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Finalmente em dia com os textos de leituras, acompanhado de obras excelentes!

O mês de agosto acabou rendendo bastante leituras, porém em setembro, li apenas 3 volumes em 2 obras diferentes. Obras essas que já tem ou terão posts aqui no blog. Então achei melhor juntar as leituras de agosto e setembro em um texto só. Ao todo, foram 12 volumes de mangá lidos em 10 obras diferentes. Abaixo, vocês conferem as opiniões sobre cada mangá:


Meu Casamento Feliz #1

Meu Casamento Feliz” foi um dos Shoujos mais populares dos últimos anos graças à adaptação animada feita pelo Kinema Citrus e lançada pela Netflix. Foi uma ótima “surpresa” quando a Panini anunciou o mangá no final de agosto de 2024, com previsão de lançamento para novembro do mesmo ano. O mangá foi sendo adiado, adiado, adiado de novo e adiado mais uma vez… o mangá foi ser lançado efetivamente na 1ª quinzena de agosto de 2025. Prontamente corri para ler e resenhar o volume.

Eu tinha visto alguns episódios do anime e amava. Lendo o mangá, fico feliz em ver o grande melodrama que ele é e um da mais alta qualidade! É uma novelona, com a tradicional história da mocinha sofredora que conhece um amor e juntos, os dois vão construir um novo sentido na relação e conhecer a felicidade, dado que ele é gélido e distante no começo e ela não tem autoestima, sempre se vendo como um problema. Amo as vilãs que fazem a Miyo comer o pão que o diabo amaçou e mesmo com ela longe, ainda fazem o possível para fazer a mocinha sofrer. Enfim, dramalhão maravilhoso!

O que me deixa deprimido com esse lançamento é justamente a maneira que a Panini tem tratado a obra. Eu sei que pode envolver N fatores de aprovação, de licenciamento, mas é deprimente que o volume #1 de um mangá que era para ser um dos grandes lançamentos da demografia feminina do ano, tenha sido adiado de tal forma que as pessoas só cansaram. Eu mesmo fiz a pré-venda do volume #1 e sentia ódio toda vez que chegava um e-mail da Panini adiando o lançamento (a cada duas semanas, mais ou menos). Tem alguns meses do lançamento do volume e sinto que muito pouco tem-se falado da obra, infelizmente.

A resenha do primeiro volume vocês podem conferir no post:


O Fim das Minhas Noites de Solidão

Na estreia da Yoh Matsumoto no Brasil, temos um BL histórico! O mangá se passa no Japão de 1950 e, portanto, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o que nos leva a algumas situações como: pessoas em situação de vulnerabilidade, pessoas empurradas para a prostituição, proliferação de jogos de aposta, estadunidenses em território japonês como consequência da Guerra (‘ajudando na reconstrução’ do país) e instalações militares próximas às regiões marítimas. Nesse ínterim, temos o Seishiro que por causa de traumas da guerra, não consegue mais dormir sozinho à noite, vivendo uma vida sem qualquer perspectiva e só levando ela conforme os dias passam. Um dia, ele conhece o Jim, um desses soldados residentes que é gentil e diz ter se apaixonado pelo Seishiro à primeira vista.

O Seishiro vê no Jim uma possibilidade de conseguir tirar vantagem do amor do Jim, tendo um lugar para morar, com água quentinha, comida à vontade e uma cama para dormir, ao mesmo tempo que só precisa fazer algumas vontades desse jovem rapaz (meio cretino). Esse aspecto de interesse é algo que gosto no personagem, justamente por ele ver o Jim como um cofrinho que ele pode tirar proveito e mostra uma faceta moral bem controversa do personagem. O fato é que isso não dura muito tempo, já que ao passar dos capítulos, o Seishiro realmente acaba se afeiçoando com o Jim e gostando da sua companhia, principalmente porque, a partir do momento que eles começam a passar as noites juntos, o Seishiro consegue dormir tranquilamente.

Essa história de romance “clássica”, então em dado momento da história, os protagonistas vão se separar e o motivo vai ser por causa do pai do Seishiro que, para além da homofobia, ainda é movido pelo ódio aos estadunidenses pelos eventos da Guerra. Guerra essa que levou à morte do seu outro filho, irmão do Seishiro.

