“Meu Casamento Feliz” (Watashi no Shiawase na Kekkon) é um dos Shoujos de maior sucesso dos últimos anos. Além de um sucesso comercial gigantesco no Japão, a adaptação animada cuja 1ª temporada foi ao ar entre julho e setembro de 2023, fez a série explodir de sucesso no ocidente, resultando na publicação do mangá (pelo menos dele) ao redor do mundo, incluindo França (mangá: Kurokawa; novel: VEGA), Espanha (mangá: NORMA), Alemanha (novel e mangá: Altraverse), Polônia (mangá: Studio JG), Itália (mangá e novel: J-POP), Portugal (mangá: Presença), México (mangá e novel: Panini), Ucrânia (mangá: Nasha Idea), Estados Unidos (mangá e novel: Yen Press) e por aí vai… O mangá foi finalmente anunciado no Brasil em Agosto de 2024 pela Panini, quando a maior parte dos países ocidentais já estavam publicando a obra. Pelo menos, o anúncio vinha com previsão de lançamento para novembro daquele ano e a 2ª temporada viria a estrear só em janeiro de 2025. Timing que seria perfeito para o lançamento do mangá. Passado o tempo, o mangá começou a ser adiado. De novembro para dezembro, de dezembro para janeiro de 2025 e assim se seguiu por fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, até finalmente sair na 1ª dezena de Agosto!

“Meu Casamento Feliz” nasceu como uma web novel escrita por Akumi Agitogi e lançada sob o nome de “Watashi no Shiawase na Kekkon” (わたしの幸せな結婚). Em janeiro de 2019, a obra passou a ganhar volumes impressos pela Fujimi L Bunko, selo da KADOKAWA, contando com ilustrações da Tsukiho Tsukioka. A novel conta com 9 volumes publicados atualmente. Em julho de 2019, começou a ser publicada na Gangan Online (Square Enix), a adaptação em mangá da obra. A adaptação é feita pela Rito Kohsaka e está em andamento com 5 volumes. O acumulado de toda a série já ultrapassou a marca de 9 milhões de cópias (incluindo novel e mangá)! O mangá ficou em 6º lugar no ‘Kono Manga ga Sugoi! 2021‘ na categoria de ‘Mangá Feminino’ e concorreu ao 46º ‘Kodansha Manga Award’ na categoria de ‘Melhor Shoujo’ em 2022. A obra conta com 2 temporadas em anime (a 1ª exibida entre julho e setembro de 2023 e a 2ª entre janeiro e abril de 2025), além de uma sequência anunciada, mas sem previsão de lançamento.
Eu adquiri o volume #1 do mangá na pré-venda, ainda em dezembro, e acompanhei todo esse sofrimento que foram os adiamentos do mangá no Brasil. E é por meio do 1º tomo da edição brasileira que irei falar da obra no blog. ^^

Sinopse: “Tudo que ela sempre quis, foi um pouco de ‘felicidade’…
Miyo Saimori é uma garota que nasceu numa família de sobrenaturais, mas não herdou nenhuma habilidade. Ela é tratada como serviçal pela meia-irmã, cujos poderes floresceram, não é amada pelo pai nem é importante para ninguém. O amigo de infância e único aliado ficou noivo da meia-irmã de Miyo e vai ser o próximo chefe da família. Por ter se tornado um estorvo, a garota vai para a casa de Kudou, um homem conhecido por ser cruel e impiedoso, para se tornar sua noiva…”
- História e Desenvolvimento
A Miyo cresceu em uma família que a detestava. As coisas iam até bem, porém, após o falecimento da sua mãe, o novo casamento de seu pai e o nascimento da sua meia-irmã – a Kaya – tudo foi para o ralo. A madrasta fazia questão de escorraçar a pobre da Miyo já que ela representava algo do antigo casamento do marido. A meia-irmã foi para o mesmo caminho e o pai, simplesmente a abandonou, no ponto de não se importar com mais nada que a filha sofria. Pelo contrário, endossava as ações cruéis com ela. Embora esse parece um drama familiar “comum”, o grande diferencial da narrativa é a presença de poderes espirituais e o motivo de tamanho ódio é justamente por a Miyo não ter visão espiritual que era o que se almejava quando o pai da Miyo se casou com sua mãe. A família Saimori tem uma longa tradição por ser uma família de grande poder e justamente a Miyo não despertou nenhum poder.

