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O novo grande sucesso de Anashin!

Chegamos em julho e cá estou eu para mais um texto de apresentação no blog (o 32º)! Dessa vez, a obra escolhida é “Unmei no Hito ni Deau Hanashi”, um mangá muito popular e um dos grandes sucessos atuais da revista Dessert. Em maio, eu comentei “Uruwashi no Yoi no Tsuki” (publicado aqui como “Sob a Luz da Lua“) e lá me perguntava se valia a pena comentar essas obras, pois elas são consolidadas no meio da demografia feminina (“Uruwashi”, por exemplo, terá anime ano que vem), até bem conhecidas e ambas com licença no Brasil. Porém, também penso que, mesmo sendo mais conhecidas, ainda é uma bolha e sempre pode ser o momento de apresentar para alguém. De toda forma, entre esses sucessos atuais, “Como Conheci a Minha Alma Gêmea” talvez seja o último que terá post de apresentação no blog, isso porquê, “Museru Kurai wo Ageru“, da Keiko Iwashita, (licenciado no Brasil pela MPEG) eu não tenho edição para comentar (sai na França em setembro) e “Koiseyo Mayakashi Tenshi-domo“, da Coco Uzuki, ainda não deu as caras na França. O restante da onda de sucessos (Hananoi-kun e Um sinal de afeto, já escrevi e recomendei aqui no blog. ^^.

Como Conheci a Minha Alma Gêmea” é um mangá escrito e ilustrado pela Anashin. O mangá é publicado desde Abril de 2021 na revista Dessert (Kodansha) sob o título “Unmei no Hito ni Deau Hanashi” (運命の人に出会う話). A obra conta com 7 volumes publicados (o 7º foi lançado em junho) e ultrapassou a marca de 2 milhões de cópias em circulação no Japão! O mangá foi indicado no 49º ‘Kodansha Manga Awards’ na categoria de ‘Melhor Shoujo’ em 2025, além de ter vencido o prêmio ‘Digital Comic Awards 2025’ na categoria de ‘Mangá Feminino’.

No Brasil, a série foi anunciada pela Panini no final de setembro de 2024, porém ficou meses sem receber qualquer informação, sem mesmo ter entrado em pré-venda. Até que em meados de junho/2025, a Panini divulgou a capa nacional do primeiro volume e lançou a pré-venda do mangá para agosto! Ainda não sabemos se o mangá de fato vai ser lançado em Agosto, porém acho que agora é o momento para comentar da obra no blog, ^^. Na França, o mangá foi anunciado pela Pika em julho de 2023 com a editora passando a publicar a obra no começo de abril de 2024. Por lá, a editora já publicou 6 dos 7 volumes e é por meio do primeiro volume da edição francesa que iremos falar do mangá no blog!

Capa da edição de Janeiro/2024 da Dessert com “Como Conheci a Minha Alma” em destaque

“Como Conheci a Minha Alma Gêmea” parte da Yuuki, uma garota que deixou sua cidade natal há cerca de um ano, para estabelecer uma nova vida em Tóquio. Sendo uma universitária, sua grande preocupação, para além da correria do semestre, é resolver sua vida amorosa, mas não será exatamente uma tarefa fácil, pois ela não quer encontrar qualquer amor, mas sim sua alma gêmea. Um dia, sua amiga, Sanae, a incentiva que ela vá a uma boate conhecer rapazes e para a Yuuki, que está mais acostumada com romances do que a “prática”, ir em um lugar assim não é fácil. Ao chegar lá ela conhece Iori, um rapaz bonito e, no entanto, uma pessoa de personalidade um tanto desagradável e difícil de aproximar inicialmente. Apesar de uma primeira impressão negativa, não demorará muito para que ambos consigam se aproximar e então, surgir uma amizade (e talvez, algo a mais…).

No primeiro capítulo, temos a Yuuki indo até a boate que ela conhece o Iori e como eu disse, a primeira impressão não é das melhores. Ocorre que ele já estava bêbado e é do tipo que fica completamente sem filtro (inconveniente e meio grosseiro) e dessa forma, a reação da Yuuki é de tentar se afastar, mas a amiga que estava com ela tem a impressão totalmente oposta, achando que os dois, pelas conversas vistas à distância, na verdade estavam se dando bem. Mas passada essa confusão inicial e essa empreitada totalmente frustrada, ao chegar em casa, sua amiga avisa que o Iori quer prestar suas desculpas pela maneira como agiu mais cedo e assim os dois acabam conversando por telefone. Conversando, eles se entendem melhor e a Yuuki comenta que o seu desejo, não é encontrar apenas um namorado, mas sim, encontrar a sua alma gêmea, alguém que a completará e trará um apoio moral.

