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Algumas novas leituras no mês...

Esse post de Leituras estará saindo em meados de Outubro… Ultra atrasado, só para variar… E no mês de Julho, eu li quatro volumes 1, ou seja, quatro novas séries, e dei continuidade a uma série lendo mais dois volumes. As obras e seus respectivos comentários vocês conferem a seguir. ^^


L’enfant en moi #1

“L’enfant en moi” (aka “Anoko no Kodomo”) foi o último mangá que li em julho, mas decidi começar por ele, porque é um dos únicos que li esse mês que ainda não tem post próprio (o texto dele sairá mais para frente, quando a MPEG divulgar as primeiras informações da edição nacional). Começando pela sinopse base do mangá, a obra conta a história da Sachi, uma estudante do 2º ano do Ensino Médio e que namora com o Takara, um amigo de infância da mesma idade que ela. Os dois levam uma vida normal e tranquila, até que durante uma das transas dos dois, a camisinha que o Takara estava usando estoura. Os dois não se preocupam inicialmente, acham que tudo ficará bem e não vai dar em nada, até que a Sachi começa a sentir-se mal e a ter enjoos frequentes. Até que fazendo um teste de gravidez, vem o resultado: positivo.

– Espere… uma camisinha… devo ter uma aqui…

A Aoi Mamoru é tão maravilhosa na condução da narrativa. Ela tem uma delicadeza grande para contar essa história e mais do que isso, consegue expor e expressar do medo que a Sachi sente com a possibilidade de estar grávida. O medo, a ansiedade, o sentimento de solidão que traz, pois mesmo o Takara sendo companheiro e presente com ela, alguns sentimentos são inevitáveis, pois a gravidez mais impacta a vida dela enquanto pessoa que gesta a criança. Para além dos sentimentos tortuosos como negação e uma certa depressão e ansiedade, a personagem ainda enfrenta um grande pânico de não saber o que fazer, como fazer, com quem contar ou em quê confiar e nesse aspecto. Novamente, a autora BRILHA! Esse é um mangá didático em várias questões e é como um acalento para principalmente meninas que passam por isso em tão pouca idade. Com o advento da tecnologia, a informação é mais acessível, mas nem tudo que disponível é confiável e a autora explora esse aspecto. É uma sensação meio reconfortante de certa forma, como se a autora pegasse pessoas nessas situações e dissesse: “Está tudo bem”.

A Aoi é impecável na condução desses eventos, pois ela consegue expressar todos esses sentimentos com pouco texto. Tem alguns momentos no primeiro volume com sequências de páginas com quase nada textual, em que a autora usa o ambiente (vazio e silencioso) para expressar sentimentos e a inquietação da personagem. É absolutamente fantástico!

A obra ainda discute sobre aborto (que é legalizado no Japão) e esse é um tabu grande não só aqui no Brasil, como em outros países ocidentais. Acho importante uma obra como essa chegar ao nosso país, principalmente na conjuntura atual em que tudo recai sobre a pessoa gestante: se engravida, a culpa é da pessoa que não usou camisinha; mas também não se pode falar de educação sexual em escolas, porque a ala conservadora diz (mentirosamente) que estão “ensinando sexo para as crianças” (o velho espantalho da criança), coisa que é de suma importância não só nesse aspecto da gravidez, mas de ISTs, ou mesmo, assédios e estupros (estes que majoritariamente ocorrem dentro de casa).

Supostamente, o mangá começa a ser publicado no Brasil neste fim de ano, em dezembro. Assim que saírem as informações da edição nacional (ao menos o título nacional oficial), lanço o texto de apresentação comentando melhor sobre o mangá. Em todo caso, é uma recomendação fortíssima! Saindo este ano ou no próximo, com certeza é um dos grandes lançados do ano e um lançamento de grande importância para a demografia feminina no Brasil!


