Aquela vontade de jogar vôlei enquanto assisto o anime.

Aquela vontade de jogar vôlei enquanto assisto o anime.

SINOPSE: agora a equipe do Karasuno enfrentará um novo desafio: o Campeonato Nacional de Vôlei do colegial japonês. Veremos a trajetória da equipe nos treinos pré-competição e na sua partida de estreia nessa temporada.

Prefiro só assistir na televisão

Nunca fui fã de praticar qualquer esporte. Por ser preguiçoso e um descoordenado nato, a obrigação de escolher alguma modalidade entre vôlei e futebol durante as minhas aulas de educação física era um terror. Sempre inventava alguma desculpa para fugir da atividade e quando não tinha escolha, ia sempre no voleibol por justamente ser o mais “fácil” para as minhas aptidões esportistas.

Como peguei ranço dessa obrigação, tenho uma pré-disposição de não gostar de animes de esporte. Ainda tem a parada de que animes de mecha, esporte, idol e musical, são extremamente semelhantes, sendo que se viu um anime de cada gênero, viu todos praticamente (Obvio que estou generalizando pessoal. A grande maioria dos animes dos gêneros citados, tendem a seguir uma fórmula com muitos clichês, sendo um “lugar comum” de obras desse nicho). Como tenho esse preconceito, sempre fico com receio de assistir quaisquer animes dessas classes, tendo expectativas baixíssimas se eu vou gostar ou não dessas obras. Então não era difícil imaginar que qualquer erro em Haikyuu, iria se potencializar no meu conceito graças a esse estigma que formei na minha juventude.

Estou contextualizando a minha visão até para justificar a minha euforia nessa review. Então, antes de chegar no final do texto, digo para TODOS VOCÊS para ASSISTIR Haikyuu!! É muito sério quando eu digo em como o anime é foda. E aqui está falando um cara que vai assistir qualquer anime de esporte predisposto a não gostar logo de cara. Até para situar, essa review era para ser da quarta temporada da adaptação animada, só que fica impossível justificar os meus comentários sem puxar alguns elementos das seasons anteriores.

Vou começar a falar de Haikyuu mencionando o seu contexto crível. O seu “realismo” imposto, evitando protagonismo, sem habilidades malucas ou sem mudanças nas regras no esporte que não fazem sentido algum, resulta num anime centrado no esforço e na ligação dos personagens com o espectador. Muito legal acompanhar a jornada deles de evolução e dos treinamentos durante essas temporadas. Ver o resultado de seus esforços em partidas condizentes, sem exageros ou “poderes” que salvam o time da derrota no último segundo. Todos os eventos que acontecem durante o episódio, são sempre puxados de outros anteriores que foram obstáculos para o time principal do anime que necessitaram de treinos para superar essa adversidade. Se faltou ponto de saque na partida anterior, no treinamento seguinte será focado no fortalecimento desse fundamento. Se faltou capricho nos bloqueios, os protagonistas irão treinar metodologias de serem eficientes em oferecer opções de barrar os ataques dos adversários. É tudo bem estipulado de tal forma a justificar a evolução da equipe do Karasuno conforme os episódios vão passando. E como o espectador acompanha todas as etapas do fortalecimento, dos condicionamentos e das habilidades físicas dos personagens, todos os eventos e consequências durante as partidas fazem total sentido. Então, todas as competições enfrentadas por eles, geram muito mais tensão e apreensão a quem está assistindo, graças ao pé de igualdade dos competidores que também tem características únicas, resultando em partidas empolgantes e dramáticas.

Outro fator forte é o desenvolvimento dos personagens. É impossível afirmar que o Hinata continua sendo a mesma pessoa que foi apresentado no primeiro episódio ou que o Kageyama ainda continua o “rei solitário”. A evolução é gradual e nítida, a ponto de ser natural/orgânica no roteiro todo esse crescimento de todo o elenco. Nem é só focado no Hinata ou o no Kageyama esse aspecto. Todos os personagens têm seus desenvolvimentos estabelecidos, incluindo os adversários, resultando na humanização e identificação com o espectador em diversos níveis. É bem provável você ter alguma afinidade com alguém do elenco. Nem precisa ser a dupla de protagonistas. Como temos uma variedade gigantesca de personalidades, com certeza você vai ter algum carinho com aquele personagem que mais simpatizou.

Os detalhes da produção que dão aquele charme

O enredo acompanha a excelência dos atributos que citei nos parágrafos anteriores. É muito foda ver em como é muito bem distribuído o ritmo narrativo. O autor tem total controle do que quer contar, por consequência, temos uma boa história sendo contada tanto no mangá, quanto no anime. Não é um roteiro nada complexo, porém todas as coisas que acontecem no enredo, são muito bem estabelecidos, não passando a sensação de acontecimentos absurdos ou incongruentes com o que foi informado anteriormente. Ver que a equipe poder perder em qualquer partida, que o Hinata não é um prodígio e sim limitado tecnicamente, que o Kageyama não é o melhor levantador do Japão, que a equipe é deficitária em fundamentos mais complexos no esporte, de como a preparação das outras equipes é equivalente à da equipe principal, de como as emoções e moral das pessoas pode abalar o andamento da partida (em um esporte coletivo, sofrer desses agentes “externos”, reflete na tecnicalidade do vôlei e moral da equipe), e da auto cobrança em não decepcionar os outros (muito importante para os japoneses)… Tudo é humanizado, aumentando a imersão de quem está assistindo, o deixando maravilhado e empolgado na torcida de alguma equipe mostrada.

Só que não posso deixar de comentar da produção do anime. Resumindo em uma palavra: FANTÁSTICA. Tirando os deslizes de reutilização de frames e uma animação mais econômica no final da primeira temporada, não tenho reclamação alguma com a equipe que está fazendo essa adaptação. Vou dar o destaque para dois pontos: o primeiro é a direção que está simplesmente sublime, com controle narrativo excelente e uma fotografia integrada a animação linda, um tanto inventiva nas cenas cômicas, que resultam numa obra visualmente maravilhosa. E o segundo ponto, que é o meu favorito, é a trilha sonora. Com certeza uma das mais marcantes que foram feitas nos últimos anos nos animes. Não é um soundtrack badalada como a do Sawano, entretanto, o que é entregue é fora de série. Foi feito sob medida te passando empolgação, apreensão, tensão, melancolia, felicidade, entre outros sentimentos na conta certa. Já está no meu Spotify e escuto em looping algumas faixas dessa maravilha musical.

Estou evitando de comentar um pouco sobre a história, até porque eu sei o que vai acontecer e fico com receio de que meus comentários entreguem algum spoiler importante, (evitando direcionar sobre pontos chaves da história). Ainda assim, acho a terceira temporada impecável e a melhor que a última exibida até a data de publicação desse post. Não que seja ruim a quarta temporada, porém a terceira, mesmo sendo somente uma partida durante os 10 episódios dela, foi a season mais redonda, em que não temos brechas ou falhas apresentadas durante a sua exibição. Essa quarta temporada foi muito mais um arco de transição do que decisivo ou relevante como acontecem nas seasons que têm partidas como foco central. Essa quarta temporada é necessária até para termos uma ligação emocional com o que irá aparecer durante o nacional.

Conclusão

Nada como assistir um anime muito bom e se divertir horrores em consumir um produto de qualidade. Se você for como eu, que tem problemas com animes de esporte, Haikyuu é uma ótima pedida por ter um diferencial que o destaque das demais animações desse gênero. Fica a minha obvia recomendação para que todos assistam essa franquia, porque Haikyuu merece muito que você assista ou leia o mangá.

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