Uma aventura de pai e filha gostosinha de acompanhar, mas que vai um pouco além de ser apenas "gostoso" de assistir.

Uma aventura de pai e filha gostosinha de acompanhar, mas que vai um pouco além de ser apenas “gostoso” de assistir.

Voltamos com as reviews da temporada de Inverno. Após alguns dias, ou semanas sem postar nenhuma review. Não sei ao certo quando essa postagem sairá, porque estamos preparando uma boa quantidade de reviews para postar durante os dias da semana, então no momento que estou escrevendo esta introdução, temos outras 4 reviews escritas, além de outros posts diversos. Falando um pouquinho de Somali, ele foi um anime bom de acompanhar, possui uma produção artística ma-ra-vi-lho-sa e que tem algumas críticas aqui e ali sobre diferenças e sobre como o ser humano faz merda. Mas o final acabou não sendo tão satisfatório, mas que ainda vale à pena acompanhar ^^.

Sinopse:“O mundo é governado por espíritos, goblins e todo tipo de criaturas estranhas. Os seres humanos são perseguidos, até o ponto de extinção. Um dia, um golem e uma garota humana solitária se encontram. Este é um registro da dupla, um membro de uma raça em ruínas, o outro um vigia da floresta. Ele fala de suas viagens juntos e do vínculo entre pai e filha.”


Rub – Alê, terminamos Somali e já digo logo: o trailer me enganou porque eu não chorei com o final XP. Tirando esse “pequeno detalhe”, queria conversar contigo porque eu terminei Somali com um misto de emoções. Gostei de algumas coisas que eles fizeram e de outras nem tanto. Quero começar até pelo relacionamento que a Somali tem com o Golem e como é bacana essas ‘contradições’ no modo de pensar de cada raça. O Golem tem uma visão de mundo mais neutra da natureza. Prefere não se envolver com nada externo, a não ser que ele seja obrigado a defender a floresta ou a si mesmo. Até quando ele encontra a Somali, a rejeita por não ver serventia em cuidar de uma raça tão vulnerável como o ser humano. É uma perda de tempo e que, de acordo com seu raciocínio, não o beneficiaria de nenhuma forma. Como fosse uma ordem das coisas, em que se aconteceu daquela forma, teve seu proposito ou consequência. Enquanto a Somali, ela é muito apegada as coisas, em que abandonar ou perder algo significa muito e que ficar sozinha é pior que o medo de morrer. Até fiquei com dúvida sobre uma parada… Apesar dela ter sido abandonada quase bebê, ela sabe alguns conceitos como família e pai. Estranho dado que ela era escrava pelas algemas nas pernas. Quem ensinou a Somali? Quem a abandonou ali? Por que ela não se lembra de seu passado? São coisas que foram deixadas em aberto (que certamente foi respondido no mangá) e o anime deixou passar em branco. Senti falta do antes do encontro deles. Inclusive, só vemos o inicio, quando eles se veem pela primeira vez. Depois eles já estão andando em busca de humanos. Houve um salto e tanto no tempo, porque até a Somali cresce de maneira bem perceptível fisicamente.

Alex – Somali mentiu para nós!!!!! Eu quase chorei no meio (foi bem quase mesmo), mas nada no final XD. O Golem tem uma visão natural das coisas, “os que se desenvolvem sobrevivem”, ou até leva as questões como a seleção natural dos seres vivos. Pois é. Se a Somali tem essa concepção de o que é família, é certo que alguém ensinou ela e mesmo quando exploram o primeiro encontro da Somali com o Golem, não vemos indícios de que estava com a família naquele momento. Meu palpite é que mataram os pais dela e das outras crianças, e levaram apenas as jovens para vender a carne. Eu gosto da relação entre eles e de como ela vai mudando durante todo o anime. Começando algo bem mais “seco” – tanto que quando eles se encontram, o Golem faz de tudo para a Somali parar de ir atrás dele – para algo bem mais caloroso com o passar do tempo, chegando ao final do anime com ele tendo mudado bastante. E é algo bem feito, bem gradativo. O Golem vai aprendendo muito sobre os sentimentos com o passar do anime, assim como a Somali vai aprendendo sobre o mundo, que por falar nele, que mundo absurdamente rico! O autor está de parabéns por cada detalhe que ele construiu aqui, mesmo que seja um momento rápido, você sempre tem algum detalhe atrativo, que te desperta interesse. São plantas, animais, cidades, ambientes…tudo chama atenção. Créditos à produção dos cenários que é absurda!!!

