Trabalhando como contador, o Seichirô logo descobre que a forma com a qual o reino lida com os gastos é completamente insustentável e tão logo, começa a interceder a regular os gastos do reino, especialmente com a ala mais alta do exército, que é onde altas quantias são destinadas, de forma a tentar ajustar as coisas antes que o reinado colapse. Isso claro, não vai agradar setores dentro do reino, incluindo o do alto escalão do exército, que colocava qualquer justificativa para pedir mais orçamento e o Seichirô prontamente passou a recusar essas demandas de verba.
Do outro lado, temos o Aresh, que é um dos cavaleiros mais prestigiados do reino e capitão do exercito, conhecido como “Príncipe do Gelo” pela sua postura imponente e muito fechada. O Aresh não vê o Seichirô exatamente com bons olhos, mas mantém sua distância, até o dia em que os dois acabam tendo o caminho cruzado, pois o Seichirô utiliza poções de energia e essas poções feitas com magia, causam um verdadeiro mal estar, o deixando à beira da morte, sendo necessária a intervenção do Aresh e que, por um motivo ou por outro, acaba na cama.

Agora sim posso falar do volume 2. Esse tomo explorou mais da doença que o Seichirô adquiriu por causa da magia, bem como os cuidados que o Aresh está tendo com ele. O Aresh tem toda aquela postura imponente, de que nada o afeta e é indiferente com as pessoas, mas quando o Seichirô entra na roda, tudo que ele não consegue fazer é se manter indiferente. O personagem só não se deu conta, mas já está completamente rendido pelo Seichirô, de forma que moldou a sua rotina a conseguir prestar atenção no garoto, como formas de fiscalizar se ele está se alimentando, se está fazendo pausas, trabalhando menos e por aí vai. Gosto muito desse tipo de personagem, porque tem um lado que é adorável nessa dicotomia de ser frio e, ao mesmo tempo, ser completamente cadelizado pela pessoa que gosta.
E dessa forma, o volume estreita a relação dos dois personagens, de forma que o Seichirô não sabe muito bem como lidar com o Aresh, tanto por não saber bem o que se passa na cabeça dele, como também pelo lado de que está sempre com uma cara fechada, frequentemente parecendo estar com raiva. No entanto, tem certos cuidados e uma dedicação (como nos cuidados com a saúde e o levar para jantar em um lugar que é especial para o próprio Aresh) que deixam o Seichirô deveras confuso e, se bobear, confundem ao próprio Aresh, rs. Mas isso não deve demorar a mudar, pois o Aresh já está externando o ciúmes que vez ou outra aflora, e o Seichirô está provocando algumas mudanças no personagem, como fazer o Aresh ficar interessado nas demandas orçamentárias da sua categoria, coisa que ele deixava para terceiros.

Além dessa relação dos dois, da comédia (deliciosa) envolvida e das situações do trabalho, há uma trama política correndo por trás que não é tão simples como parece. Como eu disse, o Seichirô prontamente passa a causar incômodos no reinado graças às fiscalizações orçamentárias, e há um personagem em específico que sonda o Seichirô. Ele teve algumas poucas aparições ao longo desses dois volumes (coisa de 2 ou 3 situações), mas em cada uma dessas aparições, ele sempre está com um tom muito suspeito, já que ele acha o Seichirô um pouco fascinante e passa uma grande impressão de perigo.
O volume 2 termina com um gancho para lá de interessante e estou bem animado para a sequência e, felizmente, já tenho o 3º volume em mãos ^^. Recomendo bastante o mangá e espero que a vindoura adaptação em anime seja boa!

Vou me apaixonar por você mesmo assim #1
Eu sempre tento ser o mais complacente possível com mangá Shoujo. Tentando ao máximo ver as qualidades das obras, mesmo que haja uma tendência de pessoas não gostarem ou mesmo quando não gosto da obra. Isso porque o mangá Shoujo tende a ser muito julgado com as pessoas sempre cobrando mais dele do que se fosse uma obra Shounen ou Seinen (aquilo de que coisas feitas por mulheres não podem apresentar falhas, caso contrário são ruins ou tem menos valor).
No entanto, em “Vou me apaixonar mesmo assim” realmente não consegui gostar. Não é que ele seja ruim de tudo, mas o mangá começa com um problema crônico que é eu não conseguir simpatizar ou gostar da protagonista da obra. Eu comento na resenha e repito aqui: acho ela muito sonsa. E além disso, o Kizuki, que é o 1º dos garotos da obra que foram explorados é chato. Eles como um casal não me convencem nem um pouco. E da forma que a autora estruturou o volume, sequer parece que os outros 3 garotos que em tese vão ‘disputar’ o coração da protagonista tem alguma chance real. A autora não irá conseguir me convencer que os demais personagens também tem alguma possibilidade de relacionamento com a Mizuho.

Os pontos que mais gostei no volume foram, sem dúvida, o aspecto da pandemia que corre de pano de fundo, interferindo na vida dos personagens, gerando, por exemplo, o cancelamento de eventos escolares. E a outra coisa, são os personagens Shin (tsundere) e o Airu – (garoto bonito e super popular) que tem personalidades interessantes e são os mais carismáticos, tornando mais legal a trama. Mas independentemente desses dois pontos, a obra não consegue me convencer ao ponto de me fazer querer continuar lendo. Para a minha tristeza, acabei comprando os 2 primeiros volumes juntos. Então irei ler ele eventualmente. Se melhorar, estarei aqui comentando em algum mês futuro. Se piorar ou continuar na mesma, também volto aqui para comentar.

