O erro da gata foi se esquecer de um detalhe…
Chegamos ao 22º episódio de “Yuukoku no Moriarty” e enfim tivemos o encontro, o embate, entre o Milverton (foi com deus), Moriarty e Sherlock. Além disso, a trama apresentada no episódio anterior ficou melhor amarrada ao restante quando assisti esse episódio. Falemos mais de tudo em detalhes 🙂
O que gosto bastante nesse episódio é que ele seria quase uma novela. Tudo nesse capítulo respira a essência de um novelão e gosto desse clima. Funciona bem. Nós temos o vilão dando risada, o “mocinho” indo atrás dele e a grande virada da trama no final. Até mesmo a questão do tempo, que do nada parecia que o mundo ia desabar haha. Tudo isso caiu muito bem com o episódio de alguma forma. Só espero que isso não seja apenas meu favoritismo pela série falando mais alto.
Na introdução do episódio, temos o contexto de qual é o real interesse do Milverton com a história do tesouro e o porquê de estar chantageando a Mary, coisa que no episódio passado não havia ficado muito claro, dado que o homem era rico e o tesouro não parecia ser o real interesse dele a ponto de criar toda aquela situação. Vemos que a Mary foi para a França, lá ela foi influenciada pelos movimentos dos franceses universitários que adoram queimar carros e acabou sendo envolvida na revolta, sendo que a personagem só entregava panfletos. A chantagem do Milverton é mais sobre entregar o nome dela para o governo francês e ela acabar sendo extraditada. Portanto, o tesouro é o grande recurso usado pelo Milverton para mover os personagens. Ele liga para o ouro em si? Não, pois só quer envolver o Sherlock nos planos dele, porque o Moriarty está agindo para ir atrás do mesmo. Ele precisa do Sherlock para ser aquele que irá expor o Lorde do Crime e assim, afundar sua imagem, mantendo o sistema da mesma forma que está.
Passando essa introdução, o Sherlock bola um plano para ir atrás do documento original que “incrimina”, por assim dizer, a Mary, e vão atrás dele na mansão do Milverton. Chegando lá o Sherlock tem uma expansão mental e entende tudo: os casos mais recentes, o recém assassinato do Whitley e a repentina chantagem do Milverton a Mary, tudo está ligado entre o Lorde do Crime e o Milverton. Ele entende mais ou menos a situação e parte para tentar resolver tudo ali mesmo. Basicamente ele “dá um perdido” no John, pedindo para ir atrás da polícia e entrar na casa. Gosto que ele provavelmente já tinha uma noção inicial do que poderia acontecer dentro da mansão e despistou o John para que ele não se envolvesse com o caso, ainda mais que o amigo estava para se casar. Não seria bom que ele fosse metido nessa discussão. É um pouco semelhante ao que o Moriarty queria fazer com o Louis no começo da história, mas isso é coisa do mangá e que não foi adaptada no anime.
A partir daí meus amores, é que vem o grande trunfo do episódio. Da metade para o final, tudo é dentro de um quarto com frames praticamente parados e apenas os personagens conversando. Neste caso, o grande ato é protagonizado por Sherlock, Moriarty e Milverton. São em momentos como esse que acho a direção da série maravilhosa e não só ela, como o compositor de série, porque é literalmente uma cena quase nenhum movimento. São apenas os personagens conversando e expondo seus pontos de vista diante da situação em que se encontram. Tinha tudo para ser chato, mas é tão maravilhosamente instigante. A fotografia vai trocando os ângulos que os personagens estão, ficando em gestos, nos olhares e tudo vai criando um suspense perfeito, auxiliado claro pelo texto que é ótimo. É tão bom! Como eu amo essa série!!!