Esse é um mangá que acho que poderia ser mais longo do que ele realmente é. O ideal, ao meu ver, seria uma série curtinha de dois volumes. Ele não é tão abarrotado de conteúdo como “Sirius”, mas ele tem assuntos mais densos que poderiam ser melhor desenvolvidos se houvesse um espaço maior para a autora trabalhar, seja nesse aspecto da relação entre os dois personagens, como no aspecto da homofobia que era tão forte na época. Mais para o fim do volume, a autora não entra só no aspecto do preconceito no Japão, mas também dele nos Estados Unidos, na época, relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo eram considerado crime. Por fim, vale menção a uma cena bonita, ao fim do volume, envolvendo a mãe do Seishiro e o irmão dele. Não posso entrar nos detalhes, mas foi uma ceninha super bonita entre os personagens.

O que mais me incomoda no mangá é a falta de menção ao Nazismo. Nunca especifica que os japoneses estavam aliados ao nazifascismo, ficando sempre nesse ar superficial de que o Japão apenas perdeu uma guerra. Eu comentei quando terminei de ler, mas volto a dizer aqui: quero acreditar que não existir uma menção clara aos eventos que se passaram é para não pesar o clima do mangá, mas não posso negar que achei estranha essa decisão.

Apesar desses pequenos problemas e percalços, é um mangá que curti bastante. Vi amigas que realmente choraram enquanto liam. Particularmente não cheguei nesse nível de conexão com a obra e seus personagens, mas tem passagens boas. É um bom volume único, a qualidade da edição (seja ela física ou textual) está excelente! Vale bastante a leitura. ^^


Un Comptable à la Cour #4

Nesse volume, seguimos os desdobramentos do plano do Seichirô, que é bem sucedido em aprisionar a árvore que produz o miasma. Corre tudo bem e o que passamos acompanhar são as consequências disso, especialmente se as ações do Seichirô se expandirem, não haverá mais a necessidade de se invocar mais meninas para serem santas, como também devolve a possibilidade de retorno da Shiraishi e ele para seu mundo, já que tornaria a “estadia” dela lá não sendo necessária.

Isso, claro, não agrada nem um pouco os setores mais conservadores do reino, em especial, aqueles ligados à Igreja. Toda a fundação e construção da imagem da Igreja tem girado em torno da figura da Santa e as proposições do Seichirô, com a barreira, seria de que a crise com os miasmas estaria perfeitamente resolvida ou controlada. A barreira por si só já é eficaz, precisando apenas de manutenções ocasionais, mas tem um outro fator relacionado que é quanto aos custos, que são mais baratos do que o que eles vinham fazendo até então (desde o processo de invocação a até os custos das expedições para tentar acabar com o miasma).

Esse volume também começa um outro arco para a história, com o Seichirô tendo que ir trabalhar diretamente na Igreja, o que levanta uma enorme preocupação do Aresh, já que o Seichirô é sensível à magia do mundo e aquele local seria quase como uma sentença de morte para o coitado. O Seichirô precisará verificar as contas da Igreja, já que os dados fornecidos não são suficientes e tem muita coisas incertas nos relatórios dados.

Lá na Igreja, ele não é exatamente bem recepcionado, mas o importante a se dizer é que um personagem entra em cena e ele vai ser importante para este ato da história, o padre Shiegvold. Ele é o representante da instituição, por assim dizer, e é quem vai ter um contato mais amical com o Seichirô, com os dois estabelecendo um diálogo e assim, concedendo algumas liberdades e aberturas para o Sei realizar seu trabalho… Não sei exatamente para onde a história está querendo ir com esse arco envolvendo a Igreja, mas em se tratando de envolver finanças, certamente o Seichirô vai descobrir o que não deve e dar ruim em algum ponto (ao menos é o que acho). A ver nos próximos volumes…

Por fim, vale aquela menção aos momentos de ciúmes do Aresh, que parece caminhar para entender plenamente dos sentimentos que tem pelo Seichirô. Tem cenas ótimas entre os dois e gosto particularmente das situações do Aresh dizendo que nenhuma outra pessoa cuidará do Seichirô além dele, ou mesmo os toques mais “ácidos” que ele assume as tentativas do Seichirô de evitá-lo. Mesmo que as coisas entre eles estejam mais ou menos no mesmo pé, gosto de como tem sido uma progressão beeeem gradual a medida que a história avança e eles vão ficando mais próximos (na mesma medida, as preocupações do Aresh com o amado também aumentam). Nesse volume, por exemplo, o Aresh comprou uma mansão para os dois viverem juntos, o que é praticamente um casamento, rs. É uma relação bem gostosa de acompanhar, ainda mais com o jeitinho do Aresh. ^^