Esse acaba sendo um dos grandes dramas da personagem, que acaba se vendo como uma inútil. Ela passou os anos de sua vida reduzida a uma serviçal da casa, mas de forma até pior, pois nem receber por isso ela recebia. E para além de tudo isso, ainda precisava lidar com agressões e ofensas da sua madrasta e meia-irmã.
Um personagem relevante nesse comecinho da história é o Kouji, um vizinho e amigo da Miyo, cujo o pai tem relações de negócios com a família da protagonista, sendo ele o único com quem ela podia ter algum momento de alívio e respiro nesses anos todos. O tempo passou e se aproximando da idade de casar, o pai dela anuncia não só o seu casório, como o da Kaya. Os sonhos da Miyo de poder ficar com o Kouji são completamente frustrados e mais uma vez, ela recebe um banho de água fria, já que quem irá se casar com o Kouji é a sua meia-irmã e não ela. Para completar, quem será o seu noivo é o representante da família Kudou, que tem a fama de ser frio e impiedoso com suas noivas, ao ponto delas fugirem e abandonarem o noivado em até 3 dias. O que o pai dela está fazendo é descartá-la, já que ao enviá-la a casa do Kudou, ela não terá mais para onde voltar e assim, terá que aguentar o que for lá dentro. O que veremos, no entanto, é que essa fama do Kudou não é lá bem verdadeira. Ele é, sim, uma pessoa distante e pouco atenciosa de primeiro momento, mas fruto de uma barreira de proteção, e aos poucos, a Miyo irá perceber que por debaixo dessa bravata, existe uma pessoa bem gentil a sua maneira.

Essa é a premissa básica da história, então vamos entrar em alguns detalhes da narrativa. Os primeiros contatos da Miyo com o Kudou são bem frustrados. Ela tenta preparar um café da manhã, mas ele desconfia dela e diz que ela envenenou a comida. A Miyo, por problemas de autoestima e outras questões, sempre se sente culpada por qualquer coisa que não saia perfeita, frequentemente pedindo desculpas, o que causa um estranhamento no Kudou, pois diversas situações não são para tanto, o que atiça sua curiosidade para saber mais do passado da Miyo. Além desse comportamento, as roupas dela são evidentemente todas velhas, remendadas, ao ponto de se desfazerem, e bem, isso é totalmente inesperado para alguém como a Miyo que vem de uma família bem de vida.
Na relação desses dois, outra figura importante e que é um amor de pessoa é a Yurie, a senhora da casa que cuida da limpeza, comida e afazeres domésticos. Ela vai ser como uma aliada boa para a Miyo e uma ponte importante entre ela e o Kudou. Como os dois não conseguem estabelecer uma conexão, a Yurie entra como esse fio condutor, desmistificando coisas ditas sobre o Kudou, bem como trazendo informações e comentários positivos sobre a Miyo para ele também. Esses comentários vão servir, também, para que ele crie um interesse e curiosidade pela Miyo, como ele não tinha feito por nenhuma das outras pretendentes dele até então.

Muita gente detesta a Kaya e a mãe dela, com razão, elas são feitas para serem odiadas mesmo, mas pouco se fala do quão ridículo o Kouji é. Ele passou a vida toda cozinhando a Miyo, nunca fez nada e nunca conseguiu tomar uma iniciativa para algo. Sempre passivo de tudo, para quando deu ruim no casamento, ainda querer se declarar para ela (o que felizmente, não deu certo). Não lembro perfeitamente, mas sinto que a Miyo é mais lúcida quanto ao quão patético o Kouji é do que no anime. Ela consegue ler ele perfeitamente, até pensando sobre como ele sempre foi muito covarde. Gosto disso nela! E quanto à Kaya e sua mãe, bem, elas são vilãs de novela e eu adoro isso nelas! Elas fazem a Miyo comer o pão que o diabo amassou. Aprontam de tudo que é ruim e olha que o mangá nem mostra todo o potencial delas (nesse aspecto, o anime ganha uns pontinhos a mais na vilania).

E falando em novela, “Meu Casamento Feliz” tem muito do texto de folhetim que é o que deu origem/serve de base para as novelas brasileiras. É um melodrama rasgado e um da mais alta qualidade. E isso é um dos fatores da série fazer todo esse sucesso. O anime foi um dos mais vistos na Netflix quando saiu a primeira temporada e bem, é fácil entender quando a gente pensa que esse tipo de melodrama cativou e segue cativando as pessoas. E assim, por mais que a novela brasileira tenha características diferentes de novelas de outros países (óbvio) já que refletem inspirações e aspectos culturais diferentes, dá para dizer que a história da pessoa sofredora quando bem feita, sempre causa empatia com o público. Tudo isso para dizer que, quando a gente olha por esse aspecto, é fácil de entender o sucesso estrondoso da animação, do mangá e até mesmo da novel! (digo isso porque tem gente que jura que não entende o porquê de tamanho sucesso). A novela “Maria do Bairro” voltou a ser reprisada no SBT e, sem surpresas, é um enorme sucesso. Ela segue sendo uma história que cativa as pessoas, seja do pessoal que comenta nas redes sociais (e já são fãs propriamente), como também do público de casa que está mais interessado em uma história que te prenda na frente da TV.