Algo que gosto nessa apresentação do mangá é que, embora você tenha uma idealização (a alma gêmea) e toda a questão ‘bonita’ e ‘poética que isso possa trazer, a protagonista não apenas espera que essa pessoa caia do céu como um presente, ela está correndo atrás. Embora aquela tenha sido a primeira vez dela indo naquele tipo de ambiente, ela verbaliza que queria sair da zona de conforto, afinal, quais as chances de conhecer alguém se você não faz nada para encontrar esse alguém? E é dessa forma que o Iori entra na história, se propondo a ajudar a Yuuki a encontrar essa pessoa especial para ela (como forma de se desculpar pela maneira que agiu mais cedo), começando a história desses personagens.

– O que eu procuro não é apenas um namorado… mas minha alma gêmea… um homem que será meu apoio moral.

Embora a Yuuki tenha esse objetivo bem firmado na sua mente, ela mesma não sabe definir que tipo de pessoa seria sua alma gêmea, pois ela nem mesmo consegue definir qual seria o tipo de rapaz que gosta, apontando apenas coisas vagas, o que vai tornar a “missão” do Iori deveras… complicada. Apesar disso, a relação amical progride entre os dois e acho legal como o Iori é direto ao ponto, o que rende um humor um pouco ácido para o personagem.

Nessas conversas entre eles, a Yuuki comenta que no colégio, ela chegou a ficar interessada em um garoto e lhe preparava bentôs para ele, que retribuía deixando uma balinha de agradecimento. Tudo parecia ir muito bem, mas no fim das contas, não deu em nada e eles não se falaram mais desde o fim do Ensino Médio. Esse garoto é o Seno, que vai ser uma peça importante nessa história, pois em um novo encontro, conversando com um dos garotos, o Hiro, ele menciona ter amigos no colégio que ela estudava, incluindo o… Seno. Isso reacende nela a ideia de poder reencontrá-lo e, quem sabe, engatar um romance.

O grande porém é que, pelo próprio Hiro, ela fica sabendo que o Seno não comia os bentôs, pelo contrário, os dava para os amigos (incluindo o Hiro) comerem. O Hiro não sabe que a garota que fazia eles era a Yuuki e do lado dela, essa informação a deixa muito chocada e triste. O Iori fica sabendo dessa história e a convida para comer juntos, com eles dois cozinhando. Ele não fala que sabe da situação toda, mas está ali, de forma implícita oferecendo algum apoio emocional naquele momento. É uma cena super bonitinha.

* Eu sou realmente uma inútil… eu fiz tudo sozinha, como uma idiota… *
– Me desculpe…
– Chore o tanto que você quiser… você não fez nada de ruim!

Mais para frente no volume, a Yuuki vai se encontrar com o Seno e a impressão que ele passa é muito diferente da do Ensino Médio: ele era mais fechado e de poucas palavras, porém agora, está mais aberto e sorridente. O que deixa a Yuuki confusa pela maneira como ele se comportava com ela anteriormente. Eles iniciam uma (re)aproximação e o que vemos é que, na verdade, houve um mal entendido na história. De fato, ele não comia os bentôs, mas não porque ele esnobava a Yuuki, o oposto. Ele ficava muito contente com os pratos que ela fazia, mas porque ele não conseguia comer devido a um trauma que passou durante o período do colegial e mesmo agora, as vezes ainda é um pouco difícil dele consumir comida que não seja feita por ele mesmo (ou que ele veja sendo preparada).

A Anashin vem de obras de romance “feel good“, ou seja, aquelas obras suuuuper gostosas de ler, com uma clima muito para cima, com personagens que, em geral, são muito legais em geral. Então mesmo com o Seno parecendo, a princípio, bem mau-caráter, eu tinha em mente que era bem provável que isso não fosse para frente, porque não faz o perfil da autora.

– Isso quer dizer que não é muito tarde para mim!
– O quê?

Embora a autora consiga brincar com esse “vai e vem” do Seno e o saldo do personagem no fim do volume seja positivo até, porém, o que me intriga a essa altura da história é que eu considero que talvez o mangá vá ter o mesmo problema que o começo de “Vou me apaixonar por você mesmo assim“, sendo: eu não consigo enxergar (ou mesmo conceber) que vá existir uma disputa pela Yuuki, daqueles que você ache equilibrada, porque para mim, o cara certo É o Iori. A Anashin construiu ele muito bem: passa maturidade e responsabilidade, além de ser alguém confiável e que a Yuuki consegue conversar com tranquilidade e abertura, o que pelo menos para mim, é o que teria como ideal/meta de relacionamento.