Esse quarto volume começa a adaptar o 2º volume da novel original. Se seguir a mesma quantia de volumes para adaptar um livro, no volume #6 devem estar terminando o volume 2 da novel. São três romances (ao menos os que saíram até agora), então essa adaptação em mangá deve render uns 10 volumes no total?! Enfim, veremos… lembrando que a adaptação em anime estreia em janeiro de 2026.


Le goût du melon #1 e #2

Era janeiro de 2019, o BL “JOY” era lançado no Brasil marcando a estreia da autora, Etsuko, em nossas terras. O mangá foi um grande sucesso e a época, foi o primeiro BL que realmente fez sucesso da editora, foi ele, inclusive, quem começou a abrir portas para a vinda de mais BLs para o Brasil, e consolidou um carinho grande da comunidade que consome BL pela sua mangaka. Um ano mais tarde, em 2020, a editora trouxe a autora de volta com “JOY Second“, sequência de “JOY” que igualmente repetiu o feito da obra anterior. No entanto, depois disso, a autora passou anos sem ter nada novo anunciado ou lançado aqui. É em meados de 2023 que a editora anuncia o retorno da mangaka com 2 obras: “In The Apartment” (No Apartamento), um dos primeiros trabalhos da autora, e “Melon no Aji” (O Sabor de Melão), o trabalho mais recente dela. “No Apartamento” segue sem previsão de lançamento, mas “O Sabor de Melão” foi publicado recentemente, com os volumes saindo em junho e setembro desse ano. Como eu tinha o mangá na edição francesa, aproveitar para ler e resenhar no blog 🙂

Gosto dos trabalhos da autora, pois sempre exploram dramas cotidianos, e aqui ela está em um momento particularmente brilhante! Temos a história de dois homens, o Nakajou, que trabalha em uma casa de shows, e o Kiuchi, que é desempregado e acabou de ser chutado pela namorada. O Nakajou e o Kiuchi, em teoria, é hetero. Por uma razão e por outra, o Kiuchi vai morar uns tempos na casa do Nakajou, até que ele encontre um emprego e consiga se estabelecer sozinho. Aos poucos, esses dois vão se aproximando e a convivência que era incômoda, vai se tornando mais agradável, ao ponto dos dois começarem a compartilhar mais de suas vidas um com o outro e sentimentos começarem a se misturar…

“JOY” era mais radiante, enquanto que em “O Sabor de Melão” a autora vai para uma linha mais melancólica, semelhante ao que ela faz em “No Apartamento”. Eu adorei o mangá! Ele tem aquela quadrinização e composição simples, com texto ágil e rápido, de forma que li os dois volumes seguidamente e de maneira rápida (inclusive, recomendo ler os dois volumes juntos)! O ponto alto do mangá vem no 2º volume, com a revelação de alguns aspectos do passado de um dos personagens. E mesmo com esse toque mais melancólico e dramático, é um mangá da Etsuko e ela sempre dá espaço para cenas de humor divertidas, ornando bem e escolhendo os momentos certos para essas inserções. ^^

A resenha completa da obra no post:


Mr. Mallow Blue #1

A Akaza Samamiya é conhecida por “Bloody Mary” e embora eu tenha lido um pouco da obra, foi há tanto tempo que nem lembro mais do que se tratava realmente, de forma que “Mr. Mallow Blue” seja praticamente meu primeiro contato com a autora e que grata surpresa! Sempre vi elogios para o mangá e fiquei contente de finalmente poder conhecer.

Aqui, nós temos a história de três personagens: o Aoi, a Sakura e o Minazuki. O Aoi é um homem de 27 anos que sofreu com bullying no Ensino Médio e que por causa do trauma, vive isolado em um pequeno residencial; a Sakura é uma estudante do Ensino Médio que sofre ativamente com o bullying; enquanto que o Minazuki é um rapaz que tem um problema misterioso de não conseguir fazer a distinção do rosto das pessoas, vendo a todos com uma máscara (daquelas de teatro). A vida dessas três pessoas vai se cruzar quando, depois de um gatilho, o Aoi tenta se suicidar e a Sakura, ao mesmo tempo, faz o mesmo, resultando com que o Aoi vá para o corpo da Sakura e ela, o dele. O Minazuki presencia a tentativa da Sakura e é ele que primeiro interage com a Aoi, agora no corpo da colega. O que é mais estranho nisso tudo, é que agora, o Minazuki consegue ver o rosto da Sakura normalmente.

