É hora de se libertar e seguir em frente :')

É hora de se libertar e seguir em frente.

Olá pessoas! Mais uma postagem de resenha e que devem ficar mais frequentes no blog, até porque já prometi outros posts como a de “A BESTA” (NewPOP) e “Astra Lost in Space” (Devir). A resenha do segundo tomo de “Given” pode estar pegando alguns de vocês de surpresa (ou não -\_ *-* _/-), mas não só comentarei desse volume como de todos os demais tomos da série que forem lançados (também acontecerá com um outro mangá que não direi o nome).

Eu tomei essa decisão com Given por ser uma série que estou gostando bastante e todos sabemos (ou ao menos deveriam) que o BL é uma das demografias menos consolidadas no nosso mercado. Na real, quase nenhuma é consolidada, porque basta olhar para os nossos títulos que vemos por aí que é basicamente “shounen de lutinha”. O resto é bem mais descompassado. Enfim, o sucesso de Given pode abrir portas para mais séries BLs (mangás com mais de 1 volume) venham para o nosso país, assim como o fracasso de Given pode representar um retrocesso nesse ramo tão frágil. E antes que eu me esqueça, vale dizer que mangás como “Gravitation” (lançado pela JBC) é um shoujo, “Banana Fish” (Panini) é shoujo e “Loveless” (NewPOP) é um josei. Digo isso porque em uma outra postagem vieram me corrigir dizendo que esses títulos também são BLs e que por isso a postagem em questão perdia um pouco do valor. Vale dizer também que quando digo que Given é o primeiro BL longo sendo lançado no Brasil só estou considerando, por hora, obras asiáticas, sobretudo as japonesas. Não levo em conta as nacionais e nem de outros países não asiáticos. Quem sabe no futuro também veremos obras coreanas, chinesas, entre outras mais sendo lançadas aqui ^^

Essa minha escolha por optar comentar todos os volumes que serão lançados da obra é uma tentativa de fazer a palavra da obra chegar mais longe. Eu penso que quanto mais postagens tiver falando do título, por mais que sejamos um blog pequeno, ainda temos a chance de alcançar mais e mais pessoas, e quem sabe, nós não convencemos você a dar uma chance e comprar o mangá 🙂

AVISO: essa postagem contém spoilers do volume DOIS de Given. Avisado sobre isso, siga com sua leitura por conta e risco. Recomendamos a leitura da resenha do volume 1 que fizemos meses atrás. Link aqui.

Sinopse do volume: “A banda começa a jornada para realizar o seu primeiro show. No entanto, Mafuyu, que aceitou compor a letra de uma das músicas, não estava conseguindo colocar em palavras o que gostaria de transmitir. Uenoyama descobrindo sobre o passado de seu companheiro, também fica confuso com os próprios sentimentos. Acompanhe o show de estreia cheio de energia e que trará revelações do passado!”


  • História e desenvolvimento:

O volume 2 cobre até o episódio 9 do anime. Na verdade é o oposto, já que o anime que adapta o mangá… Vocês entenderam. Se o conteúdo do volume corresponde até o nono episódio do anime, então temos aqui cenas como a conversa do Akihiko com o Uenoyama, a tão famosa canção do Mafuyu e temos até o extra do Mafuyu e do Yuki caminhando e conversando na praia (cena que também foi adaptada na animação), além de outros momentos e detalhes que são ótimos de sua própria maneira e que comentarei aqui ^^

Na postagem do volume 1 eu disse sobre como em meio a trama principal do arco, a autora já começava a dar pequenos ganchos aqui e ali para o que viria a ser trabalhado no futuro. Neste volume essas ‘pontas’ aparecem com mais frequência e com maiores indícios do que será abordado nas próximas edições. Eu gosto de como a Natsuki tem em mente o que irá trabalhar no mangá, então ela vai deixando essas sementinhas e preparando o terreno, mostrando que há algum problema, entretanto sem dizer o que é claramente.

