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Um dos grandes Shoujos de 2023!

“Minha História de Amor com Yamada-kun Nível 999” é um mangá escrito e ilustrado pela Mashiro. A obra começou a ser publicada em março de 2019 com o título “Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru” (山田くんとLv999の恋をする) na revista Ganma! (ComicSmart) desde 2018. A edição impressa sai pela Media Factory, editora pertencente ao grupo KADOKAWA. A obra conta com 10 volumes lançados atualmente e ultrapassou a marca de 6 milhões de cópias em circulação no Japão.

Em 2023, foi exibida a adaptação animada de “Minha História de Amor com Yamada-kun Nível 999”, sendo um completo sucesso e um dos grandes animes do ano, especialmente para a demografia feminina. A animação foi um estouro completo, resultando na licença da obra original em diversos países, incluindo França e Brasil. O mangá foi anunciado no Brasil pela Galera Record em 27 de março de 2024 durante a Rodada de Lives do Fora do Plástico, o que rendeu uma enorme surpresa, pois se tratava do primeiro mangá propriamente dito da editora e além disso, um shoujo. A ideia inicial era que o mangá fosse lançado em meados de julho, o que não aconteceu. Meses passaram e depois de atrasos na pré-venda do 1º volume, o mangá finalmente começou a chegar para quem havia comprado no final de janeiro de 2025.

E embora esteja falando do mangá já com a edição nacional do 1º volume do mangá disponível no mercado, não é por meio dela que falarei da obra e explicarei as razões disso mais para frente. Para escrever esse texto, terei como base os 2 primeiros volumes da edição francesa, lançada pela Mana Books em 19 de Setembro.

Sinopse: “Akane acabou de levar um pé na bunda do namorado. Na maior fossa, ela decide sair do jogo virtual de RPG que os dois costumavam jogar juntos. Só que, em vez de deletar a própria conta, Akane resolve enfrentar os inimigos fraquinhos no jogo como forma de lidar com o estresse e a mágoa. É assim que ela conhece Yamada, um pro gamer tão na dele que Akane não sabe se o garoto é blasé ou fascinante.
Precisando encontrar um jeito de superar o ex, Akane começa a passar mais tempo no jogo, e, mesmo sem querer, seu caminho insiste em cruzar com o de Yamada. O que será que existe por trás da fachada impassível daquele pro gamer? Parece que ele está interessado apenas no jogo, mas isso está ótimo para Akane. Afinal, ela não quer saber de viver outro um relacionamento nem tão cedo. Será mesmo?”


  • História e Desenvolvimento

“Yamada-kun” foi um dos grandes destaques de 2023 e, no entanto, acabei deixando o anime passar, assim como deixei vários outros daquele ano. Cheguei a assistir ao primeiro episódio posteriormente, só não escrevi nada para o blog ainda, e foi um 1º episódio que me divertiu, que foi bem executado graças à direção do Morio Asaka (diretor de animes como “NANA” e “Chihayafuru”), que entende materiais de demografia feminina a sabe dar cores bem interessantes ao material que tem em mãos. Tendo gostado do anime, sabia que ia gostar do mangá, só não esperava que fosse tanto quanto gostei lendo esses 2 volumes.

* Você não deveria ter me largado… você vai ver! *
– Me deixe linda!
– Sim
– Me deixe magra!
– Sim

A premissa como bem conhecida parte da Akane sendo chutada pelo então namorado, porque ele se apaixonou por outra garota que conheceu no joguinho online que jogavam juntos (e que a Akane só começou a jogar a pedido dele). Não bastasse a tristeza do término, entrando no jogo (Forest Of Savior), ela dá de cara com o Yamada, que faz parte da guilda a qual ela é membro e que é uma pessoa difícil de lidar, sendo pouco sociável, muito direto, e por vezes grosseiro, o que irrita ainda mais a Akane. Frustrada com tudo isso e tentando parecer melhor do que ela realmente está, ela vai a um evento promovido pelo jogo na esperança de encontrar o ex e poder jogar na cara dele que está bem. As expectativas dela são novamente frustradas, pois no evento ela encontra o namorado… acompanhado da nova namorada. E para completar, ainda tropeça e cai no meio da multidão (Akane acumulará constrangimentos ao longo desses dois volumes), sendo ajudada por um garoto bonito, que ela não demora a identificar pela fala e comportamento pouco social, que se trata do Yamada. O ex-namorado a vê e para disfarçar a situação toda e não sair ainda pior do que já está, se agarra no Yamada e o “suborna” para fingir ser seu namorado e trazer um ar de que ela está bem e que nem liga mais para o ex.