Rub – Nos posts de impressões de Somali, você adorava citar os cenários e a parte artística dos frames, que são muito bonitos realmente. E quanto a evolução do Golem, a curiosidade dele em entender o que é sentimento, o transformou em um pai mega protetor. A Somali quase não tinha liberdade (entendível dado aquele mundo perigoso para humanos) e como ela era restrita ao que podia fazer, porque ôôô guriazinha curiosa. Algo chamava sua atenção, lá estava ela investigando a situação. Tanto que boa parte das enrascadas que eles se envolviam, basicamente era resultado das atitudes impensadas por ela. Entendo que é uma criança, porém fico do lado do Golem, pois aquele mundo não é um playground de sair para brincar de forma despreocupada. Tudo ali é um perigo para ela. E esse perigo todo vem da situação que os humanos (como sempre) começam a fazer umas cagadas, que os fez quase entrarem em extinção, sendo uma “comida de luxo” para as “aberrações”. Uma guerra iniciada pelos humanos, porém as demais espécies não ficam para trás, pois nem tentam diálogos mais. Só querem saber do lucro que irão ter em vender carne jovem de humanos. Infelizmente, um retrato nosso em que não escutamos o outro e partimos para uma solução extrema, que é a violência e guerras. O anime de Somali faz esse paralelo racial junto com outras questões sociais nossas também.

Alex – Eu gosto muito de trabalho artístico de forma geral, então me sinto na obrigação de falar e exaltar quando temos algo tão bonito e que é constante durante todo o anime. Ainda mais que a Somali e o Golem estão em uma viagem, a mudança de cenários é algo muito recorrente e mesmo mudando tanto de ambiente, a qualidade dos cenários, a beleza e o acabamento não caem em momento algum! É incrivelmente lindo!! A única coisa que me incomoda um pouco nessa parte são os feixes de luz. Ás vezes, mesmo em ambientes mais fechados como dentro de florestas, você tem esses feixes e é um pouco incômodo para mim. Não vejo necessidade, ainda mais que é algo usado durante todo o anime… Quanto a Somali, desde a OP já indica um pouco dessa curiosidade, já que ela sai atrás do coelho, procurando o bichinho haha. É legal o momento que o Golem aprende a técnica milenar de segurar a mão da criança para evitar que ela saia do lado dele à todo instante hahaha. E eu não julgo a Somali, porque ela aparenta não ter muita noção de perigo. Fala, brinca, faz de tudo um pouco como se não fosse nada justamente por ela não ter esse medo. Tanto que quando chegamos lá no clímax do anime e um certo personagem conta uma história para ela, fica em choque ali. Só acho estranho da personagem é que mesmo ela tendo sido presa, separada dos pais (?) e estando com aquele olhar apático lá no começo do anime, não aparenta ter traumas. Me faz pensar um pouco mais na personagem, que não vê maldade nas pessoas, mas foi presa e tudo mais. Ela teve um choque no final do anime, mas continua alegre de forma geral. Me pergunto se o ela alegre de forma constante é como uma proteção para evitar “danos”, ou algo do gênero.

