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Ontem, hoje e amanhã, continuará absolutamente adorável!

O ano é 2024 e na Temporada de Inverno vai ao ar a adaptação em anime de “Yubisaki to Renren”, se consagrando como um dos grandes sucessos da Temporada e ao meu ver, o melhor anime dela (tem primeiras impressões no blog). Meses depois do fim do anime, o volume 1 foi lançado no Brasil e como já faz uns bons anos desde que fiz o post de apresentação do mangá no blog (leia aqui) e aproveitando a ocasião do 5º aniversário do Blog LD, venho aqui fazer esta resenha! ^^

“Um sinal de afeto” ou “Yubisaki to Renren” (ゆびさきと恋々), como é publicado no Japão, é um mangá escrito e ilustrado pela dupla suu Morishita (é um pseudônimo para a Makiro (roteiro e storyboard) e a Nachiyan (desenhos)). A obra é publicada no Japão desde Julho de 2019 na revista Dessert (Shoujo) da editora Kodansha. Durante muito tempo, a obra se consagrou como o mangá mais vendido da revista (foi deposto por “Uruwashi no Yoi no Tsuki”, da Mika Yamamori), mas até hoje é um dos pilares da revista e um dos principais mangás deles dos últimos anos. O mangá foi o vencedor do grande prêmio da 11ª Edição do An An Manga Awards, além de ter ficado em 9º no Kono Manga ga Sugoi! 2021 na categoria de Mangá Feminino e ter concorrido a outros prêmios. Com 11 volumes, a série ultrapassou a marca de 5 milhões de cópias em circulação no Japão, além de ser publicado em boa parte dos grandes mercados de mangás do Ocidente!

Sinopse: ” ‘Eu quero que isso seja paixão… Eu quero que seja.’
Yuki é uma garota que frequenta a faculdade e, certo dia quando estava com problemas, é ajudada por seu veterano, Itsuomi, que lida com Yuki de forma natural apesar de ela não conseguir ouvir por ter uma deficiência auditiva. Aos poucos, ela começa a ter sentimentos por esse rapaz que, pouco a pouco, começa a mostrar um mundo diferente a ela…?! Este é o primeiro volume da história de um amor puro entre Yuki, que possui deficiência auditiva, e seu veterano Itsuomi, que mudou o seu mundo.”


  • História e Desenvolvimento

Muito antes da dupla suu Morishita ser conhecida por esse grande e incontestável sucesso que é “Um sinal de afeto”, a dupla era até bastante conhecida – ainda que dentro de uma bolha mais restrita – como as autoras de “Hibi Chouchou”, um mangá que elas publicaram entre os anos de 2012 a 2015 na revista Margaret da Shueisha, sendo este o primeiro sucesso delas e que as consolidou de fato no mercado japonês. Entre “Hibi” e “Um sinal”, existiu um outro mangá mais longo delas chamado “Short Cake Cake” (2015-2019, Margaret/Shueisha), um trabalho que ficou menos conhecido e que também marcou o último grande trabalho delas com a Shueisha (até o presente momento).

Fato é que seja aqui, seja em “Hibi Chouchou” ou mesmo em “Short Cake Cake” a suu Morishita é mestra em escrever o tipo de história que tende a ser uma bomba de açúcar. São histórias das mais doces possíveis (especialmente Hibi, que ali é o ápice delas nisso), das mais fofas e que normalmente, não criam grandes conflitos ou confusões. Elas se apegam ao comum e ao cotidiano para contar suas histórias e elas fazem isso tremendamente bem!

Mas bem, “Um sinal de afeto” fala sobre a Yuki, uma jovem surda que iniciou a vida universitária há alguns meses e que em um belo dia, encontra o Itsuomi, que vem a ser da mesma universidade que ela e está no mesmo clube que a sua amiga (a Rin). Nesse dia, um estrangeiro tanta conversar com ela e o Itsuomi que ajuda ela nessa situação, orientando o rapaz, a partir desse encontro, surge tanto uma linha de interesse da Yuki por ele, com ele sendo uma figura mais misteriosa, com cabelo descolorido e muito bonito, e do Itsu pela Yuki, especialmente pela língua de sinais e pela curiosidade em descobrir mais do mundo da Yuki, especialmente pela maneira que ela percebe ele.

Esse começo da obra mostra muito entre as diferenças entre eles e tem um simbolismo muito legal com relação à comunicação, a forma de se expressar, o que queremos passar e a conexão que é feita através da língua. A Yuki tem o desejo de se tornar mais próxima do seu agora crush e busca maneiras para tornar essa proximidade mais concreta. Embora ela hesite, ela sempre dá um passo adiante, tudo em prol de conseguir chegar mais próximo do seu objetivo. E o Itsuomi, por sua vez, vê na Yuki inicialmente, uma fascinação, especialmente porque ele nunca teve contato com uma pessoa surda e menos ainda, não teve relação com a língua de sinais. Sendo apresentado a esse novo mundo e sendo uma pessoa que gosta de explorar o desconhecido – não a toa ele faz viagens frequentes para o exterior para aprender coisas novas – a Yuki prende a atenção por algo que, nesse início, ele não sabe explicar exatamente o motivo. E além de tudo, a Yuki e o Itsuomi são uma graça! Eles ainda não são um casal, mas a dinâmica dos dois é absolutamente adoráveis, cada um a sua maneira.