Acontece que, novamente, as coisas não saem como o esperado e o ex nem liga para ela, mas sim para o fato dela estar com o Yamada, que é um jogador famoso e que nunca interage com ninguém, nem mesmo com seus seguidores. O que era para passar um ar de superioridade e até causar um arrependimento por tê-la largado, tem o efeito contrário e quem sai mais triste e magoada nessa história é a própria Akane, que se sujeitou a tudo aquilo a troco de nada. Fato é que conversando com o Yamada pós evento, e ele completamente sem saco para o contato social, a Akane acaba bêbada e amanhece na casa dele e na sua cama🙂

– Yamadaaa… peça tudo que você quiser!
– Não, eu não vou ficar…
– É hora de brindar!
– Hum…
– Por favor!
– Já vou!

O contato entre esses dois é bem “torto” e a certa altura, tanto um como o outro gostariam de não precisar mais interagir novamente, mas bem, este é um romance e as coisas não podem ser assim. Dessa forma, por algumas razões (que podem ser alheias a vontade um do outro), precisarão se aturar. Esses desencontros, no entanto, farão com que precisem interagir mais e por mais que o Yamada definitivamente não tenha interesse em outras pessoas, em especial, em namorar com elas, aparentemente, relacionado a alguma experiência ruim na infância, e será a partir disso que o contato dele com a Akane será maior, e de certa forma, é graças a isso que ele passa a pelo menos tentar se esforçar para entender mais os sentimentos dos outros.

O Yamada está dentro daquele arquétipo do personagem frio, distante e que não entende bem os outros, especialmente quando relacionado a sentimentos humanos e nesse caso, é um ótimo paralelo já que a história tem como pano de fundo um jogo e assim, o Yamada estaria mais próximo de uma máquina (ou NPC) do que de um ser humano propriamente. Já a Akane é mais expansiva, tanto extrovertida, mas até bem insegura (mas não pisem no calo dela!). Assim temos aquele clássico ótimo de personagens contrastantes na maneira como são concebidos, o que se bem feito (como é aqui), sempre gera boas interações e uma ótima comédia!

– Desculpa… eu tenho um boss para farmar. Até a próxima.
– Não tão rápido! Ah! *Saiu sozinho*
– ?
– Você já me esqueceu? Eu esperava por isso! Sou eu, Akane! Nós nos vimos no evento.
– A garota completamente bêbada que vomitou na minha casa!
– Te peço desculpas!

Por mais que o Yamada seja desse jeitinho, eu gosto dele. Tem gente que não gosta e entendo de onde vem e até acho que ele sozinho seria um saco de acompanhar, mas quando colocado junto da Akane, tem um ar e um gosto especial, legal de ver, porque cria uma dinâmica bacana e que funciona. Tem uma cena bonitinha em que ele e a Akane se encontram por acaso na estação de trem, e o Yamada rejeita uma garota que estava querendo se declarar dizendo que tinha um boss para matar, e ele dá um guarda-chuva para a Akane ir para casa.

O 1º tomo é até bem fechado na Akane, tendo como um dos pilares o processo dela de superação do ex, coisa que ocorre mais para o final dele com uma ideia de que tem coisas que por mais que sejam preciosas por algum momento de nossas vidas, precisamos deixar ir. Nada é eterno, mas isso não quer dizer que porque acabou seja algo completamente descartado. Entretanto, também é preciso entender o lado de que se apegar a essas memórias antigas também não é o melhor dos caminhos. Tem um ponto de equilíbrio entre o que pode se guardar (mas sem se aprisionar) e o que temos que deixar ir, e nesse caso, o ex é melhor deixar ir para seguir em frente.

– Não. Mas… eu joguei fora… todo o resto. Eu não preciso mais deles agora.

Já o volume 2 expande os horizontes com a organização de um encontro entre as pessoas que fazem parte da guilda a qual a Akane e o Yamada fazem parte. Lá nós conhecemos o Takezo, um senhorzinho muito simpático e fofinho, a Runa, uma adolescente que se veste no estilo Gotic Lolita, e o Eita, que é o irmão mais velho da Runa. Tirando o Yamada, a Akane não conhecia nenhum outro jogador pessoalmente, o que gera algumas surpresinhas bem divertidas quanto à essas pessoas. Eu gosto muito da adição desses personagens, pois uma história muito fechada no Yamada e na Akane (tem uma amiga de faculdade da Akane que aparece aqui e ali), teria uma tendência a gastar as cartas que a autora teria na manga mais rapidamente. Porém com mais personagens em cena, abre mais possibilidades de desenvolvimentos e uma variabilidade de interações também, já que cada um desses personagens tem uma personalidade bem marcante: o Eita é super extrovertido e falador; o Takezo é mais contido, mas protetor; a Runa é… fechada (já falo sobre ela); e o Yamada tem aquele jeito pouco sociável, distante e frio.