Girl Crush #1

“Girl Crush” é uma obra que eu conheço já tem algum tempo, pois antes de ser licenciada no Brasil, já vinha aparecendo em alguns outros mercados ocidentais e na França (mercado que acompanho mais de perto) ela vinha sendo elogiada e querida pela comunidade Shoujosei. Tenho até o volume 2 aqui comigo, fiquei bem maravilhado com esse primeiro. Vejamos, a obra parte da Momose, que era alvo de isolamento desde a infância pelos colegas de turma, pois a achavam estranha e circulavam rumores da mãe dela ter abandonado a família para ficar com outro homem, o que a fez ficar retraída e fechada. O único que não ligava para essas coisas era o Narumi, que é aquele típico personagem bonzinho (para não dizer outra coisa), extrovertido, que não faz distinção entre as pessoas e só quer ser amigo e se dar bem com todo mundo. Ainda nessa época, graças ao Narumi, há uma virada de chave na cabeça na cabeça da Momose, desejando ser tão popular quanto o Narumi e mais que isso, queria ser perfeita.

Graças a isso, ela muda de visual, começa a agir de forma mais aberta e vai consolidando uma outra imagem dela mesma. O resultado? Ela consegue alcançar a popularidade que queria, mas também melhorou suas notas, aumentou suas habilidades nos esportes, tudo para que ninguém pudesse falar um “A” dela e ela se tornasse ‘objeto’ de admiração, de adoração, uma perfeição. O tempo passa e agora, elas já estão no colégio. Andando pela escola, ela cruza o caminho da Satou, uma garota alegre, de boas com tudo e todos, simpática e cujo sonho é ser uma Idol de K-Pop.

E a partir daqui que começa a parte que eu acho mais legal da obra: a Momose é uma pessoa péssima. Pelo sonho da Satou em si, ela já se incomoda, mas a certa altura, ela só desdenha. Ela passa a se incomodar com a Satou quando vê que o Narumi (o amigo de infância) é amigo dela e teme que ele venha a se apaixonar pela Satou (e não por ela). A partir daqui, a Momose faz diversos comentários ácidos sobre a garota, tudo para abalar a autoestima dela, a sua confiança ou mesmo, a fazer desistir desse sonho. Eu gosto de como a obra apresenta o contexto do porquê da Momose ser e agir assim, mas em momento algum há uma defesa dessas atitudes, pelo contrário (ela é meio que uma síntese de “O sonho do oprimido é ser o opressor”). É quase como se a gente acompanhasse o mangá na perspectiva da vilã. É quase uma antagonista da Satou nesse ponto da narrativa. Mas como a Satou é tapada (com todo respeito), ela nem faz muita questão. Na verdade, ela até fica feliz, pois admira a Momose pelas suas habilidades.

A Momose é tão invejosa e convencida de si, que bota na cabeça que a Satou vai roubar o que ela quer (o Narumi) e ela não pode deixar dessa forma. Ela decide que vai fazer o teste para a escolha de Idols, o mesmo teste que a Satou fará, porque ela tem certeza que é melhor que a Satou e vai roubar a vaga dela. Ela sequer deseja ser uma Idol. Ela só gosta de dançar e chamar atenção, mas como não pode deixar barato para a garota, vai agir dessa forma para deixá-la triste.

O volume segue com as duas chegando na Coreia do Sul e tentando se virar como dá. A Momose, por ser muito egocêntrica, só vai para um país sem sequer falar a língua ou ter noções básicas dela. Esse segmento do volume segue com algumas sketches de humor entre as duas personagens, que estão ficando no mesmo quarto, até que chegamos na audiência. Essa parte final do volume é bem interessante, porque elas não só conhecem outras garotas, mas garotas que estão mais preparadas que elas.

O pessoal da agência está interessado em uma garota com “algo a mais” e estão sendo extremamente rígidos na avaliação, cortando algumas apresentações com 5 segundos. Uma das meninas chama atenção, ao ponto de dançar a música inteira que ela escolheu. A Satou vai muito bem com o ar de jovialidade e inocência dela. Enquanto que a Momose, bem, ela consegue se apresentar no tempo dado, porém não parece ter sido chamativa. Essa garota que vai muito bem já serve como uma pequena demonstração para a Momose perceber o quão arrogante ela era em achar ser a melhor, com uma visão extremamente limitada e limitante pela maneira como ela se comporta.