* Este mundo não dá nenhuma escapatória. Onde quer que eu vá, é tudo igual. Pouco importa quem eu encontre, nada muda. Eu não tenho outra escolha… que sobreviver o melhor que posso.
Sakura… de novo… essa garota parece estar sempre com raiva de mim *

Esse é um trabalho interessante, muuuito bem apresentado e com uma narrativa que prende muitíssimo. A autora explora esse aspecto da mudança de corpos por um prisma de escapismo, como uma possibilidade de mudança da realidade e de fugir dela realmente. Para além disso, por causa dessa mudança, o Aoi vai ser forçado a enfrentar seus demônios do passado ao ter que voltar para um ambiente escolar. Enfim, ótimo mangá! Fiquei triste por não ter os volumes seguintes, mas farei o possível para tê-los no futuro, ainda mais agora que o mangá ‘acabou’ de terminar no Japão. ^^


Les Noces de l’Or et de l’Eau

A Nao Iwamoto ganhou um buzz no ocidente alguns anos atrás com “Kin no Kuni Mizu no Kuni“, graças a adaptação em filme animado pela MADHOUSE. O mangá foi aparecer na França só anos mais tarde, em meados de 2024. O legal desse lançamento na França é que ele teve direito a uma edição especial em formato maior, com hot stamping e todas as páginas coloridas.

Aqui, temos uma romantasia que parte de dois países (A e B) que vivem em disputa e brigas por… nada. Para resolver essas intrigas, Deus diz que o País A deve enviar sua mais bela princesa, enquanto que o País B deve enviar seu rapaz mais inteligente. Porém, nenhum dos dois países está interessado em seguir isso. E isso vai levar os caminhos da Sarah, princesa do País A, e o Naranbayar, o rapaz mais inteligente, a terem seus caminhos cruzados, ainda que não saibam que eram os preteridos a se casar.

… Se eu pudesse ter feito ontem durar nem que fosse só um pouquinho mais, eu poderia ter enfrentado tudo sem medo de sofrer… Era… tudo que… eu queria… *

É um mangá bem divertido, bonito visualmente, e páginas (principalmente na segunda metade) que dá para ver que a autora estava particularmente inspirada, fazendo composições deslumbrantes! Meu maior problema com a obra é que ela poderia ser um pouco maior (2 volumes) para a autora conseguir explorar alguns outros aspectos que ela coloca no mangá. Apesar disso, está longe de ser ruim! Recomendo a leitura. ^^


Vou me apaixonar por você mesmo assim #9

Se os volumes #7 e, em especial, o #8, foram bons, com grandes movimentações na trama e revelações legais, apresentando bons desenvolvimentos, o 9º volume da série foi bem mais “parado” e “calmo”. Ao lê-lo, senti como se ele fosse um volume meio que de transição para algo. Diz-se que o mangá não deve demorar mais para terminar no Japão (está em andamento com 12 volumes). Creio que a partir do décimo volume da série, teremos a série começando a caminhar para seu ato final.

Falando mais do volume especificamente, no primeiro bloco tivemos os primeiros passos de relacionamento entre a Mizuho e o Kizuki. A Mizuho ainda tem dificuldade em lidar com a presença do garoto. Ainda mais agora que são namorados, ela não sabe bem como agir e se comportar, o que fazer e o que não, e sempre está hesitando em dar um passo adiante, ainda que por uma coisa simples, como dar um presente de Dia dos Namorados. Apesar de não gostar dos dois como casal, eu sigo não vendo eles como um casal no futuro e acho um casal “menos temperado”, tem momentos bonitinhos deles e com a Mizuho entendendo que tudo bem não saber tudo. As coisas caminham e se constroem juntos e no fim das contas, e é isso que importa. ^^

Outro momento bonito e que merece destaque é após o discurso de formatura dos terceiranistas, em que todos se reúnem na piscina para escrever mensagens, sejam elas de esperança, de desejos e anseios, de felicitações para os formandos. É um momento bem alegre, bom de interação entre os personagens, seja entre os que compõem o elenco principal da série, como daqueles mais terciários, como o Saitou. Eu gosto da Haruka Mitsui quando compõe esses momentos de interação entre os personagens, e ela brilha fazendo essas situações cotidianas entre amigos.