Eu acho um tanto semelhante ao que acontece nas tramas de “Seishun Buta Yarou” que durante o desenrolar de um determinado arco, o autor introduz o personagem de forma casual, com algum outro personagem esbarrando com ele, ou sendo mencionado por outros em algum momento e a partir disso, o autor dá indícios de que há algo estranho e que pode ser “a pauta do personagem”. No caso de Given aqui, o próximo arco será envolto de um triângulo amoroso ao qual eu estou muito animado para ver o que acontece, dado que só sei de uma certa polêmica bem por cima. Tudo será novo para mim ^^

Esse segundo tomo começa com uma breve reflexão do Akihito sobre seu primeiro amor. Acho interessante que ele faz uma ligação entre os problemas amorosos que já teve com o problema que o Mafuyu e o Uenoyama estão tendo no presente. E por ele ter esse grau de experiência, sabe que da forma que os dois estão, tudo pode desmoronar em um instante. Inclusive, uma coisa que achei curiosa e que eu acredito não ter sido só impressão minha, na página de abertura do capítulo 7, nós temos uma ilustração do Akihiko sentado em um banco com o Mafuyu e na camiseta deles está escrito “I was here” (Eu estive aqui) e “I am here” (Eu estou aqui), respectivamente. Acredito que isso revele um pouco mais sobre o que comentei do Aki ter tido problemas amorosos no passado, então “ele sabe” como é estar nessa situação espinhosa que Ue e Mafuyu se encontram.

Falando de outros 3 aspectos/momentos interessantes deste capítulo que abre o volume. O primeiro é que o Mafuyu dá alguns indícios maiores de que está se apaixonando pelo Ue, ou que até mesmo já está apaixonado por ele. Esses indícios vêm desde o volume 1, mas começa apenas como sendo uma desconfiança ou algo mais interpretativo. No volume 2 é mais evidente ao mesmo tempo que soa “velado”. O próprio personagem comenta sobre sua dificuldade em expressar como se sente e tudo fica muito na base de suspeitas. Um desses momentos é quando ele vê o Ue conversando com a guria da sala, ainda mais com ele acariciando a cabeça dela. Nada é verbalizado na cena e por mais que a expressão facial dele seja bem apática, a cara que ele faz parece incômodo com aquilo que está vendo. E aproveitando antes que eu esqueça de comentar, eu gosto de como o desenho, sobretudo dos olhos com o jogo de sombras, consegue esboçar tantos sentimentos. Em um único quadro a autora consegue passar muitos sentimentos do(s) personagem(s) e acho incrível!

Eu acredito que o Mafuyu já estivesse começando a amar o Ue, porém ele está atado a sentimentos do passado ou emoção de culpa pelo que aconteceu com o Yuki, que possivelmente tenha deixado ele com o pensamento de que ele não pode ou que não consegue se apaixonar de novo. Desde o momento que o Ue tocou a guitarra, aquilo começou a mexer com o coraçãozinho do Mafuyu, porém é aquilo… até processar tudo e se permitir amar alguém novamente, ele precisa se libertar das amarras do seu trauma, ao qual vemos no final do volume naqueles momentos lindos!

O tomo inicial preferiu dar um destaque maior em como o Ueno se sente em relação ao Mafuyu. Como a presença do personagem mexe com ele e como o protagonista muda à partir disso. Tanto é que terminamos o volume com uma reflexão do personagem se dando conta de que está sentindo ciúmes. Um dos momentos memoráveis do volume e que acho bem fofo (e poético) acontece enquanto ele e o Mafuyu conversam. Nesse diálogo mostra um pouco da confusão que o Mafuyu causa nele e como a música dele mexe com o próprio. Ele estava bem perdido nos seus sentimentos e mal sabia como se expressar. Apesar disso, o personagem consegue passar um pouco do que sente para o Mafuyu e da coragem para se expressar devidamente em forma de música. Acho lindo, lindo, lindo! Reforça meu ponto de vista que não importa como você diga o que sente, seja com palavras, mensagens, músicas, cartas, contanto que aquilo que você deseja passar chegue na pessoa e ela entenda o que você você quis expressar.

Gosto de como a Natsuki aborda a questão da homossexualidade. Ela faz exatamente o que precisa ser feito: normalizar. Na conversa dos dois, o Aki faz questão de dizer que não há problema algum em o Ue estar apaixonado por um homem, que ele pode aceitar esses sentimentos e que não há nada de errado, mencionando sua experiência quando se relacionou com um homem no passado. Ainda mais que o Ue estava nessa confusão emocional por não saber lidar e achar que não pode aceitar o que ele está sentido, afinal, vivemos em uma sociedade que é muito preconceituosa e que não sabe aceitar pessoas que fogem do padrão que é tido como normal. Já comentei na resenha do volume 1 e volto a repetir que gosto MUITO do humor presente na obra. Nesse volume a autora consegue aliviar muito os momentos de tensão com ótimas quebras, mas que não destoam e quebram a cena em si. É tão bem feita que encaixa perfeitamente no momento, mesmo sendo algo mais ‘sério’ sendo retratado.