Em alguns momentos, outros personagens perceberam que essa maneira dela de agir é só uma máscara e que a Momose de verdade habita por debaixo dela. Eu já prevejo que vai ser uma DE-LÍ-CI-A ver vários personagens não só percebendo, mas querendo destruir a bravata da personagem. Enfim, uma delícia de volume, com vários elementos legais, como a personagem principal ser tão tóxica ou mesmo a proposta. Não é todo dia que vemos um mangá girando em torno do K-Pop (embora o assunto Idol seja trabalhado bem amplamente em várias demografias). Fica a recomendação de leitura 🙂


Santuário dos Dinossauros #1

“Santuário dos Dinossauros” é uma obra que eu não esperava gostar tanto! Ele reimagina esse mundo dos dinossauros, como “Jurassic Park” fez décadas atrás e segue fazendo até hoje, transpondo algumas coisas bem interessantes. Uma delas, é que o Itaru Kinoshita retira aquele ar de “malícia” que foi impregnado na franquia Jurassic e os trata como eles são: animais. Não são criaturas abomináveis e muito menos máquinas de matar. Eram apenas animais que lutavam pela sua sobrevivência. Para além disso, ele também aborda, de forma muito consistente e eficaz, aspectos como ecologia e preservação por meio dos zoológicos. Ele consegue, de forma muito prática, mostrar o papel dos zoológicos na conservação dos animais, ao mesmo tempo que é um espaço de educação ambiental com potencial, principalmente entre as crianças.

Mas o que eu mais gosto mangá é o quão bem embasado cientificamente ele é! O Shin-Ichi Fujiwara é quem dá esse suporte teórico e científico para o autor, dando sugestões para a obra. Acho bacana que é um trabalho recente e o Shin-Ichi traz informações atualizadas entorno das pesquisas arqueológicas que são feitas no mundo acadêmico. Ao fim de cada capítulo, ele tem uma página em que escreve, em texto corrido, sobre aspectos da vida dos dinossauros (o que se imagina/se tem evidências) e é uma parte bem legal! Nesses textos, traz curiosidades, comenta algum aspecto sobre o dinossauro que foi destacado no capítulo, fala sobre vida, hábito, alimentação, locomoção… enfim, é um material rico. Eu, sendo estudante de Biologia, fiquei fascinado!

Para mim que adora Biologia em geral, embora minha fascinação mesmo seja com as plantas, foi um deleite, mas o mangá em geral é competente! É bem didático, mastiga diversas informações científicas de forma simples para qualquer um entender, além de ter personagens carismáticos, dramas bem sólidos e questões político-sociais girando ao redor dos dinossauros que são bem bacanas. Recomendo bastante. E para mais detalhes, leia a resenha completa:


You’re my Soulmate #1

Li o primeiro volume da edição francesa de “You’re my Soumate” (que acabou de começar a ser publicado no Brasil pela Panini com o título de “Como Conheci a Minha Alma Gêmea”), o novo trabalho da Anashin (Harumatsu Bokura) e gostei bastante! Aqui, ela vai na tendência que está crescendo na Dessert de trazer romances com personagens adultos, com ambiente na universidade, como é o caso da protagonista. Na história, a Yuuki sonha em entrar em um relacionamento, mas não um “relacionamento qualquer”. O que ela deseja é conhecer o amor de sua vida, sua alma gêmea.

Definitivamente não é o meu trabalho favorito da Dessert dos últimos anos, mas é um bom mangá!


Vou me apaixonar por você mesmo assim #7 e #8

Esse eu deixei por último, porque como é uma série que estou bem mais avançado na leitura. Os comentários dele terão spoiler. Como esses dois volumes (principalmente o oitavo) tem um desenvolvimento MUITO BOM, até fiz um novo texto de resenha tanto para comentar os desdobramentos que a série teve com a revelação de um personagem LGBQIA+, como também para dar um panorama geral da série, dado que eu não a recomendei quando comentei no blog no começo deste ano e mudei muito de opinião de lá para cá. Recomendo a leitura do post:


Se tudo for bem, na semana que vem já teremos o post de Leituras de agosto e setembro (vão ser dois meses juntos, porque em setembro eu só li dois mangás). Até breve!

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