Tem uma ceninha do mangá que eu estranhei que é sobre um pente. Quem viu o anime, sabe que a cena é super bonitinha e tem todo um peso dramático em cima dela. Quando chegou no mangá, foi super rápido e nem deram contexto. Estranhei. Mas quando chegou no final do encadernado, entendi o motivo. Ocorre que essa parte do pente veio na forma de texto corrido, escrito pela própria Akumi Agitogi. São 8 páginas de novel e uma ilustração no final. Não esperava, mas achei legal. ^^
Tendo visto alguns episódios do anime (preciso voltar a ver, aliás) e lido esse primeiro volume do mangá, acho que a animação consegue potencializar ainda mais o drama que tem na obra. Não sei como é na novel e se a adaptação está mais próxima da estrutura da novel ou do mangá, mas fato é que o anime pega essas cenas de sofrimento da mocinha e estende elas. A produção deita e rola em cima do sofrimento da personagem para ilustrar mais a vida miserável que ela levava até o momento de conhecer o Kudou e as coisas mudarem para ela. Isso é importante, pois não fica exagerado/escrachado e ajuda a criar mais empatia com a personagem. Histórias de mocinha sofredora, como a gente bem vê pelas nossas novelas, são sempre instigantes.

Por fim, queria terminar essa parte opinativa com um comentário de revolta: “Meu Casamento Feliz” era para ter sido um dos grandes lançamentos da Panini em 2024, mas foi completamente arruinado pela editora. Quase 1 ano do volume 1 em pré-venda e uma série de atrasos que só desgastaram a obra com o público, fizeram não só perder o timing para a 2ª temporada, como ter um lançamento muito aquém do que poderia ter sido… Podem ter acontecido N problemas, incluindo de aprovação (o que acho mais provável) e que são alheios às vontades da editora, PÓREM, a editora não disse um “A” para o público do motivo por de trás desses atrasos, nada que tranquilizasse o pessoal sobre a demora. O mangá que era para ser O lançamento (ou um dos) de Shoujo, e agora, chega tímido e sem impacto ou repercussão.
Eu até esperava/torcia/achava possível que, com a vinda do mangá, a Panini poderia fazer como a Panini México e anunciar a novel também, porém, depois da Panini interromper a publicação de “Mushoku Tensei” e todos esses atrasos com um volume de mangá (o que agora, eu duvido que vá vender taaanto quanto poderia se tivesse saído na época certa), duvido que venha, o que é uma pena enorme, porque a novel é um romance com capaz belíssimas e que eu veria fazendo sucesso com o pessoal que gosta de literatura, fora da bolha otaku.

Queria aproveitar para relembrar esse texto meu (abaixo). Comento sobre o mercado nacional e a relação com a demografia feminina, além de dar uma panorama geral sobre como cada uma das principais editoras do mercado se relacionam com ela:
- A edição nacional
O mangá está sendo lançado pela editora Panini no formato 13,7 x 20 cm. A edição possui capa cartonada fosca, páginas coloridas em papel couché brilho e miolo no papel Off-white 66g. O volume inclui um marca página, um card em formato de polaroid e um adesivo de brinde. O volume #1 foi lançado por R$ 40,90, porém, como o mangá atrasou tanto para sair, o segundo está em pré-venda 4 reais mais caro, saindo por R$ 44,90. O volume 1 tem 196 páginas. “O tradicional” vídeo mostrando a edição nacional em detalhes será publicado em breve no canal do blog no YouTube. Assim que estiver disponível, eu deixo o link aqui ^^
- Conclusão
Apesar de Panini, a gente recomenda muito que conheçam “Meu Casamento Feliz”! Se você gosta de um melodrama, de uma novela, é um prato muito cheio! Uma leitura gostosa e uma boa adaptação em mangá. Esse é um bom volume, mas sei que tem cenas ainda mais emocionantes nos próximos que viram, bem como um maior enfoque nesse aspecto mágico que a série possui.
Recomendo fortemente, nem que seja para ao menos dar uma olhada no anime. As duas temporadas estão disponíveis na Netflix (com o mesmo título do mangá) e tem post de primeiras impressões aqui no blog 🙂

- Ficha Técnica
- Título original: Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚)
- Título nacional: Meu Casamento Feliz
- Autoria: Akumi Agitogi (obra original), Rito Kohsaka (mangá) e Tsukiho Tsukioka (design de personagens)
- Serialização no Japão: Gangan Online
- Editora japonesa: Square Enix
- Editora nacional: Panini
- Quantidade de volumes: Em andamento com 5 volumes
- Formato: 13,7 x 20 cm; capa cartonada fosca
- Preço de capa: R$ 40,90 (volume 1)/ R$ 44,90 (a partir do volume 2)
- Compre em: Loja Panini/Amazon