Inclusive, vou aproveitar e dar meus minutos de militância. Isso já é uma coisa batida, sendo dita e repetida por muitos, porém não posso deixar passar a oportunidade para dizer como sou indignado com o papo de que ter filmes, desenhos, novelas com casais LGBT+ vai influenciar “nossas crianças” a serem gays no futuro. E leia-se que esse é o mesmo povo que diz “Não sou preconceituoso, MAS…”. É muito absurdo esse ‘argumento’, dado que se fosse assim, não existiriam pessoas LGBT+. A TV é majoritariamente composta por conteúdo hétero. Passei a infância e parte adolescência sendo exposto a romance hétero, mas estou aqui e não alterou em nada no meu ser (Ah namorado, por que moras tão longe de mim?). O povo reduz a sexualidade como sendo apenas uma escolha, quando é algo MUITO mais profundo do que uma simples decisão. Acho que meu primeiro contato com um casal gay em alguma mídia foi na novela “Amor a Vida” que muito embora tenha uma representação homossexual bem ruim, foi uma experiência até cativante (Até hoje tenho boas lembranças do Félix). Eu me reprimia muito por causa de fatores como família, sobretudo por causa do meu pai e por causa escola, com o bullying rotineiro… Só quando fui ter contato com BL que comecei a aceitar que podia gostar de homens e por sinal, comecei com “Ten Count” (Sim, a bomba). Mesmo assim BLs foram de suma importância para eu passar a me entender um pouco melhor. Resumo da ópera: obras ficcionais podem sim ajudar no entendimento de quem somos, além de que ajuda a quebrar preconceitos, desde que quem esteja assistindo/lendo, tenha a menta aberta e esteja disposto a mudar sua forma de pensar. É ótimo que tenhamos títulos (mangás) que normalizem e saibam trabalhar essas questões, ainda que seja de forma bem limitada aqui no Brasil.


Voltando à trama principal, a conversa entre o Hiiragi e o Mafuyu rendeu alguns aspectos interessantes, ainda mais com os flashbacks mostrados. É evidenciado durante o bate-papo como o Hiiragi sente culpa por “nunca ter feito nada” pelos dois. É uma posição bem complexa a dele, porque o não intervir dele tem relação com o mundo do Yuki e do Mafuyu ser MUUUITO fechado (comentarei melhor mais à frente). Acredito que chegou num ponto em que o que acontece fora da realidade dos dois (sentido romântico), acabava sendo completamente alheio. Portanto acho que o Hiiragi tivesse essa ideia em mente por isso, ele preferia não dizer nada e não fazer nada propriamente. Como ele mesmo diz, a briga do casal foi algo “bobo” e parecia que logo estaria tudo bem entre os dois, mas não foi o que aconteceu :'(

A propósito, eu tenho algumas considerações e vejo alguns indícios aqui e ali em algumas falas/expressões faciais do Hiiragi. Ao menos por hora irei me abster de comentários, porque pode soar como spoiler do futuro da obra (mesmo sendo só desconfianças minhas) e também porque o personagem terá um arco próprio mais para frente que começa no volume 6. Volume este que não deve tardar muito a chegar por aqui, considerando que o tomo 4 sai agora em dezembro. O volume 5 deve ser publicado em meados de fevereiro/2021 se não atrasar. O tomo 6 talvez demore alguns meses mais para frente, porque é mais recente e depende dos envios de materiais do Japão, tradução, aprovação de capa, etc. Acredito que até junho de 2021 no máximo o volume seja devidamente publicado ^^