Eu já li esse volume algumas vezes. As primeiras duas vezes online, depois, na edição francesa, vi o anime e agora, pela edição brasileira. Vendo esses primeiros capítulos, especialmente agora, depois da existência da adaptação animada, é muito legal não só ter uma percepção a mais da qualidade do material original, mas também, do quão benéfico é ter uma staff tão competente e que potencializa o material de base. Anime e mangá são um show que utilizam de suas próprias mídias para realizar o máximo que podem. A Nachiyan no mangá, busca orientação para tentar sintetizar e compreender uma forma de expressar a língua de sinais por meio do desenho, enquanto que a animação se aproveita do movimento para tornar tudo mais palpável, e não só a língua de sinais em si, como os lábios dos personagens são muito bem demarcados, especialmente para expressar a fala e demonstrar a forma da Yuki de fazer leitura labial, sem contar nos outros âmbitos de pesquisa e cuidado que a equipe da animação teve.

E no que envolve outros personagens importantes, temos a Rin, que é a melhor amiga da Yuki na Faculdade e que faz anotações para ela durante as aulas, além de gostar do Kyouya, o primo do Itsuomi. São dois personagens mais secundários e que até onde li (volume 6), eles ficam bem de segundo plano, tem um ou outro momento de maior atenção, porém, são dois personagens bem gracinha. Gosto bastante dos dois e do par que eles formam na obra. Ainda nesse campo de personagens temos o Shin e a Emma, que são dois amigos do Itsuomi e formam uma ‘dupla dinâmica’, por assim dizer. Esses personagens acabam ficando bem de escanteio, mais de menção e no entanto, serão importantes para o andar da obra, além de ganharem mais destaque lá na frente, cada um com seus próprios dramas.

E por fim, o outro grande personagem e que vai ter bastante atenção nesse começo é o Oushi, o amigo de infância da Yuki e que acaba por ser um grande capacitista com ela. O Oushi abre porteira para uma ala de pessoas que existem na vida real e que muito frequentemente estão próximas de pessoas com deficiência (âmbito familiar ou de amigos próximos), taxando-as de incapazes ou menos capazes, tendo um cuidado excessivo ou mesmo partindo para um campo mais agressivo na maneira com a qual se relacionam com pessoas PCDs. Ele é um personagem que gosto muito na sua execução, por as autoras darem umas camadas bem legais para o personagem. Ele é irritante, chato e um merda na maneira como trata a Yuki, principalmente por ele não saber lidar bem com alguns sentimentos que ele tem.

Tem dois personagens que as pessoas gostam de colocar como sendo alvos de “triângulo amoroso” em relação aos protagonistas, sendo que a meu ver, isso nunca existiu na obra e definitivamente não era a pretensão das autoras para que assim fosse. Desde o começo, é muito evidente que a Yuki e o Itsu são “muito fechados” entre eles, não há uma abertura sequer para que outro(s) entrem nessa história deles. O que as autoras fazem aqui é algo muito interessante – e muito humano, vale dizer – que é explorar amores frustrados, de diferentes formas, porque nem todos os amores que temos dão certo e elas se utilizam desses dois personagens para isso.

No geral, as obras da suu Morishita tem uma tendência muito forte a não terem personagens detestáveis ou mesmo tratar de pessoas que sejam essencialmente ruins. Os mangás delas, como disso, vão muito para uma abordagem mais good vibes, colocando não só o cotidiano, como o que tem de melhor e mais doce na vida, então acabam sendo trabalhos para ler e sair feliz pelo que acontece e isso é algo que aprecio muitíssimo! É algo que em termos de execução, é feito com maestria e ao passar dos anos, acho que elas só tem melhorado nisso! ^^


  • Conclusão

“Um sinal de afeto” é uma obra muito linda, muito (muito) doce, bem simples e tranquila. Não tem grandes pretensões, nem faz grandes pontos quanto à crítica social, o que de certa forma, acho interessante, porque é uma pessoa PCD sendo retratada na sua vida cotidiana, com adversidades, mas normal e esse aspecto de normalidade é algo que gosto muito! As autoras tem uma consultora para representar a língua de sinais e ver se a abordagem delas é respeitosa e do que posso ver aqui, acho tudo muito delicado! Se você busca uma história simples, bem romântica e doce, é um prato cheio! Diria, inclusive, que é um ótimo mangá se você quer apresentar mangás a alguém, ou mesmo servir de introdução para a demografia feminina! ^^

Para “Um sinal de afeto” é isso! Fiquem de olho no blog, pois durante todo o mês de Agosto/2024, estaremos publicando uma resenha diariamente no site e além das resenhas de mangás, também estaremos falando de animes diariamente também! Obrigado a todos que leram!!! <3


  • Ficha Técnica
  • Título original: Yubisaki to Renren (ゆびさきと恋々)
  • Título nacional: Um sinal de afeto
  • Autoria: suu Morishita
  • Serialização no Japão: Dessert
  • Editora japonesa: Kodansha
  • Quantidade de volumes: Em andamento com 11 volumes
  • Formato: 12,8 x 18,2 cm, capa cartonada
  • Quantidade de páginas: 180
  • Papel: Off-set 90g
  • Preço de capa: R$ 36,90
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