Na parte final do volume, vamos para o futuro e vemos o Shuugo botando, como diriam os jovens, o pau na mesa e enfrentando o Kizuki pela maneira como ele tratou a Mizuho no passado, sumindo, e agora, reaparece confundindo ela de novo. A discussão deles termina num pequeno acidente, o que os leva ao hospital que o Shin trabalha e mais tarde, o Airu também chega para vê-los e olhe só, temos a reunião de todo o elenco principal depois de tantos anos. O que acho engraçado nesse momento é que enquanto o Kizuki e o Shin estão lá, pela enésima vez, em uma “disputa” porque um não vai deixar a Mizuho, o Shuugo vai lá e toma à frente, no carro, dizendo para a Mizuho olhar para ele, pois ao longo de todos esses anos, quem estava do lado dela, era ele (não mentiu). A ver que tipo de desdobramento a autora vai fazer, estou torcendo para a investida do Shuugo renda frutos, pois como já disse outras vezes, ele é o que melhor se encaixa na ‘frequência’ da personagem.

Acho que comentei no post que fiz sobre os volumes 7 e 8, mas sinto que a autora, aos poucos, vem aumentando cada vez mais os segmentos que se passam no futuro. Sinto que aos poucos que ela quer mostrar mais desses personagens e vamos chegar em um ponto de ficar em 1 para 1 (metade no presente e metade no futuro), principalmente à medida que os conflitos entre os personagens vão se intensificando e a autora vai afunilando a trama. Em breve devemos chegar no ponto de entender o porquê da separação do Kizuki e da Mizuho e o que levou todo mundo a seguir um rumo diferente, se afastando bastante. A ver o que se passa no volume #10. ^^


GANNIBAL – Vila de Canibais #2

Esse segundo volume dá continuidade aos eventos após o ataque que o protagonista sofreu, com a família Goto dizendo que o responsável foi um dos membros da família o responsável, sendo que ele tenta um novo ataque. Muito suspeito e termina na prisão dele, “pondo fim” àquela história. Sabemos, no entanto, que não foi um dos rapazes, mas sim “aquela pessoa” que atacou o Daigo.

Nesse volume, ainda vemos mais do passado do Daigo, o que levou a ele ter que mudar de local e o que causou o trauma da Mashiro, fazendo com que ela parasse de falar. Ocorre que o Daigo sempre foi um policial violento, que perdia o controle muito fácil e de fato abusava da sua posição, coisa que desde muito cedo foi de desagrado da Mashiro, que em uma ocasião, reclama disso na escola diante de colegas e outros pais.

O autor, nesse segmento, tem um Q de explorar a complexidade humana, tanto no comportamento do pedófilo, mas também na maneira como a Mashiro enxergava aquela pessoa, que ela via como alguém que precisava de ajuda, e como o Daigo via o rapaz, mas principalmente pela forma como lidou com aquilo. É um misto de emoções que são postos no mangá que é algo interessante narrativamente.

Nessa época, existia um cara (Tsubasa) nas redondezas que tinha acusações de pedofilia, tendo sido pego por ter molestado uma criança e que, no entanto, estava solto. Ele diz ser apaixonado pela Mashiro e tenta se manter próximo dela, o que claro, desperta a preocupações do Daigo e da Yuki, e é o que leva o Daigo a ameaçar o Tsubasa, dizendo que se o ver próximo da filha dele de novo, não importa o motivo, iria matar ele. O que ocorre é que, no dia seguinte, o Daigo vai para uma operação que buscava prender o Tsubasa e a Mashiro vai até o rapaz, ficando os dois no mesmo apartamento. O resultado: Daigo perde o controle, espanca o Tsubasa na frente da filha e depois, depois de um movimento desesperado do Tsubasa, o Daigo o mata com um tiro no rosto.

O fato consumado é que depois da morte do Tsubasa, a Mashiro nunca mais foi a mesma, vivendo sem conseguir falar e de forma totalmente apática. Porém, por algum motivo, isso começa a mudar na vila Kuge, o que motiva os protagonistas a tentarem viver de forma tranquila naquela cidade (o que obviamente, não vai dar certo, rs).