Rub – Talvez por justamente ser muito nova, ela não viveu os horrores do passado, o que faz com não tenha noção da índole dos seres que a rodeia. Um exemplo foi a Uzoi e o Haitora. Ela praticamente acreditou na história dos dois e que eles serão amigos para o resto da vida, sendo que a Uzoi tinha intenções obscuras com o que fazer com a protagonista. E até dá para fazer um paralelo em não ter conhecimento dessa guerra porque a própria Uzoi não fica triste quando descobre que o seu protetor é o verdadeiro culpado dela ser órfã. As duas mais novas (ou todas as crianças que tem no anime) não tiveram a experiência e nem viram o horror da guerra entre as raças que teve no passado. Mesmo esquema quando falamos da Segunda Guerra Mundial ou de algum conflito antigo de grandes proporções. Bem provável que você que está lendo essa conversa, nem tivesse nascido na guerra da Vietnã, ou até na Guerra do Iraque no comecinho dos anos 2000. O desconhecido favorece a ignorância e diminuindo a empatia com as vitimas dessas ocasiões. Tudo aconteceu há muito tempo e não temos a dimensão para comparar ou simpatizar com aqueles que perderam algo nesses momentos. Mesma coisa que acontece com a Somali. Ela está descobrindo aos poucos e na marra, que aquele mundo é hostil e que deve tomar cuidado ao falar com estranhos. Ajudar ou reconhecer o outro lado também não é bem visto, dado aquela bruxa anciã que tentou auxiliar um humano e teve que fugir. Momentos extremos, as decisões terão pesos potencializados de acordo com a situação, contexto e ambiente em que está inserido. E esses temas de conflitos e preconceitos, são levantados em diversos momentos no roteiro.

Alex – Verdade, verdade. Pode ser isso mesmo. Acabei deixando passar um pouco mais acima, mas os humanos só fazem merda, meu pai amado. E eu gostei muito de uma fala lá no final do anime, que um certo personagem diz que os humanos chamaram eles, de espécies diferentes, de grotescos. O ser humano trata o diferente como anomalia ou aberração. Daí que vem o preconceito. Fora questões de ego também, porque o ser humano se acha superior aos demais. Só pegar a nossa realidade. O ser humano se desprendeu e acha que é a natureza que depende dele, não o oposto. Por isso ele modifica, destrói como bem entende, sem pensar nas consequências desses atos. E quando começaram a trabalhar a questão da extinção dos humanos, você fica em dúvida sobre quem está errado ali. Se era o ser humano ou as outras espécies, mas logo muda, quando exploram mais e você logo vê que quem fez a merda toda acontecer foi o ser humano. Ele pagou pelos atos dele e assim, pelo menos comigo, não consigo “ficar do lado” deles. É triste porque há quem irá sofrer pelos atos de outros. A Somali mesmo está em constante perigo por causa das ações de outros. A Uzoi também é outra que sofre por isso. Ao menos do lado dela, houve uma certa redenção, mas não vou entrar muito nisso porque é spoiler pesado. É algo bem complicado, mas adoro a forma que o autor aborda o preconceito, porque é o ser humano que tem preconceito com as outras espécies. Enquanto o Golem e a Somali viajam, nós vemos diferentes tipos de animais convivendo uns com os outros, negociando, morando e vivendo em harmonia.

Rub – Incluindo espécies que estão em níveis diferentes na cadeia alimentar, vivendo em sociedade, enquanto os humanos não consegue viver nem entre si. E até a bruxa anciã aponta esse detalhe enquanto contava sua história para os dois. Como eles irão encontrar os humanos, precisarão de uma abordagem diferente, porque é bem capaz que nem esse grupo aceite a Somali por causa do individualismo e sobrevivência. Só que o tempo do Golem está acabando. Ele está se deteriorando conforme vai passando os dias. E quando passa dos limites, sua vida restante vai se retraindo cada vez mais. Todo debilitado, com certeza vai sobreviver por apenas mais algumas semanas. A jornada deles para procurar humanos, virou uma contagem regressiva para o Golem, já que não tem mais a força de antes para proteger a protagonista e não tem a mínima ideia do que fazer caso não encontre eles. O Shizuno pergunta o que ele irá fazer daquele momento depois do festival e o Golem fica sem resposta. E como acontece com Haitora, o Golem também precisa prometer que irá ficar para sempre com sua protegida. Só que eu fiquei meio desgostoso com o final do anime terminar aberto. Entendo que o mangá continua e que adaptaram até onde podiam, porém o anime simplesmente termina, não tendo fechamento algum em diversos pontos. O máximo que podemos chamar de arco que foi concluído no final foi o do Golem aceitar que tem sentimentos pela Somali. De resto, ficou tudo para uma segunda (bem difícil de acontecer) temporada do anime.

