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Josei de fantasia? Temos também!

Olá pessoal, cá estamos para o texto de apresentação do mangá de Setembro de 2024 e dessa vez, bem aos 45 do segundo tempo. Acabei me embanando para escrever o texto, por conta do fim do semestre na universidade e quando finalmente achei que teria tempo, quando entrei de férias, fiquei doente, atrasando (ainda mais) tudo. Enfim, o texto da vez é sobre “Hoshi Furu Oukoku no Nina” e a obra foi escolhida para este mês em específico pois a adaptação em anime estreia na Temporada de Outono, em 10 de Outubro, então é a oportunidade mais que perfeita para falar desta obra que é um Josei de fantasia.

“Hoshi Furu Oukoku no Nina” (星降る王国のニナ) é um mangá escrito e ilustrado pela Rikachi. A obra começou a ser publicada em Outubro de 2019 na revista BE LOVE, da editora Kodansha. A obra está em andamento no Japão com 14 volumes, sendo que o 14º foi lançado em meados de Setembro no Japão. Em 2022, a obra foi vencedora do Kodansha Manga Awards, na categoria de “Melhor Shoujo” (não há categoria para Josei na competição). O mangá já está na reta final, então deve demorar muito para que seja devidamente finalizado no Japão. E da última vez que foi atualizado (quando saiu o volume 12), o total de cópias da série era de 1.5 milhão de cópias em circulação no Japão, uma média de 125 mil cópias por volume.

Capa japonesa do volume #14 de “Hoshi Furu Oukoku no Nina”
Capa de Janeiro/2024 da BE LOVE com “Nina” em destaque

Para falar do mangá, estarei usando como base, o primeiro volume da edição francesa, lançado pela Michel Lafon.


Bem, “Nina du Royaume aux étoiles” conta a história da Nina, que até 5 anos atrás, levava uma vida relativamente tranquila e feliz com seus pais, até o dia que uma praga surgiu e dizimou grande parte da população de Fortuna (o país onde a história começa), incluindo seus pais. Anos depois, no presente, a Nina vive como órfã nas ruas, junto de outros dois garotos também órfãos, precisando roubar comida e dinheiro de pessoas ricas da região para conseguirem sobreviver. A Nina tem uma característica rara e muito única, que são seus olhos azuis, em um tom muito intenso e profundo, o que chama muita atenção e que por conta das condições em que vive, precisa esconder ao máximo para não chamar atenção de traficantes de escravos.

Do outro lado, porém, temos o segundo príncipe herdeiro do reino de Fortuna, o Azure Seth Fortuna, que está em uma situação muito complicada, isso porque a princesa Alisha, que iria se casar com o príncipe herdeiro do grande reino de Galgada, sofreu um acidente e morreu. Alisha era uma princesa sacerdotisa e muito reclusa, então em geral, as pessoas não lembram muito da sua aparência, sendo o seu traço mais marca, os olhos azuis e é aí que a Nina entra na história. O Azure ouve uma história de que haveria uma garota órfã vivendo nas ruas da região mais pobre do país que teria olhos azuis, ela então vai ao encontro dela e depois de uma visita nem um pouco amigável, ele a leva para o reino. A partir dali, a Nina teria que “morrer”, para passar a ser Alisha, aprendendo modos, costumes e a etiqueta do reino, tudo para substituir a princesa sem que ninguém descubra esse segredo, já que não só a vida dela está em risco, como a do próprio Azure está em jogo (a cabeça dele, melhor dizendo, rs).

– Realmente, eles são mesmo azuis.
*Ele tem olhos dourados… estes são olhos… de monstro.*
– Você deve morrer hoje. Porque agora… você é uma princesa.