É nesse volume, também, que a Akane passa a prestar mais atenção no Yamada e começa a tomar um pouco de consciência quanto a maneira que ela o vê. Tem um arco dentro desse volume que é bem bacana, porque tanto envolve a Akane pensando no Yamada, como o próprio Yamada, com uma ajudinha do Eita, começa a pensar na maneira como ele enxerga a Akane e o modo como ele a trata, do porquê de certas ocasiões ou magoarem a Akane ou o deixarem mexido, ou ainda, ele prestar atenção em coisas que anteriormente (ou que se fosse com outra pessoa) ele deixaria passar batido, não daria muita importância, etc. É um processo de um pouco de “humanização” do personagem que estou achando bem bacana.

– É perigoso. Deixe o garçom cuidar disso.
– Eu achei que você não era do tipo que mente? Essa ligação… era falsa, não é verdade? Me conte tudo.
– Eu não sei…

Agora precisamos falar do demônio em forma de gente que é a irmã mais nova do Eita, a Runa. A personagem logo de cara não vai com a cara da Akane e decide que vai atormenta-la. Eu não vou entrar em grandes detalhes para não estragar a leitura de quem não leu, ainda mais considerando que só temos o volume 1 lançado no Brasil, mas ela vai armar um encontro, o que vai gerar uma situação completamente desastrosa. Esse “encontro” escalona de tal forma que por vários momentos, beira a algo criminoso (contra a Akane). O negócio começa a ficar meio pesado e acho que nem a própria autora teve noção da proporção disso, precisando recalcular a rota para tornar a situação mais leve e terminar com um final feliz.

Felizmente, não chega a um causo sério, da mesma forma que há uma responsabilização do erro da Runa, que prontamente toma consciência da gravidade daquilo que ela fez e até resolve sua inimizade com a Akane. Mas é aquilo… o ranço meio que está feito e acho ela bem demoníaca. Eu gosto que ela é perfil adolescente chato (e faz jus a esse título) e a amiga da Akane é totalmente sem paciência com a garota. Ela dá uma cortada na Runa que é lindo de ver.

– Se você se incomoda, você só tem que ir para casa. Ninguém te convidou.
– Cale-se.

Retomando o Yamada, no fim do volume 2, tem uma cena bonita com ele vendo a Akane dormir. Quem leu ou viu o anime, sabe qual é. É um momento adorável. A Akane já está completamente encantada com o Yamada, enquanto que ele está em no processo para isso.

O volume termina com um encosto retornando e fiquei interessado para ver como que a autora vai encaixar isso na história. Se será algo mais sério, ou se vai terminar na comédia (acho o último mais provável). Dessa forma, queria MUITO continuar lendo. Na França tem até o volume 4 disponível e o 5º será lançado em 20 de março, porém estou desempregado atualmente, então não há quaisquer condições de comprar mangás, principalmente da França, onde não tem descontos nos preços de capas e compras volumosas são as que mais compensam por causa do preço do frete. Tenho várias séries paradas ou mesmo que eu gostaria de comprar no momento, mas não posso. Fato é que quando eu voltar a ter uma renda mais estável, “Yamada-kun” certamente será um dos mangás que eu correrei para retomar. ^^


  • A Autora

Bem, a Mashiro tem apenas “Yamada-kun” no currículo. É uma autora jovem (em termos de publicação) e que conseguiu emplacar um sucesso desse tamanho logo na primeira obra (6 milhões de cópias em 10 volumes não é para qualquer um), com adaptação em anime e um bem feito (coisa rara dentro do shoujo), sendo um sucesso dentro e fora do Japão. É um feito e tanto!

O que queria aproveitar e destacar aqui é a arte da Mashiro que ela demonstra desde tão cedo ter um domínio ótimo! A quadrinização dela é simples, mas funcional. O mangá passa rápido com uma fluidez incrível! Tem páginas lindas ao longo do mangá, de composição mesmo. Páginas inteiras que trazem impacto e sem esquecer, claro, da arte colorida que é um espetáculo! Minha única tristeza é não ter páginas coloridas (algo que vem da edição japonesa), porque merecia e gostaria de ver mais da arte dela em cores. Merecia, inclusive, um artbook.