Alex – SIM! E um momento que é interessante de se destacar, é justamente quando a bruxa anciã está contando a história e na vila que a história se passa, havia um Golem e os humanos viam ele como Deus. E mesmo tendo o Golem lá, ele não interfere nas ações dos humanos. Corrobora para isso, já que ele não impede ou tenta mudar essa visão dos deles, que até matam uma espécie só por ele ser diferente e causar medo neles. E eu não duvido nada que mesmo que eles encontrem humanos lá, eles ainda vão ter uma certa dificuldade de fazê-los aceitarem a Somali. E ainda temos que pensar nas chances dela ser maltratada, passar por outros tipos de problema etc. Esse último arco foi para lá de previsível em alguns pontos. Acho que foi até por isso que eu não fiquei tão tocado com esse “final”, porque sério, quem olha para ‘aquela personagem’ e pensa que ela é “boa”???? (Não é que ela seja má também). E realmente, você não tem uma conclusão de fato, até porque a gente não teve um arco por assim dizer. O Golem aceitar que tem sentimentos não passa uma boa sensação de conclusão, porque ele ter sentimentos é algo que vem sendo trabalhado desde de lá no começo. Então parece que só acaba mesmo. E Somali parece que será outro que não teremos uma segunda temporada e vermos o final dessa história de forma animada, já que ele não aparenta ter sido um grande destaque e as vendas dele foram beeem baixas. Japonês não aprecia o que é bom e prefere dar dinheiro para caça niquel ¬_¬ (cof Magia Record cof). O jeito é ir para o mangá e esperar pelo fim, porque eu não vejo a história indo muito mais longe, ainda mais que depois desse último arco, as funções do corpo do Golem estão muito mais limitadas.

Rub – Uma pena realmente não ter outra temporada. O jeito é ir atrás do mangá, que inclusive, já está dando sinais que irá finalizar em breve. Então fica a oportunidade perfeita para ir ler o material original. Agora quanto ao anime, a minha recomendação para as pessoas que não assistiram ou que ficaram curiosas com a história, espere algo semelhante a Usagi Drop (falo mais do começo do mangá), Udon no Kuni no Kiniro Kemari e Barakamon, com elementos de fantasias pela trama. É um anime lento, com debates sociais interessantes, com um desenvolvimento de personagens vagaroso, mas continuo. Espere uma qualidade técnica decente, com uma animação consistente e uma trilha sonora boa para acompanhar o ritmo da obra. Não espere ter cenas de ação, porque tirando dois momentos rápidos, quase não temos lutas aqui. Se ajustarem suas expectativas e gostarem de uma história mais sobre relacionamentos familiares ou de amizades, Somali to Mori no Kami-sama é uma boa pedida para você assistir se está atrás de um drama.

Alex – Aproveitando também, quem se pergunta se o mangá tem chance de vir para o Brasil, normalmente eu diria que não! MAS, há um ponto ao seu favor que é a Panini Itália publicar o mangá lá. Então há alguma chance do mangá vir para cá pela editora, ainda mais que a obra já dá indícios que em breve irá finalizar. Tem mais detalhes das chances do mangá sair aqui nesse post. Quem gosta de slice of life é uma boa pedida. História bonitinha e boa para passar o tempo, não acho que seja uma boa maratonar o anime. Veja até uns 2 ou 3 episódios diariamente que é fichinha ^^.


Esses cenários!!!
Ranço do ser humano…

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