Olá, pessoal! Hoje começo uma nova “coluna” no blog que é de leituras. Mas antes de comentar os mangás que li propriamente, vamos a um pequeno retrocesso para falar do porquê desse texto existir agora… No final de 2023, decidi que em 2024 eu faria uma thread no Twitter comentando os mangás que li ao longo do ano. Muitos amigos já faziam isso e como eu não faço resenha de tudo, seria uma forma de compartilhar algumas opiniões mais breves, ao mesmo tempo que teria uma troca com o público do blog, já que sempre tento manter comunicação com nosso público.
Porém, como bem sabem, o Twitter ficou uns meses sem funcionar no Brasil e a thread que já estava sem atualizar por um motivo ou por outro, virou uma bagunça. Como o atual dono da rede social é um merda e bem, nunca se sabe quando será a próxima burrada que ele fará, meio que ficou complicado manter uma thread que a gente não se sabe se poderá continuar eventualmente. Além disso, depois do bloqueio do TT no Brasil, uma parte do público foi para o Blue Sky, então está tudo bem dividido (aliás, nos siga no Blue Sky, caso ainda não tenha feito).
O que nos levou ao post foi que o Kyon (Biblioteca Brasileira de Mangás) há algum tempo, começou a escrever sobre suas leituras de mangás semanalmente. Como não tenho condições de escrever semanalmente (universidade, monitoria e agora, estágio) e eu nem leio tantos mangás assim (fica entre uns 3 ou 4 na média), um texto mensal eu tenho melhores condições de escrever, seja porque (em tese) rende mais títulos para comentar, como também porque não será algo que vai me demandar muito tempo para escrever. Por fim, recomendo ler os textos de leituras do Kyon, ele comenta sobre muitos mangás lançados no Brasil, enquanto eu leio mais mangás que saíram na França (e grande parte, não são publicados no Brasil).
Rouge Éclipse #2 e #3
Minhas duas primeiras leituras desse mês foram os dois últimos volumes de “Rouge Éclipse” (Sora wo Kakeru Yodaka), mangá Shoujo da Shiki Kawabata. Eu não irei entrar em tantos detalhes quanto à trama, então mesmo quem não conhece nada, pode ler. Ao fim dos comentários, deixarei linkado o texto que fiz comentando o primeiro volume do mangá!
Pois bem, ao ler o volume 1, eu senti bastante que não dava para confiar puramente em todo mundo e que se eu fizesse algum julgamento, isso mudaria de alguma forma. E foi isso mesmo que aconteceu. Acho legal como a autora trabalha com a ideia de que a sociedade das aparências não está só na aparência visual de fato, mas sim, até com os julgamentos que fazemos com aquilo que está aparente, na superfície e, ao fazer esses julgamentos, muitas vezes nós deixamos de compreender o todo e o com complexo algo pode ser, ainda mais quando se trata de relações interpessoais e humanas.
Eu sei que eu não deveria, mas em dado ponto da história eu estava começando a achar a Zenko meio que um porre. Entendo perfeitamente as razões e motivações dela, que são muito palatáveis, especialmente se você não está dentro do padrão de beleza estabelecido. Porém, eu gostava mais da superfície de vilã filha da puta que ela poderia ser e quando o mangá chega na parte do confronto com a personagem, bem… eu não gosto tanto. É ruim? Não, muito longe disso. Mas se a obra fosse para um tom mais novelesco, eu não reclamaria (muito embora isso fosse um pouco contra o que a obra vinha construindo até então).
No demais, é um mangá muito envolvente. Me interessei muito por cada ponto apresentado, a autora consegue construir bem esse mistério e as camadas que envolvem esses personagens. Tem uma mensagem de autoaceitação lá no final do mangá ao mesmo tempo que está fazendo crítica social para aqueles que condenam a aparência dos outros, então não fica uma coisa “à lá coach”, o que é ótimo! E os ganchos que ela fez em cada volume (do 1 para o 2, e do 2 para o 3) são formidáveis. Fico muito impressionado com o domínio narrativo que ela tem, seja dentro dos volumes, nas passagens entre os capítulos, como de um volume para o outro, e o que me deixa mais surpreso é que essa é a primeira série dela, com mais de 1 volume. Shiki Kawabata é realmente uma autora especial.
Se todo o resto foi sublime, eu não gostei de um aspecto do final, que foi com quem a Ayumi terminou no final da história. Eu definitivamente preferia o outro pretendente, mas em nada reduz a experiência total que tive com a obra. Reafirmo minha recomendação, pois é um bom mangá de suspense, com uma boa crítica social. Animado para ler os outros trabalhos da autora.
Le petit requin #1
“Petit requin” eu comprei meio que de última hora, no começo de Dezembro, porque o mangá foi anunciado no Brasil pela JBC, o que me gerou muita surpresa e muita felicidade, daquelas genuínas, sabe? Fazia um bom tempo que eu não ficava realmente feliz por algo sendo anunciado aqui, uma parte por eu estar bem desanimado com o mercado nacional por N fatores e outra parte por eu quase não comprar mais mangás lançados no Brasil. Já tem uns bons meses que compro mais mangá da França do que do Brasil (de novo, N motivos) e como agora estou desempregado, nem mangá em francês, nem mangá português irei comprar.
Enfim, eu comprei numa compra que pretendia fazer dela meu presente de aniversário e, para minha felicidade, chegou bem no dia do meu aniversário (24/12). Eu peguei o mangá e li muito rapidamente, porque ele quase não tem texto e o pouco texto que ele tem, é algo muito simples, de frases curtas. E que delícia de mangá, a cada virada de página, é uma emoção.
Eu já escrevi texto de apresentação dele, já está disponível no blog, mas acho que o mais importante que eu escrevi lá é que assim, já li mangás incríveis com um texto super elaborado, porém, nem tudo é sobre textos complexos, grandes dramas, romances avassaladores… há o mais incrível na simplicidade e na banalidade do dia a dia, que é exatamente o que o mangá traz e proporciona para mim. É o simples cotidiano de um bebê tubarão, aproveitando tudo que a cidade de Yauo pode proporcionar.
Ele é um mangá meio genial por isso. Tem uma coisa que pega muito nas pessoas que é a gentileza que há no mangá. Seja uma gentileza do tubarão – que se mistura com a inocência de uma criança descobrindo as maravilhas do mundo – com as pessoas ou animais da cidade, seja o retorno dessa mesma gentileza das pessoas e animais com ele. Tudo é muito harmoniosos e essencialmente… feliz. Apenas isso. É um acalento no coração e um verdadeiro respiro, ainda mais considerando como nosso mundo é. E é aí que entra o fato do mangá ser um Josei (voltado para mulheres adultas) e não um mangá puramente para crianças. Ao ler o mangá, você entende o porquê dessa publicação em revistas ‘para adultos’ ^^
Para quem quiser conhecer um pouco mais do mangá, deixo o texto de apresentação:
Bom, é isso pessoal. Dezembro eu li pouquíssimas coisas, mas Janeiro eu estou lendo mais, então terei mais o que comentar no próximo mês. Tentarei fazer esses posts saírem até mais ou menos a metade de cada mês e espero conseguir manter isso. Tanto no Twitter do blog, quanto no Blue Sky, eu estou fazendo uma thread com os mangás que leio, então podem acompanhar por lá também! Nos vemos no próximo texto do blog! ^^