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Muito conceito, pouca substância.

Após uma sequência de estreias de quatro animes muito bons (Roshidere, Tasogare Outfocus, Gimai Seikatsu e Senpai wa Otokonoko), cada um a sua a maneira e todos já com posts no blog, veio uma sequência de animes não muito agradáveis: “Hazurewaku no ‘Joutai Ijou Skill’ de Saikyou” que é um desastre completo (embora um desastre já anunciado e completamente divertido pelos motivos errados); “Madougushi Dahliya wa Utsumukanai“, que foi legalzinho misturado com uma quebra de expectativa; e “SHOUSHIMIN“, que acabou sendo o pior de todos eles e é desse que falarei agora.

Sinopse: “Kobato decide se tornar um cidadão honesto e humilde depois de encarar uma experiência dura, conhecida como “trabalho de sabedoria”. Ele forma um pacto com Osanai, sua colega com o mesmo objetivo e os dois planejam entrar no Ensino Médio com calma na vida. Mas por algum motivo, eventos inexplicáveis acontecem em volta deles. Será que Kobato e Osanai vão realmente um dia conseguir ter vidas comuns e pacíficas?”


Colocar “SHOUSHIMIN” como pior que “Hazurewaku no “Joutai Ijou Skill” de Saikyou ni Natta Ore ga Subete wo Juurin suru made” pode soar muito cruel (e é, a certa altura), porém o ponto é que “Hazurewaku” já era uma tragédia anunciada desde a sua concepção e eu só peguei para vê-lo, porque parecia MUITO RUIM. E olha só, ele é! Ele cumpriu exatamente o que eu esperava e de um jeito tão absurdo que me fez rir quase que do começo ao fim do episódio, se assemelhando bastante à “Arifureta“, inclusive. Mas enfim, voltando a “SHOUSHIMIN”, obra do mesmo autor de “Hyouka“, o que me pega nela é que uma parte minha tinha expectativas de ser tão legal quanto “Hyouka”, mas acho que nem é tanto isso e sim o fato de que a adaptação é um grande… nada.

Eu assisti o anime sem ter lido a sinopse e a grande impressão que o anime passa de início é que você não está vendo o começo da obra e sim algo que já iniciado. Sabe quando você chega atrasado na seção de cinema e perdeu alguns minutinhos da introdução e aquilo te faz falta? Então, é mais ou menos isso. Até você consegue se situar mais ou menos onde estão as coisas e leva tempo, muito tempo. E na real, não é nem que esse tempo chegue. Na verdade precisei divagar com o @rubnesio enquanto falávamos sobre o episódio para concluirmos algumas coisas e talvez construir alguma linha de pensamento sobre o anime. Mas é aquilo… São suposições bem vazias com base no pouquíssimo que nos foi dado.

E não é como se fosse “UAU, uma grande obra de mistério que vai deixando pistas para os espectadores irem pegando e juntando as peças aos poucos!”. Nada disso. tem coisa faltando mesmo. Não é um anime com muita profundidade e bem simplória em várias passagens. São dois colegiais que supomos sejam muito inteligentes, que no entanto não querem chamar atenção, e para tal, tentam ao máximo levar vidas ordinárias para ter apenas coisas comuns no dia a dia, sem grandes preocupações. O que me parece é que a obra quer parecer maior do que ela realmente é. Explico: o texto do anime (juntamente da direção, mas já chego lá) me soa como se ele quisesse ser uma puta obra complexa e usa uns recursos baratos para soar como se fosse complexa, quando não só não é assim, como também é mal lapidada. Sério, uma obra que (acho que) quer me vender que os dois protagonistas são inteligentes, e no final do episódio, com uma cena mais do que óbvia, não conseguem presumir que irão roubar sua bicicleta?

E ele não ajuda nem um pouco, porque os dois personagens centrais, o Jougorou e a Yuki são chatos. Carisma quase que nulo, o que torna a trama ainda mais difícil de querer acompanhar. O Jougorou ainda ganha alguns pontinhos, porque ele é expressivo e conversa, ao contrário da Yuki que, ó meu deus, só existe.

Durante uma live do blog, o Rub e eu conversamos sobre o anime e comentamos que ficamos meio decepcionados com a estreia, porque embora a premissa seja quase igual a de “Hyouka”, jovens estudantes desvendando “mistérios” [leia-se, coisas banais que soam misteriosas] ou casos que aparecem para eles, a execução é muito aquém. E sendo do mesmo autor, esperávamos por ao menos algo do mesmo nível. Por exemplo, no primeiro episódio de Hyouka, nós acompanhamos toda a dedução, linha a linha, e raciocínio do Oreki para ‘desvendar’ o motivo da Chitanda ter ficado trancada dentro da sala de aula, sendo que só tinha ela lá. Nós vemos os pensamentos, acompanhamos tudo para no final ter a solução e ela fazer sentido. Aqui é totalmente ao contrário: o personagem desvenda tudo na cabeça dele, depois ele refaz o caminho em um diálogo expositivo, com um final que força uma barra danada. Hyouka ainda tinha personagens bem mais carismáticos, aliás.

Até ficamos nos perguntando se o autor não escreve muito bem, e na verdade o anime de “Hyouka” ser bom se deve ao pessoal da Kyoto Animation ter mexido no original. Para quem não sabe, a Kyoto Animation tende a ter uma abordagem muito autoral na hora de adaptar obras de outra mídia. Eles pegam o original (seja mangá ou novel) e ir readequando/remodelando para que fique melhor na animação (a partir da concepção deles) no anime. Questões, questões…

O ponto que melhor acabou sendo do episódio foi uma cena em que os dois personagens andam juntos em uma bicicleta, enquanto estão indo comprar tortas de morando em uma dada loja. É uma cena linda, bem dirigida, mas aí eu entro no aspecto que mencionei lá atrás: se o texto me soa como se quisesse parecer complexo, quando não é (ou não consegue ser), a direção dobra a aposta nisso. É uma direção carregada, cheia de takes complexos, que tentam passar uma concepção artística imaginativa e introspectiva. Nessa mesma cena da bicicleta, a direção vai, corta, recorta, mostra de cima, de lado, aí volta, mostra perto, vai para longe, muda o cenário, volta e corta de novo… e só. É aquilo que falei. É um texto e uma direção que tentam a todo custo vender a obra como um material refinado e ela tem mais problemas do que outras coisas. É triste.

Eu queria ter gostado dele e realmente tentei. Eu vou continuar vendo, porque são só 10 episódios, mas por enquanto não recomendo. E por fim, vale mencionar que a ED é linda! É filmada em cenários reais e com a inserção dos personagens em 2D. O anime está na Lapin Track, mesmo estúdio de “Sarazanmai” (que foi animado em parceria com a MAPPA) e que tem o mesmo estilo de ED. Então dá para deduzir qual foi o responsável por aquela ending. ^^

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