Esse suspense funciona tanto pelo lado de que não sabemos bem como o Sherlock e o Moriarty vão se comportar naquela situação, como pelo lado de que a maior parte dos diálogos iniciais dessa cena são da perspectiva do Milverton, com ele achando que está tudo sob controle, como se os dois estivessem na palma de suas mãos, coisa que sabemos que não é assim pelo simples fato de que tanto Moriarty como Sherlock, não se veem necessariamente como inimigos, principalmente pelo lado do Sherlock. Desde o começo ele via o Lorde do Crime como uma oportunidade de desvendar mistérios mais complexos, como posteriormente ficou irritado quando percebeu que estava trilhando um caminho para tentar mudar a sociedade através dos crimes. E o que torna tudo mais maravilhoso é justamente o Milverton crer que um via o outro como um simples adversário, como alguém que o Sherlock queria pegar (para prender, rs), como o Moriarty o via como um alvo a ser usado para trazer luz às trevas que ele tecia. Ele não contava com um detalhe: o Sherlock não via o Moriarty como vilão.
Quanto mais a conversa avança, é absolutamente divertido ver o Milverton percebendo que ele não está no controle da situação. Quando o Sherlock praticamente declara seu amor para o William (estava quase gritando, por sinal) e os dois viram as armas para ele, foi o momento de desespero. Ficou claro que eles não tinham o que perder. O plano do William desde o começo foi se mostrar como o mal em Londres e o Sherlock, naquele ponto, também estava disposto a fazer aquilo. Tanto que como ele fala logo depois. Ele por si não teria muito como provar a identidade do William, mas o fez mesmo assim. Como disse, naquele ponto da história, ele não tem muito o que perder. Para além do prazer do Sherlock em livrar o John daquela situação e não dançar mais conforme a música tocada pelo namorado hahaha. No fim das contas, esse detalhe crucial, somado a ele não ter garantido que a Mary seria exposta caso o Sherlock não aceitasse a proposta, levaram a ruína da gata. Foi arrogante, esqueceu de um detalhe e morreu. E por sinal, gosto de como vão retirando as cores da pele e do cenário, deixando os personagens bem pálidos, quase brancos, ressaltando apenas as cores dos olhos, e logo depois, o vermelho do sangue. Fabuloso!
Nesse momento final, temos dois pontos principais. O primeiro é pelo lado de que o Sherlock cansou de ir andar nos caminhos traçados pelo William, sendo que agora ele vai “pegar o William do jeito que ele quiser” (simplesmente adorando os diálogos dúbios) agindo de maneira mais inesperada para que o William não consiga prever seus passos, me deixando intrigado para saber como ele vai lidar com a questão da prisão, sair de lá e só então ir atrás dos Lordes do Crime. Também entramos no campo de algo que o William não queria que tivesse acontecido, com o Sherlock ter matado uma pessoa. Não sei se é algo mais particular do anime, mas pelo que vimos até então, o William nunca quis envolver pessoas inocentes nos crimes dele. Ele sempre presou muito por isso. Ele chegar nesse ponto da história e demonstrar estar preocupado com a possibilidade do Sherlock matar, me pareceu um pouco… estranho. Talvez seja um problema do anime nessa questão, ou talvez algo que seja melhor trabalhado no próximo episódio. De toda forma, não me pareceu algo com qual o William teria tanto problema, a não ser que ele esteja pensando pelo lado que o Sherlock ir matar ele pode torná-lo só ‘mais um mal’ na sociedade, tal qual aconteceu com o Whitley. Talvez ele queria construir sua própria ruína de uma maneira específica, de forma que a sociedade veja o Sherlock como um bem feitor.
Sempre acho Moriarty muito bom para trabalhar com nuances e eu queria saber expressar melhor como me sinto nessas questões, porque sigo achando o trabalho excelente de maneira geral. Como não sei o que escrever, fico me sentindo triste, mas pelo menos eu tento. A vontade que tenho é encher essas postagens com prints espetaculares dos episódios hahaha. Enfim, vamos entrar nos momentos finais da série. Os dois próximos posts devem sair nos dias 30 e 31, encerrando as impressões dos episódios. Fiquem no aguardo e até breve! ^^