Apesar de ser uma sinopse relativamente longa, isso tudo, na verdade, é conteúdo de menos de um capítulo e o que acompanhamos no restante do volume 1 é o começo dos desdobramentos disso tudo, porque para além da mentira inicial, é preciso manter tudo nas aparências, então vestem a Nina com roupas nobres, colocam uma peruca nela para disfarçar a aparência física, ela passa a ter aulas de etiqueta, não só de comportamento, mas também de oratória… contudo, ela é o tipo de personagem que não é passiva com o que acontece a sua volta e, na verdade, é um personagem que não dá para chamar de “espírito livre”, não é essa a definição (ou pelo menos, não a mais apropriada), mas é mais como se ela tivesse um senso de explorar. Ela entende a realidade que ela se encontra agora e até se compadece daqueles que estão envolvidos nessa mentira e que correm risco de vida, no entanto, ela também não fica exatamente quieta quando se trata de certos assuntos e especialmente, quando eles envolvem o Azure, que ela vê como se fosse um algoz a essa altura da história – e ela não está tão errada assim. Mas é nesse esquema meio intransigente, tanto dela como dele, que de alguma maneira, eles vão encontrando um meio termo e um ponto de discussão, conciliação e negociação.

– Nobre ou não, eu não ligo! Eu te digo que é você quem precisa de mim!
*Eu não tenho mais nada a perder… então você não me assusta!*
– … Você pretende fazer o que com o cabo da espada?
– Ah!

Boa parte do volume 1, senão, todo ele, a autora o utiliza para nos apresentar e ambientar o cenário da família real, do palácio e daqueles que habitam nele, bem como também algumas intrigas que começam a correr nos bastidores e que certamente vão virar grandes conflitos políticos no decorrer da história. O casamento arranjado entre o príncipe herdeiro de Galgada e a Alisha será em pouco mais de 1 mês, então ela só precisaria manter a farsa dentro do castelo durante esse período e no novo país, ninguém saberia como ela é mesmo, então estaria tudo certo. O que acompanhamos no primeiro ato do volume, é o desafio é conseguir passar por uma audiência com o rei e a rainha, pais da Alisha (ou pelo menos o rei é), sem que nada saia do controle e a Nina não seja descoberta.

Aqui entra em cena a rainha, que é uma personagem bem interessante, porque ela é meio maldita nas ações dela, o que torna a personagem uma figura instigante, digamos assim, no volume. Ela está sempre muito desconfiada, principalmente quando se trata do Azure, que é uma pessoa que ela tem uma rixa, um Q de detestar ele, portanto, está frequentemente testando e pondo a prova (ou mesmo, em risco) as habilidades dele, fazendo ele se sujeitar a caprichos dela. Tem uma certa rivalidade na relação dela com o Azure e com o filho dela, o Muhulum e que será o futuro rei de Furtuna, mas também não é como se o Azure odiasse a rainha, tem uma nuance entre esses dois que é bem interessante. Não deve ser o foco, porque pelo rumo e pela forma como as coisas caminham, eu imagino que esse cenário do mangá deve mudar, especialmente por causa do âmbito político da coisa.

– O… que… que é…
– Aqui está seu leque… madame.

A Nina é muito impulsiva, então não aguenta ver certas injustiças, mesmo quando se trata do Azure, como quando a rainha fala para ele buscar o leque dela que caiu na fonte/chafariz e a Nina pula na água – molhando a rainha – e afrontando a ordem dela e é esse ar de impulsividade que torna a personagem interessante. Essa vontade de explorar e entender as coisas vai mover a personagem a se cruzar com o Muhulum, o príncipe herdeiro, que é uma criança meio chata (como quase todo personagem criança), mas que vai desenvolvendo um laço e uma afetividade com a Nina (que ele pensa ser a Alisha) que é muito bacana e bonitinho de ver, tanto que no fim, já estava achando o personagem bem fofinho no seu modo de agir.