Porém, assim como disse lá na resenha, também repito aqui: tem gente que gosta. O Kyon (BBM) adora o mangá. Sempre reforço que vão lá dar uma lida na resenha que ele fez, porque tendo dois pontos de vista, pode ser que vocês acham que possa agradar e fica mais fácil decidir ir atrás ou não. A resenha que fiz abaixo:
Touching your night (volume único)
“Touching your night”, que foi lançado aqui no Brasil (por ora, só em formato digital) no final de janeiro com o título “Tocando sua Noite”, é um dos BLs mais lindos que li nos últimos anos. De uma delicadeza e sentimentalismo impressionante.
A história acompanha o Chinatsu, um assassino que não consegue matar ninguém, isso porque, durante a infância, ele viu seu irmão mais velho morrer diante dos seus olhos, passando a ser atormentado pela imagem daquele dia. No entanto, naquele mesmo dia, o Chinatsu encontra o Kasumi por acaso, se encantando com o rapaz com feição inocente. Um dia, anos mais tarde, o Chinatsu reencontra o Kasumi e descobre que ele é cego, o ajudando a encontrar seu caminho de volta para casa. A partir dali, o Chinatsu não consegue mais deixar o garoto cuja pureza tanto o encanta, ao mesmo tempo que teme que o Kasumi seja ‘contaminado’ ou ‘manchado’ estando com ele.

Os dois vão se aproximando, primeiramente em uma relação amical, pois o Kasumi tem muita consideração com o Chinatsu, como alguém que ele enxerga como sendo muito vivido, que já foi a muitos lugares e que portanto, experenciou muita coisa ao longo do anos. O Kasumi foi criado meio que como um problema, sendo visto a certa altura como um castigo, e até tratado como um incômodo, dado que ele nasceu com baixa visão e foi perdendo a capacidade de enxergar cada vez mais conforme crescia.
Enquanto que do lado do Chinatsu, para além da tormenta pelo trauma daquela fatídica noite, ele ainda precisa lidar com a pressão do pai, que será uma figura muito importante mais para o final da história, que quer que ele se torne um verdadeiro assassino e usa a morte do outro filho como um palanque para que o Chinatsu se torne um assassino de fato. E em razão disso, tendo as mãos manchadas de sangue e não tendo um futuro que seja bom, o Chinatsu tem receios em fazer uma aproximação com o Kasumi.

“Touching” é um mangá sobre alguém que é constantemente atormentado pela culpa de ter causado a morte do irmão e se vê perdido desde então e sobre um garoto que, de maneira diferente, também se sente perdido e deslocado do meio em que vive, dado a condição com a qual foi criado (e que por sinal, é explorado o lado da sua criação como uma pessoa cega), e que juntos, conseguem encontrar uma forma de se sentirem em paz, de encontrar um caminho alternativo que não aquele que vinham caminhando até então. Ou ainda, é na figura do outro, que eles enfim conseguem caminhar, encontrando um sentido nas suas vidas que não o sofrimento e a constante solidão.
A autora tem uma delicadeza grande na maneira como expressa os sentimentos tortuosos dos personagens, da mesma maneira que é tocante a forma como ela põe em cena os momentos em que estão se ajudando e tentando ofertar conforto um ao outro. As indecisões e o receio de avançar e seguir em frente, ornado com o desenho sublime da Moyori Mori tornam tudo especial. Tem páginas belíssimas, com composições realmente lindas! Mesmo sendo o primeiro mangá dela, a autora tem um domínio artístico grande, seja com o desenho como em composição, mas também em um nível poético pela maneira como monta e orquestra o andamento da obra.

– É frio. A… praia?
– Sim.
Irei escrever uma resenha mais detalhada do mangá mais para frente. Talvez seja lançada durante o mês de março e sem dúvida alguma, foi uma das minhas melhores leituras do mês. ^^

Helter Skelter (volume único)
“Helter Skelter” em específico eu vou falar menos e deixar para a resenha, porque foi um texto que eu gostei bastante de escrever e que eu particularmente acho muito bom!
Para quem ainda não sabe, acompanhamos a história da Ririko, uma super modelo que passou por inúmeras cirurgias e procedimentos estéticos. E é graças a essas cirurgias, além de um maquinário grande de marketing, que ela ascende rapidamente, se tornando a mais popular do Japão. No entanto, o preço por todas essas cirurgias é alto e a Ririko que tão rapidamente ascendeu, logo se verá em uma situação de queda. E essa queda, não é um tombo qualquer. Ela despenca e leva algumas outras pessoas junto dela.

* Eu serei feliz e se isso não acontecer, vocês todos irão comigo para o inferno! Merda, senão eu morrei como uma cadela! *
É um mangá que critica os padrões de beleza, a atenção exacerbada na aparência, o cinismo e o cretinismo por de trás da indústria, mas também a misoginia, e aqui, não só de homens para as mulheres, mas também das próprias mulheres com elas mesmas, em especial no caso da Ririko que percebe que o tempo dela está passando e ela não consegue lidar com isso.
Esse é um mangá que absolutamente todo mundo deveria ler.
Por este mês foi isso. A maior parte dos mangás tem resenha no blog já, por isso optei por não me delongar. Mas, creio que a partir de fevereiro, devem aparecer alguns mangás que não tem (ou não terão) texto individual no blog.
Relembro da thread que temos nas redes sociais com as leituras que faço (já tem mangá que li em fevereiro). Até o próximo mês. ^^