O que me deixa sempre surpreso (positivamente) lendo “GANNIBAL” é que o simples sinal da presença “daquela pessoa”, me deixa tenso. É um feito e tanto, porque uma coisa é reagir assim na série, quando a figura “daquela pessoa” é mais palpável e se soma com a trilha sonora (tem uma OST da série que ela sozinho já me deixa arrepiado), coisa que inexiste no mangá, e é realmente bom o trabalho do autor na construção das cenas e de todo o ambiente do mangá.

Esse volume é bem focado no aspecto de contextualização do passado dos personagens centrais, mas o final dele deixa um ótimo gancho para o 3º volume. O autor segue mantendo aquela sensação de mal-estar e desconforto ao ler, que é uma delícia. É uma narrativa que me deixa bem apreensivo e, ao mesmo tempo, com muita vontade de ler o volume seguinte (e felizmente, tenho o terceiro aqui).

Para quem ainda não conhece a obra, tem resenha do volume #1 no blog. E para quem não quer ir no mangá, tem a série (em 2 temporadas) no Disney+.


Goodnight, I love you… #1 e #2

A John Tarachine é uma autora que aprecio muitíssimo! O primeiro contato que tive com ela foi com “Umi ga Hashiru Endroll“, shoujo que é seu trabalho atual e não teve jeito, precisei ir atrás dos demais trabalhos da autora que tinham saído na França: “Azami no Shiro no Majo” (que saiu no Brasil pela Mythos como “A Feiticeira do Castelo”) e “Goodnight, I love you…“, que por sinal, foi o primeiro mangá Shoujosei dela e o primeiro a sair na França.

O mangá é sobre um garoto, o Ozora Endo, que tem 20 anos e acabou de perder a mãe em decorrência de um câncer. O Ozora viveu junto de sua mãe, sendo ela a única família que ele verdadeiramente considerava, isso porque seu pai saiu de casa quando ainda era uma criança, ao ponto de sequer se lembrar como era o rosto dele, e seu irmão mais velho foi embora alguns anos mais tarde, sem que ele soubesse os motivos por de trás disso… Ele cresceu apegado a sua mãe e sofreu com a sua partida, especialmente porque foi uma morte um tanto repentina, pois ela descobriu o câncer em estágio avançado, quando lhe restava pouco tempo de vida. Com a mãe sendo sua única família e ponto de apoio que ele possuía, ele se vê completamente perdido e até mesmo sem rumo e a partir de cartas que sua mãe deixou, parte em uma viagem pela Europa para que ele visite amigos dela. Isso é um grande pretexto da mãe para que ele saia e conheça novos lugares e pessoas, descobrindo a si e outras formas de se pensar e viver.

É um mangá lindo, narrativamente e visualmente! O Ozora é um fofo, um amor de personagem! Ele é doce, com um ar de inocência, de alguém que realmente não sabe o que fazer, como fazer e diversas vezes, o que pensar e como agir diante de certas situações, precisando sempre de um empurrãozinho. E quem primeiro vai dar esses empurrões é o Daichi, o irmão mais velho do Ozora. E além de empurrões, esse vai ser o primeiro personagem que o Ozora vai resolver suas pendências nos primeiros pontos da (grande) viagem. Como o Daichi também saiu de casa alguns anos depois do pai deles, o Ozora nunca entendeu o porquê daquilo e sempre sentiu que, assim como o pai, o irmão também o estava abandonando. O segundo personagem, sem grandes surpresas, vai ser o pai, que nesses 2 primeiros volumes, não aparece muito, mas que começará a ter uma relevância maior a partir do 3º volume (são 4 no total).