O outro e último grande aspecto importante tratado nesse começo da história é sobre as ações e desconfianças que correm nos bastidores quanto à Alisha. Sem entrar em muitos detalhes, mas duas coisas importantes: esse casamento é tão importante porque Galgada é um reino muito grande e muito importante, e sem esse casamento, os dois reinos entrariam em uma guerra; e a outra coisa é que há setores desconfiando quanto a veracidade dessa Alisha presente e começaram a investigar o que há por de traz disso tudo. Algo que me surpreendeu foi em questão de violência, tem cenas de ação e de morte em um dado momento, coisa que eu não estava esperando, mas que faz total sentido dentro do contexto que foi apresentado, o que me deixa muito curioso para que tipo de desdobramento a autora irá fazer a partir dos próximos volumes ^^

– Nina. Quando nós estivermos sozinhos, eu te chamarei pelo seu nome.
*Um desejo…*

Falando um pouco da autora agora, a Rikachi tem uma longa carreira no mangá feminino, tendo a iniciado em meados dos anos 2000. Suas primeiras obras foram publicadas na revista Zettai Renai Sweet, da editora Kasakura Shuppansha, uma revista de mangás Josei principalmente eróticos. O primeiro trabalho da autora que gostaríamos de destacar é “Sorairo Girlfriend“, o primeiro Yuri da autora que ela publicou em 2009 na Comic Yuri-Hime (Ichijinsha) e que anos mais tarde, em 2011, recebeu uma side story, também em volume único, intitulada “Ibara no Namida“. E é a partir de 2010 que a Rikachi começa um período de intensa atividade, algumas das principais obras desse período são: “Meiji Hiiro Kitan“, publicado entre Março de 2011 e Julho de 2014 na revista BE LOVE (Kodansha) e completo em 13 volumes; em 2014 ela começa “Meiji Melancholia“, uma sequência de “Meiji Hiiro” publicada na BE LOVE até Agosto de 2014 e Abril de 2017 e completa em 11 volumes; entre 2013 e 2014 ela publica “Koori no Joou“, um Shoujo de 2 volumes na Bessatsu Friend (Kodansha); ainda em 2013 é lançado pela BE LOVE, o volume único “Ou-sama to Watashi“; e em 2015, ela faz sua estreia no mangá Seinen com “Yojouhan no Futsumashi“, de 3 volumes e publicado na revista Go Go Bunch, da editora Shinchosha. 2017 ela começa a sua série anterior a “Nina”: “Shouwa Fanfare” foi publicado entre Junho de 2017 e Junho de 2019 na revista BE LOVE e foi concluído com 7 volumes. De 2019 para cá, a autora está publicando “Hoshi Furu Oukoku no Nina“, também na BE LOVE.

Na primeira coluna: “Sorairo Girlfriend“, “Meiji Hiiro Kitan” #1 e “Meiji Melancholia“.#1
Na segunda coluna: “Koori no Joou” #1, “Yojouhan no Futsumashi” #1 e “Shouwa Fanfare” #1

Vale notar que quando ela não estava desenhando trabalhos eróticos, as obras da autora frequentemente tratam ou se passam em cenários históricos e trazem elementos fantásticos, sendo até algo que ela comenta no posfácio do volume 1 de “Nina”, que no processo criativo, ela comentou com suas editoras que gostaria de desenhar algo que se passasse no mundo contemporâneo, mas acabou que voltou ao cenário fantástico, em um país fictício.


“Nina du Royaume aux étoiles” ou “Hoshi Furu Oukoku no Nina” é um Josei de fantasia muito interessante, com aquele clima de intrigas políticas que vai ir escalonando e acumulando até o ponto de (provavelmente) sair do controle. “Nina” tem uma história até bem tradicional a certa altura, pela mocinha que é sequestrada e faz um acordo com o protagonista masculino que é rígido mas óh, ele tem um lado gentil e se comporta de um jeito diferente quando se trata dela. São arquétipos que são melodramáticos e eu amo demais! Por fim, vale dizer, essa história é um triângulo amoroso. O personagem masculino que forma a outra ponta desse triângulo ainda não foi introduzido, mas já deixo salientado aqui, para quem não gosta desse tipo de obra ou história. No demais, vale a pena ficar de olho, seja no anime (que não sabemos se será bom), mas principalmente no mangá ^^

Gosto muito dos designs da autora. São limpos, polidos e muito bonitos!

Abaixo eu deixo o link de um vídeo mostrando a edição francesa do mangá em detalhes e em sequência, a lista dos outros textos de apresentação que já fizemos aqui no blog ^^

O Muhulum até que é fofinho…

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