Mais para frente no volume, pouco antes do show, temos aquele momento que ficou até bem lembrado no fandom que é a pequena discussão do Ue com o Mafuyu. A cena em si é bem legal, remetendo aquilo que o Aki temia, com a instabilidade que os dois estavam, tudo podia ruir em instantes (como aparentou acontecer). Dou destaque para a filosofia com a guitarra e a representação das cordas. Gosto de como os instrumentos representam as relações/laços que criamos e temos com as pessoas do nosso âmbito. Essas relações têm seus bons e maus momentos. Há alguns relacionamentos em que essas cordas se desgastam e quebram, entretanto não é porque uma corda estoura que ela não pode ser consertada ou até renovada. Relacionamentos vem e vão. Alguns só acabam como uma passagem de nossas vidas, outros terminam bem e outros mal, alguns permanecem pela vida toda e nessas relações é quase inevitável passar por algum atrito. Às vezes brigamos e até rompemos com as pessoas que pode ou não durar para o resto de nossa vivência e assim por diante. Adoro essa representação ^^

Já sobre a guitarra do Mafuyu, ela é o laço que ficou do Yuki. A lembrança mais forte. No começo o Mafuyu passava boa parte do tempo abraçado com a guitarra. Acredito que fosse uma forma de ter o Yuki consigo, mesmo que não de forma física. Tanto é que no anime até tem uma cena da OP que ele abraça a guitarra e o Yuki aparece ao fundo o abraçando também. Nas capas do mangá a guitarra aparece em vermelho, sendo a única parte do desenho a ser colorida (com exceção do fundo), trazendo essa ideia da representação do amado falecido e a carga sentimental que a guitarra possui. E vocês podem ter reparado que esse tom vermelho nas capas sumiu a partir do volume tomo 4. Para mim é porque o Yuki não tem mais o peso que possuía na vida do Mafuyu, pelo próprio estar amando um novo alguém e essa pessoa começou a fundamentar esse novo mundo para o personagem 🙂

Capa nacional do volume 4 da obra, o lançamento está previsto para dezembro. Pré-venda na Amazon iniciada 🙂

Eu tentei… Tentei ler o capítulo da música com “Fuyu no Hanashi” tocando de fundo, mas não deu hahahaha. Eu tenho problema de atenção e não consigo focar em duas coisas ao mesmo tempo. Então hora eu estava focado no capítulo, ora estava cantando a música na mente sem eu perceber o_O. Então tive que reler o capítulo logo em seguida, mas valeu a tentativa haha. No que tange o capítulo em si, apesar de não termos a música, gosto de como a autora consegue passar emoção e movimento com os quadros. É muito fluído, mas sobretudo, tocante e emocionante. Funciona MUITO bem, mesmo não tendo a música tocando ali, tendo apenas trechos e pensamentos espaçados. A música aqui é a forma de se expressar dos personagens e que substitui palavras que eles não conseguem dizer. Colocar os sentimentos para fora em outros meios, seja em cartas (oi “Violet Evergarden”) ou em canções como aqui, é um meio de ajudar a liberar o que sente. Principalmente porque muitas vezes temos vergonha ou simplesmente não conseguimos nos expressar na magnitude que queremos.

Eu amo essa temática. Se for bem feito é quase certo que vou ficar emocionado com a história contada. Não é atoa que adoro pesquisar a tradução das letras de músicas temas de animes. Dependendo da obra, ela quer nos contar algo ou tem alguma coisa para adicionar a história incrementando nossa visão sobre o enredo. Em algumas postagens de review que fiz nesse blog, vocês viram eu dedicando alguns parágrafos para falar de OP e ED de animes, como em “Hanako-kun”. A música pode ser libertadora e algum de vocês já devem ter pensado com alguma canção: “Cara, me sinto representado”. E aproveitando que mencionei “Violet”, uma das histórias que mais gosto da animação é a da Irma, uma cantora de ópera. Ela também perdeu alguém que ama e não consegue seguir em frente. Não só ela, porque dentro daquele contexto de pós-guerra, centenas ou milhares de pessoas perderam entes queridos e tiveram seus tempos congelados. A música composta e cantada no episódio é linda e gosto muito da mensagem final dela:

“Letter” – Por TRUE

“O amor está sempre presente na luz do sol e mesmo que não consiga vê-lo ou tocá-lo, ele estará com você.”