Um outro aspecto legal desse começo é que o Daichi é gay e saiu de casa, porque não sabia onde se encaixava, qual era o seu lugar e foi justamente buscar se entender e encontrar a felicidade. Como o Ozora era novo, ele não conseguia entender perfeitamente as razões que levaram o irmão a sair, soando como se ele apenas o tivesse abandonado (mesmo tendo prometido que não o faria). E como ele não sabia da sexualidade do irmão, é um choque para o Ozora descobrir que o irmão não só é gay, como já é até casado. Ele quer se convencer de que não é homofóbico, quando claramente está sendo, mas não pura e exclusivamente pelo horror a dois homens juntos, mas um misto com raiva pelo irmão nunca ter comentado nada e mais do que isso, ter ido embora o deixando sozinho com a mãe para viver uma vida feliz e tranquila com outra pessoa, longe de onde estavam e sem entrar em contato (ou ao menos é o que ele acredita). É depois de uma discussão terrível entre os dois que o Ozora vai refletir sobre o que ele disse e pensar no irmão, sobre qual estado de espírito ele estava para sair de casa e ir para outro lugar e nesse ponto, que é sempre aquela coisa quando se é LGBTQIA+ (ou está sujeito à bullying/violência): implodir, praticar bullying com outros para desviar atenção ou ‘se rebelar’, que foi o que o Daichi fez. A expressão de yankee era uma manifestação disso.

Destaco também que uma das razões do Ozora ser um personagem tão rico, é pela forma como a autora molda o personagem: por vezes, ele age de forma imatura e egoísta, passando o que ele sente na frente e não levando em consideração que outros também podem estar sofrendo. A John Tarachine faz um trabalho ótimo com o personagem, que é contraditório e às vezes, controverso, como um sinal desse estado de transição e de não saber o que fazer, mas que também está disposto a mudar e aprender. Em diversas ocasiões ao longo dos volumes, ele começa pensando de uma forma e muda, acha que é X e vê que é Y, briga, fica com raiva, discute, percebe equívocos, se convence sobre suas concepções e assim por diante. É um personagem rico e é uma experiência bacana de acompanhar esse vai e vem do personagem conforme segue viagem nos diferentes países que visita.

A autora também é condescendente com os outros personagens que cruzam o caminho dele. Alguns passam por dificuldades, por momentos difíceis, nem tudo tem uma solução prática, rápida ou fácil. Às vezes sequer vai encontrar solução, porque parte da obra também quer conversar que nem tudo vai ser resolvido e faz parte da vida. Nem tudo é sobre vitórias, mas também nem tudo vai ser sobre derrotas. Por vezes, fica pelo meio do caminho. Ficamos alegres, tristes, sem saber o que fazer, mas o importante é seguir em frente (ou pelo menos tentar).

O mangá foi publicado na Comic it da editora ASCII Media Works. No começo, a revista era impressa, mas não demorou para a editora cancelar a publicação dela (pouco mais de 20 edições) e passou a ser mais um selo, com publicações digitais bem esporádicas. Acho criminoso o que fizeram, pois lá saíram trabalhos interessantes, com propostas variadas e que exploravam diferentes assuntos. No blog, falei de algumas obras da revista: “Hisohiso -silent voice-“, da Youko Fujitani, bem como “Tsukuritai Onna to Tabetai Onna“, da Sakaomi Yuzaki. Em novembro, sai texto de recomendação de “Goodnight, I love you…” no blog (comentando mais profundamente o mangá), sendo o terceiro trabalho da revista que comentaremos por aqui e posso garantir que haverá ao menos mais um mangá de lá que iremos recomendar futuramente. ^^

Com isso, falta apenas “A Feiticeira do Castelo” para eu conhecer (entre os mangás Shoujoseis da autora) e, inclusive, não deve demorar muito para eu ler e comentar aqui no blog… talvez, muito em breve…


BOYS OF THE DEAD

BOYS OF THE DEAD” foi a minha última leitura de setembro. Ele é uma coletânea BL com 3 histórias no total. Foi o primeiro trabalho da autora, a Tomita Douji a ganhar volume impresso no Japão e nessas histórias, ela explora e dialoga sobre relacionamentos doentes. Ou seja, são relacionamentos que não são saudáveis, funcionais ou mesmo, que não tem futuro. Ela conta essas histórias no meio de um apocalipse zumbi, o que torna tudo mais interessante, já que esses zumbis são, por si só, doentes. A contaminação, nesse caso, seria a manifestação desses relacionamentos complexos. É um trabalho legal e interessante. Por ser histórias curtas, não consigo falar mais do que a sinopse deles e alguns dos aspectos que mais gosto na história.

Recomendo a leitura do post. ^^


Demorou bastante, mas pelo menos o texto de Leituras do mês está saindo no mês certo, rs. Nos vemos em algum momento de novembro para comentar as leituras que fiz em outubro. ^^

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