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Mesmo que você não tenha gostado do anime, eu digo: tente o mangá!

O ano de 2024 começou muito bem para os animes, especialmente para a demografia feminina, que já nos presenteou com belas surpresas nas adaptações animadas. Destaques como “Yubisaki to Renren” (leiam as primeiras impressões do anime no blog!) e “7th Time Loop” (leia primeiras impressões aqui também). Porém, indo um pouco na contramão e fugindo mais dos hypes que a temporada gerou, um anime pouco assistido, mas que apreciei muito foi “Momochi-san Chi to Ayakashi Ouji” (impressões aqui) e embora eu entenda quem tenha dropado a animação, afinal, a produção estava caindo aos pedaços, cortando muita coisa do mangá, digo que ainda assim foi uma animação que conseguiu me agradar, apesar dos sérios problemas evidentes.

Cativado pelo anime, fui atrás do mangá e decidi (por um impulso consumista) comprar a edição francesa do mangá! Adquiri os 3 primeiros volumes da obra, os li, e agora venho contar um pouco sobre a história e, para quem viu o anime, comentar algumas diferenças em relação ao anime. MAS, se para você o anime não funcionou, eu preciso dizer: pelo menos tente o mangá!

Sinopse: “Himari Momochi, embora órfã, em seu aniversário de 16 anos herda a antiga casa da família Momochi. Presume-se que esta casa seja assombrada por demônios, mas a jovem insiste em se mudar para lá. É assim que ela conhece três moradores curiosos: Aoi, Yukari e Ise. Himari rapidamente descobre que eles não são os únicos habitantes desta casa! Aoi luta contra os demônios que buscam invadir nosso mundo, sendo a casa instalada na fronteira entre nossos dois universos. Determinada apesar de tudo a continuar morando aqui, Himari rapidamente terá que tomar consciência do perigo que a cerca…”


  • História e Desenvolvimento

É meio estranho escrever esse post agora (meados de maio), pois faz pouco tempo que vi e escrevi sobre o anime no blog. Li o mangá, falei dele no Twitter do blog, e voltar a escrever da obra no blog em si, dá uma sensação de repetição, mas vamos lá. A história, como posto na sinopse, é sobre a Himari, que no seu aniversário de 16 anos sai do orfanato que vivia e vai atrás da casa da família Momochi, casa essa que herdou dos seus pais que nunca conheceu e não sabe nada sobre eles. Ao entrar na casa, logo de cara encontra o Aoi, que na ocasião vem a estar pelado (que cena de se ver, logo ao entrar em casa.) e acompanhado do Yukari (vulgo melhor personagem) e do Ise. Mais tarde, ela descobre que os 3 lutam contra os demônios, vivem na residência e “do outro lado”, a servindo como um local de ‘divisão entre os dois mundos’. Então ela precisa conquistar seu lugar naquela casa, dado que os três não acham a presença dela muito bem-vinda, tanto por ser uma humana comum como por ser perigoso, e entender mais sobre o Aoi e seu próprio passado.

– Eu me chamo Himari Momochi! E eu sou a proprietária legal do lugar!
– Eu me chamo… Aoi Nanamori.

Eu me tornei um bom fã da série depois do anime. Mesmo com todos os defeitos da animação (e olha que são muitos) e com momentos que você claramente vê que tem informação faltando, eu consegui enxergar algo criativo na história original, divertido e intrigante, tanto que desde o começo fiquei com o sentimento de que ‘o original deve ser tão melhor’ e, para minha grande satisfação e prazer, era mesmo! ^^

A história, a certa altura, é bem simples: é uma personagem com um segredo sobre seu passado, um personagem masculino (e interesse romântico) também com segredos e meio distante da protagonista, e com companheiros que são bem arquétipos de personagens comuns: o Ise sendo o mais impulsivo e explosivo demonstrado até na sua paleta de cores e por ser um personagem cujo poder é fogo; enquanto que o Yukari é mais pé no chão, racional e lembra até um pouco a figura de um pai ou mãe cuidando dos demais e, novamente, referenciado pela paleta de cores com tons mais sóbrios e frios (azul e roxo). No entanto, o universo é de uma riqueza muito grande. Há uma construção de lendas, mitos e do folclore japonês e que a autora traz muito forte. Contando nesse começo, com pequenos casos a serem resolvidos pelos personagens enquanto desenvolve e explora melhor suas personalidades.