São situações diferentes, mas que ainda dá para traçar um paralelo com o Mafuyu. Eu conversei com a @MisuRose na review do anime de Given sobre como o Ue não está lá para ser um substituto do Yuki, mas como um novo amor, com um sentido diferente na vida dele. No final da canção do Mafuyu, o Yuki aparece como um vislumbre e eu vejo aquilo como um sinal de que ele está feliz pelo seu amor seguir em frente sem ele. O Yuki estará com o Mafuyu para sempre, protegendo e zelando por ele, mas sempre torcendo pela felicidade do seu amado.

E falando no falecido, eu consigo dividir o fandom de Given em 3 grandes grupos quando se trata do Yuki:

  1. Os que entendem a função narrativa do personagem;
  2. Os que não largam o osso e insistem em dizer que o Ue é um substituto para o Yuki;
  3. Os que não largam o osso e insistem em dizer que o Yuki é problemático, que ele fez isso e aquilo para o Mafuyu sofrer.

Os dois últimos são um saco, essa é verdade. Meu Deus, o personagem aparece em flashbacks no primeiro volume, tem um capítulo no final do tomo 2 e nunca vi tanta gente apegada a um personagem que nem é o foco da narrativa. Entendam, o Yuki é de suma importância na vida do Mafuyu. Ambos cresceram juntos, então a perda do Yuki para o Mafuyu é grandiosa ao ponto dele não conseguir seguir em frente. O laço que eles tinham entre si era MUITO forte! Todavia, para nós leitores, o personagem é uma espécie de passagem. A autora trata ele como um caso que nós ouvimos e que entendemos a importância dele para o protagonista, tanto que não vemos grandes detalhes do passado, ou momentos dos dois juntos. Temos apenas 1 capítulo com foco em um dia específico e o resto gira em torno da briga dos dois e a consequente morte dele. Sabe, ele não está ali para isso. Esses momentos servem mais como contexto para entender a bagunça que o Mafuyu se encontra e como o Uenoyama chega mudando a vida dele para melhor. O arco mostra os personagens seguindo em frente, não como substitutos, mas como um novo amor. Ninguém é obrigado a amar uma única pessoa o resto da vida, coisa que parcela do público insiste em dizer que é. Given nesse primeiro arco, fala sobre isso. Conhecer uma pessoa e abrir portas novas.

E outra, o povo fala com TANTA propriedade sobre o Yuki como se tivéssemos visto toda a infância dos personagens, como se desenvolveu e nasceu o relacionamento dos dois, quando não vimos quase nada! “Ele é tóxico”. Meu amor, da onde você está tirando isso? Já vi cada barbaridade sobre que só fiquei “???? O_o”. Eu até acho cruel como alguns colocam, porque tratam tudo como se fosse uma espécie de birra ou vingança do Yuki. Sabe, sem nenhum pingo de empatia. Nem tentam entender como é difícil lidar com depressão, o sentimento de solidão e a falta de esperança de que vai melhorar. Por mais que a obra não tenha um grande foco na temática propriamente, é uma questão de pensar minimamente nele e ter um pingo de decência de não falar/escrever coisas como essas. Isso me leva a pensar que depressão é considerado como o grande mal do século… Por que será, né? Em uma estimativa que encontrei no OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), morrem no mundo cerca de 800 mil pessoas anualmente em decorrência de suicídio. Isso representa mais de 2 mil mortes diárias no mundo! Pessoas chegam nesse ponto, dentre muitos motivos e fatores, por estarem ou se sentirem solitárias. Por ter alguém (amigos, familiares, etc.) que trata como besteira seu sofrimento e faz pouco caso da doença. Não entendo muito do assunto, porém tenho familiares nessa situação, então empatia pelo amor de Madoka…

Eu até tenho minhas ressalvas sobre o relacionamento Yuki × Mafuyu, como por exemplo, o Yuki não querer assumir um namoro dizendo que não faz diferença, ou ainda como a relação dos dois era muito fechada. O próprio Hiiragi comenta algo do tipo, sobre como eles construíram um mundo deles e só para eles. Mundo esse que provavelmente tem muito a ver com o Mafuyu ter sido assim. Os dois ficaram tão fechados e dependentes um do outro, que a briga fez aquele mundo começar a ruir. O suicídio do Yuki só terminou de quebrar tudo… Mas assim, é algo que prefiro nem pensar muito sobre por não ser o que a obra quer falar. Ela quer me contar sobre o presente e como os personagens lidam com o que já aconteceu. Eu concordo que até certo ponto é legal de se pensar e discutir sobre o assunto, mas o que acontece é o povo só ir assumindo um bando de coisas e cravando com os dois pés que é assim e assado, sendo que nem é o foco narrativo de Given. Gastem seu tempo falando do que importa na obra! -_-