Essa capa é lindíssima! Uma das mais bonitas da série até o momento.

  • A edição francesa e a edição nacional

No que diz respeito à edição francesa, o mangá está sendo publicado pela editora Mana Books no formato 13 x 18 cm (semelhante a “Citrus” e “given”, por exemplo), com sobrecapa fosca e detalhes em verniz nos personagens, título e detalhes do fundo da capa. O papel não sabemos qual é, mas é em tom creme, semelhante ao Offwhite que vemos nas publicações da Panini. Os volumes têm média de 190-200 páginas e foram lançados ao preço de 7,95 euros (em uma conversão direta, daria algo entorno de 48 reais, na cotação de 25/02/2025). Meu único problema com a edição é o título em inglês, porque as editoras francesas ultimamente andam com um tesão enorme por títulos em inglês ao invés de adaptar para o idioma local. Odeio.

Abaixo, vocês podem ver um vídeo mostrando a edição francesa em detalhes:

Para a edição nacional, o que posso dizer é que ela é um desastre. A edição nacional é um Ctrl C Ctrl V da edição estadunidense, desde a capa (horrorosa) a até algumas onomatopeias de dentro do volume. O outro grande problema está na aparente (quase certa, na verdade) tradução feita a partir do inglês. Ou seja, a partir da edição dos EUA. O mangá é traduzido pela Angélica Andrade, uma tradutora de livros que trabalha frequentemente com a Galera e que traduz livros do inglês, sendo mais uma evidência de uma tradução a partir da edição estadunidense (e edição essa que foi muito criticada por lá). Logo, seria esta uma tradução da tradução. E como bem disse o Kyon (BBM), tradução significa perda, pois uma tradução pode não capitar todo o sentido e contexto histórico-cultural de onde vem aquele trabalho. O Kyon fez um texto brilhante falando dessa edição da Galera Record e os problemas envolvendo ela. Deixarei o texto linkado para que leiam, pois vale muito a pena antes de tomar a decisão de comprar o mangá ou não aqui no Brasil.

Terminando esse assunto, vou fazer referência a uma frase que ele fez no texto:

A gente agradece à Galera Record por nos ter enviado o primeiro volume, mas é inevitável destacar que o trabalho da empresa não ficou adequado para os padrões de exigência dos consumidores brasileiros. Fosse até 2010 talvez passasse, hoje em dia, não.


  • Conclusão

“My Love Story with Yamada-kun at Lvl 999” ou “Minha História de Amor com Yamada-kun Nível 999” é um shoujo ótimo! Uma ótima pedida para quem quer uma leitura ágil, fluida, com personagens carismáticos e que proporcionam boas interações cômicas. É um bom romance e ótima comédia. Gostei mais do que achei que iria gostar e assim que for possível, pretendo retomar a série adquirindo os próximos volumes da edição francesa. É esse tipo de mangá, tão gostoso de ler e tão facilmente identificável como shoujo, graças aos arquétipos e características, seja no visual e composição, como na forma de contar a história, que me fazem gostar tanto da demografia feminina! ^^

Infelizmente não consigo recomendar a edição nacional de forma alguma, a não ser que apareça em alguma ultra promoção, por 15 reais ou menos. De toda forma, tentam pelo menos ver a adaptação animada. Ela está disponível na Crunchyroll com o título adaptado em português (o mesmo da edição nacional). Deixo a recomendação para a história da obra, tentem ao menos conhecer, pois pode agradar facilmente. ^^

Curioso para ver o que mais a autora vai fazer com esse grupinho…

  • Ficha Técnica
  • Título original: Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru (山田くんとLv999の恋をする)
  • Título nacional: Minha História de Amor com Yamada-kun Nível 999
  • Título francês: My Love Story with Yamada-kun at Lvl 999
  • Autora: Mashiro
  • Serialização no Japão: Ganma!
  • Editora japonesa: Media Factory (KADOKAWA)
  • Editora nacional: Galera Record
  • Editora francesa: Mana Books
  • Quantidade de volumes: Em andamento com 10 volumes
  • Formato no Brasil: 14 x 21 cm; capa cartonada fosca com verniz localizado
  • Formato na França: 13 x 18 cm; capa cartonada com sobrecapa fosca e verniz localizado
  • Preço de capa: R$ 49,90 (Brasil)/ 7,95 € (França)
  • Compre em: Amazon

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