– A serpente da água, Yukari… E Ise, o Orangotango! Eu, seu mestre, eu transmito meus poderes… para capturar este espírito…

Gosto bastante dos casos que a autora põe aqui. Algumas histórias de são de capítulo único, outras duram 2 ou 3 capítulos, sempre trazendo uma nova criatura, demônio ou magia que a protagonista não conhece, e que por não conhecer, se mete em roubada. Não são histórias completamente isoladas, pois há personagens que serão importantes mais à frente na história, como o Kasha que aparece no final do segundo volume e que até esse ponto é apresentado como um vilão ou antagonista nessa história toda. A autora coloca o personagem em cena e ainda vamos saber quais serão suas intenções reais futuramente (nem no anime deu para saber o que ele quer ou queria de fato). Sobre esses pequenos contos mostrados nesses volumes iniciais, gosto particularmente das histórias contada no capítulo 5 sobre um pequeno demônio que habita na casa Momochi que deseja ver sua irmã em um ritual que acontece todos os anos; e da história dos capítulos 10 e 11 sobre um ritual que o Aoi precisa fazer. Nessa parte, inclusive, a autora mostra bastante de sua diversidade narrativa, mostrando criatividade na hora de fazer designs, compor cenas, fazer cenas de ação, drama, tudo com elementos visuais ricos!

Mais para frente (não é spoiler), nos volumes 5 e 6, a autora vai contar o passado dos personagens Ise e Yukari. A história do Ise é só “ok” no meu ponto de vista, mas a do Yukari é ótima! Mesmo picotada ao máximo, gostei muito do que vi no anime e estou doidinho para que chegue nessa parte no mangá também! E falando no anime, fica muito evidente o quanto pularam e esvaziaram a obra na animação. Para terem uma noção, o anime pulou o 2º volume quase que por completo, adaptando só o último capítulo dele e no 3º, pegaram só até a metade dele (2 capítulos). A quem interessar, o anime “adaptou” até o volume 9. Pode ir direto nesse volume caso seja sua escolha, mas eu particularmente não recomendo fazer isso, dado o tanto de material que foi pulado, rushado ou compactado para caber nos 12 episódios. O mangá desenvolve, explora e aprofunda melhor o que ele quer contar, os personagens e o universo da série.

No demais, acho a comédia ótima também! A autora tem um bom timing cômico, sabe usar as outras criaturas para criar cenas cômicas e os personagens ajudam bastante nisso também. Adoro o núcleo principal e as dinâmicas entre eles funcionam muito bem! No fim das contas, a autora consegue amarrar o que ela quer contar com seus personagens e manter um fio condutor interessante! ^^

E como último comentário, gostaria de dizer que o mangá tem uma vibe bem mais gay que no anime. Tem cenas lindas visualmente e totalmente no estilo! Um exemplo:

Kasha é muito gay tóxica

  • A Autora

A Aya Shouoto está na ativa há mais de 20 anos. Os primeiros registros de publicação são dela lançando Doujins BL de “King of Fighters”. Seu primeiro mangá publicado por uma editora é “Suki!“, um BL lançado em 1999 pela editora Futami Shobo (editora especializada em BL e Hentai). Nos anos seguintes ela seguiu forte publicando Doujins e é a partir da metade dos anos 2000 que ela começa a intensificar sua produção de mangás: em 2005, o volume único “Himitsu de, Hanazono.” é publicado na Be x Boy (BL); em 2006 ela publica “S.L.H“, um Shoujo de 5 volumes na revista Sylph (ASCII Media Works); ainda em 2006, na revista Be x Boy, ela publica o BL “Orette, Tenshi“, um volume único; em 2008 ela lança “EPITAPH“, um Yuri na Comic Yuri Hime, infelizmente foi descontinuado e ficou com apenas 1 volume; no mesmo ano, ela também lança “Barajou no Kiss” na revista Asuka (KADOKAWA), sendo esta uma de suas obras mais emblemáticas! Já em 2010, ela começa “Junketsu + Kareshi” na revista Aria (Shoujo, Kodansha), a obra foi concluída em 10 volumes. Em 2012, na Nakayoshi (Kodansha), ela publica “Super Darling!“, que acabou sendo descontinuado depois de 2 volumes;

Capas japonesas de ” “Suki!”, “S.L.H”, “EPITAPH” e “Barajou no Kiss”, respectivamente.