Por fim, com Mafuyu conseguindo se libertar das amarras que o prendiam, ele pode iniciar um novo amor com o Ue e que tem muito a ser explorado. Sei que irá render bons momentos de comédia e dramas, porque ainda que o Mafuyu tenha conseguido seguir em frente, mais adiante teremos algumas cenas que dará para discutir sobre essas marcas geradas pelo passado e os medos que o protagonista sente por causa disso. Além de claro, muitos momentos fofos do casal, o que me fará morrer de inveja, porque meu namorado mora na p*ta que pariu :'(


  • Conclusão:

Com isso tivemos o pico do arco no volume. O próximo tomo já será mais descontraído, com momentos mais cômicos e fofos com os personagens. O volume 3 é o típico volume de transição de arco. É a calmaria antes da tempestade hahaha. Claro que ele ser um volume mais leve, não quer dizer que não tenham coisas interessantes acontecendo. Nem que seja só para falar como o Ue e o Mafuyu são fofos juntos, farei a postagem resenhando o tomo. Ah sim, ME LEMBREM de comentar sobre “sexo” na resenha do próximo volume. Peço isso porque minha memória é horrível, então pode ser que eu venha a esquecer de falar sobre. Vou anotar um lembrete, mas nunca se sabe -\_ *-* _/-. Tempos atrás eu vi uma coisa no meu Twitter que me deixou completamente indignado e que eu preciso dar meus 5 minutos de militância em cima. Não posso esquecer de falar sobre sexo na obra e em BLs em geral -_-


  • Edição nacional:

A edição nacional continua excelente. A encadernação está ótima e permite que o volume seja aberto de forma livre, sem ter medo de arrebentar a edição ou das páginas soltarem. Os papéis são de alta qualidade. A primeira página colorida como seguirá em todos os volumes e sobrecapa estão excelentes. Se fosse para apontar um ponto negativo foi que a sobrecapa do meu volume fica torta quando você coloca no tomo e pelo que vi comentarem, aconteceu com muitos volumes. Deve ser erro de impressão/tamanho da sobrecapa e aparentemente foi corrigido no volume 3 (esperando o meu chegar no momento). Tradução e adaptação estão ótimos. Também não encontrei erros de português no volume 🙂


  • Ficha técnica:
  • Título original: Given (ギヴン)
  • Título nacional: Given
  • Autora: Kizu Natsuki
  • Serialização no Japão: Cheri +
  • Editora japonesa: Shinshokan
  • Editora brasileira: NewPOP
  • Quantidade de volumes atualmente no Japão: 6
  • Quantidade de volumes publicados no Brasil atualmente: 3 (volume 4 previsto para dezembro)
  • Formato: 12,8 x 18,2
  • Preço: R$ 29,90

Gays *-*
Eu amo essa tirinha! <3

2 thoughts on “Resenha: Given (volume 2)

  1. Ainda não li os 2 volumes do mangá (tão aqui, mas não li), então vou falar pelo que vi no anime.

    Embora vc tenha explicado bem direitinho a função do Yuki na trama, eu queria que a autora tivesse tirado um pouco mais de páginas pra explicar como ele chegou àquele fim. Confesso que quando assisti o anime, eu fiquei tipo: “Peraí, pq ele se suicidou? Só por causa da briga?”. Mas depois me passou pela cabeça que o Yuki já poderia ter uma depressão muito forte que o levou a fazer o que fez. SÓ que isso não é bem explanado (pelo menos não no anime) e acaba gerando certas opiniões como as que vc exemplificou no texto. Pra mim ficou meio, digamos, incômodo essa coisa de uma suposta depressão ficar subtendida demais. Ou então explicar melhor aquela dependência extrema que ele tinha do Mafuyu

    1. Entendi entendi, é um bom ponto. Acho que é bem isso que ela queria fazer, deixar tudo muito implícito por o Yuki não ser o foco da narrativa. Mas entendo quem não entenda/consiga aceitar muito bem a “””desculpa””” do suicídio dele.

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