Eu não sei exatamente o que a Anashin vai querer trabalhar com a série, pois o título é justamente falando sobre COMO a personagem conheceu a alma gêmea. Talvez o foco nem seja tanto em uma disputa amorosa, mas sim explorar esse sentimento que a Yuuki pode ter despertado pelo Iori. De qualquer forma, tenho para mim, que ele já levou essa, rs.

– Não realmente… eu não sou próximo dela a esse ponto. Você é livre para interpretar como queira, mas para ser franco… eu não tolerarei de forma alguma… que você a faça sofrer de uma maneira ou de outra.

Fazendo um parênteses aqui: vocês já repararam como há um movimento consistente na Dessert de, aos poucos, ter mais romances com personagens adultos? Historicamente, os mangás da revista são obras leves e romances colegiais, mas de uns anos para cá, tem se tornado frequente a aparição de romances entre personagens adultos (frequentemente, na universidade). Eu não tinha notado isso, mas a minha querida amiga @whelpx_ (Aroma de Mangá) comentou comigo enquanto conversávamos sobre as mudanças na demografia feminina (no Shoujo, em especial). Atualmente na Dessert, além de “Como Conheci Minha Alma Gêmea”, ainda temos “Um sinal de afeto” (Yubisaki to Renren), “Museru Kurai wo Ageru” e mais recentemente, “Isso Anata ga Todome wo Sashite“, da Seto Megumu.

Esse volume #1 é introdutório. A Anashin usa ele para explorar a personalidade de cada personagem e que dinâmicas eles podem vir a ter no decorrer da série. Ao terminar o volume, o que me deixou de impressão é de que preciso ler pelo menos o segundo volume para ter uma conclusão do que achei realmente, pois creio que será a partir do volume #2 que a autora vai mostrar a que veio e o que ela tem para nos contar nessa história. Nesse começo do mangá, temos a protagonista e outros dois pretendentes amorosos: o Iori e o Seno. Conhecendo a autora, diria que ainda teremos pelo menos mais um personagem masculino entrando nessa história para ter interesse na Yuki. Se você não gosta desse estilo de obra (triângulos ou quadrados amorosos), esse provavelmente não vai ser o melhor mangá para você ler. De toda forma, foi uma leitura bem gostosinha para quem gosta de um bom romance e bem competente!


Falando da autora, a Anashin, cujo pseudônimo é derivado do nome de seus três gatos: Ann, Nana e Shin, é uma autora que se consolidou fortemente no Japão e com pouco tempo de carreira. Ela estreou profissionalmente na Dessert 20 em fevereiro de 2010, tendo sua irmã como assistente. Após sua estreia, ela permaneceu publicando seus trabalhos na Dessert, tendo lançado obras curtas como “Yumekoi” (volume único) em 2011, “Akuma de Koi Shiyou” (volume único) em 2012 e “Hiren Trip” (dois volumes), em 2013. E em 2014 que ela lança sua primeira série longa: “Harumatsu Bokura“. O mangá foi publicado entre Fevereiro de 2014 e março de 2020, sendo concluído em 14 volumes. O mangá recebeu adaptação para filme live-action em 2018 e acumulou mais 4.7 milhões de cópias em circulação no Japão. “Harumatsu” foi o mangá que consagrou a autora como uma das grandes autoras da Dessert! Em 2016, foi lançado “3 + 1“, um volume único que compila algumas histórias curtas da autora. E a partir de 2021, ela começa a publicar “Como Conheci a Minha Alma Gêmea”, possuindo já 2 milhões de cópias com apenas 7 volumes (ela caminha para repetir o mesmo efeito de sucesso de sua obra anterior, porém com ainda mais projeção e visibilidade no ocidente ^^).

Capas japonesas de: “Yumekoi“, “Akuma de Koi Shiyou”, “Hiren Trip” #1, “Harumatsu Bokura” #1 e “3 + 1

Eu gosto bastante da Anashin. Li “Harumatsu” (não inteiro) por volta de 2018, quando eu ainda estava começando a me aventurar pelo mundo dos mangás e nem tinha completamente formado o que eram demografias e muito menos o que é a demografia feminina. Rever a autora após esses anos e ver uma evolução dela e do seu talento me deixa muito feliz! Do nosso lado, esperamos que a Panini comece a publicar o mangá em agosto mesmo (iremos avisando via redes sociais) e nos vemos nos próximos meses para os próximos posts de apresentação aqui no blog (em agosto, para um Josei de fantasia ^^)! Como sempre, logo abaixo, um vídeo mostrando a edição francesa do mangá e em sequência e a lista com todas as obras que já recomendamos nessa coluna do blog!

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