É em 2013 que ela começa “Momochi-san Chi no Ayakashi Ouji” novamente na revista Asuka e se consagrando como sua obra mais famosa. Após “Momochi”, ela publicou outras cinco obras importantes: “Chouchou Jiken” começou em 2016 na Aria e foi concluído com 4 volumes; “Tsukigami to Bonbon“, de 2018, um Shounen (um dos poucos, aliás) de 2 volumes que ela publicou na Gangan Online, da Square Enix; em 2020, ela iniciou “Otome no Omocha“, de 3 volumes, na Bessatsu Friend (Kodansha); em 2021 ela retorna à Asuka para lançar “Kagetoki-sama no Kurenawi Koukyuu“, de 3 volumes e que ela concluiu neste ano. A sua obra atual é “Momochi-san Chi no Ayakashi Ouji: Tsugu“, que começou a ser publicado no fim de 2023 e dá sequência à “Momochi”, sendo o mangá em andamento com 1 volume!

Capas japonesas de, respectivamente, “Chouchou Jiken”, “Otome no Omocha”, “Kagetoki-sama no Kurenawi Koukyuu” e “Momochi-san Chi no Ayakashi Ouji: Tsugu”

  • A Edição Francesa

O mangá foi publicado na França pela Soleil – que pertence à Delcourt/Tonkam – entre junho de 2014 e dezembro de 2021 no formato 13 x 18 cm (semelhante à “Citrus” e “given” aqui no Brasil), com sobrecapa fosca e verniz localizado. Não se sabe o tipo de papel do miolo, mas as páginas coloridas (lindas por sinal) são em couché. A obra é concluída com 16 volumes. Abaixo, um vídeo mostrando os 3 primeiros volumes da edição francesa:

Vale dizer: o papel dessa edição é beeeem ruim, com muita transparência e algumas páginas terríveis, algo que a Delcourt/Tonkam sofrem com críticas desde o começo da pandemia e a edição que tenho foi impressa em meados de 2023.


  • Conclusão

“The Demon Prince and Momochi” é uma leitura divertida, com personagens cativantes, um universo rico e com um desenho sublime com a autora no seu auge! É uma série mais longa, mas acho que vale muito a pena a leitura e espero poder continuar com minha coleção da obra em breve (quando esse post for lançado, já devo ter até o 5 + ou -) ^^

O mangá infelizmente não é publicado no Brasil, mas recomendo muito a leitura. Seja para aqueles que viram o anime (gostando ou não), como para aqueles que não conhecem nada da obra!

As irmãs Yukariko, Iseko e Aoiko, impagável.

Esse post está sendo lançado em algum dia de agosto, mês que estamos o 5º ano de existência do blog. Estamos postando resenhas de mangás diárias, além de reviews de animes e outras coisinhas mais. Então fiquem de olho nos próximos textos! Obrigado por lerem. <3


  • Ficha Técnica
  • Título original: Momochi-san Chi no Ayakashi Ouji (百千さん家のあやかし王子)
  • Título francês: The Demon Prince & Momochi
  • Autora: Aya Shouoto
  • Editora Francesa: Soleil
  • Mês de Lançamento na França: Junho/2014
  • Quantidade de volumes: Completo com 16 volumes
  • Formato: 13,1 x 18,3 cm, capa cartonada com sobrecapa e verniz localizado
  • Papel: ??? – páginas coloridas em papel couché
  • Número de páginas: 160 páginas
  • Brinde da Edição: —
  • Preço de capa: 8,50 €

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